sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

39ª Meia da Nazaré ou Cadê o pires??

(com o atraso que já se tornou imagem de marca deste Blog, publico hoje a história da minha participação na última edição da Meia Maratona da Nazaré, a 39º, que aconteceu no passado dia 11 de Novembro)



Desta vez atrasei-me! Levantei-me 45' depois do que tinha planeado, pelo que a habitual e (muito) calma rotina das manhãs de festa - leia-se corrida, foi alterada.

Com um relativo stress, cheguei à Nazaré às 08:10hrs. A partir daí e uma vez recuperado o tempo perdido, retomei aquela que nos últimos 3 anos tem sido a sequência normal das minhas visitas às Mães.

Iniciei a 1ª fase do dia: "As Apresentações" e desci a rua para ir cumprimentar o mar. Imenso, selvagem e sempre agitado, lá estava ele, sempre no mesmo local mas sempre diferente. Dei um pequeno passeio na marginal e disse para com os meus botões: "estou cá outra vez!!"




Cheguei ao largo onde passado um par de horas, milhares de almas terminariam outros tanto milhares de desafios, todos eles particulares. Subi em direcção à 2ª etapa da visita: A pastelaria Arcádia.


E lá a encontrei, discreta como a conheci em 2010, quando pela 1ª vez tive a sorte de ali entrar. Meia dúzia de mesas, 2 ocupadas e dentro do balcão a azáfama das 2 empregadas a arrumar tabuleiros trazidos directamente da fábrica. " Um pão de deus e um café escaldado ", foi o pedido de pronto atendido e seguiram-se breves momentos de prazer e pura gula! Foi mesmo um momento breve, porque logo logo acabou e vi-me a lamber os dedos, envergonhado. Arranco para a 3ª etapa.

São quase 08:30 e dirijo-me rua acima, ao pavilhão para levantamento dos dorsais. Aqui, sem história para além de estar a entrar novamente naquele velho pavilhão, mesmo a cheirar a bafio, obtenho o tão desejado dorsal, este ano o nº 399. Aqui concluiu a 1ª fase e dirijo-me em passo forçado para o carro, para arrancar para a 2ª.

Prendo o dorsal na t-shirt que irei usar na prova e junto o chip de modo a não me esquecer de nada dali a 2horas. Dispo o fato de treino, pego numa garrafa de água e arranco para a 2ª fase do programa: "O Aquecimento". Este ano, lembrei-me de variar uma vez mais o percurso e escolhi o Norte, como destino para o aquecimento. O plano era começar por visitar a 'vedeta' Praia Norte, se possível ver reflexos do 'canhão', se possível cumprimentar mesmo que de longe o Garrett e depois seguir sempre paralelo à costa, para Norte, em local que pelo Google Earth me pareceu bom.

O começo é sempre a subir, até às imediações do Sítio. Encontrei a Praia Norte, mas foi só isso. Se há 'canhão' ainda estaria a dormir e a dormir estaria, muito possivelmente, o Garrett, porque a praia essa estava completamente deserta de vedetas e ondas.

Não que não merecesse, como mereceu, o registo para memória futura e claro, partilhar convosco mais umas imagens bonitas daquele local.




Para norte uma série de dunas, que sigo maravilhado com a beleza e qualidade do local em termos de piso e paisagem. Passados alguns kms no entanto, começo a sentir reflexos da exigência de correr em areia solta. Ando no meio de pinhal com muita areia e caruma. Subo para oeste à procura de piso mais rijo e começo a encontrar estradão em terra, que atravessa o Parque Aeólico de Nª Senhora da Vitória.





Ando mais algum tempo e por volta da 1ª hora de viagem decido começar o retorno à vila. Corro agora numa ciclovia em direcção à Nazaré e cruzo-me com alguns ciclistas de fim de semana.



Chego à vila pouco depois das 10:30. Andei cerca de 01:20hrs e estava vencido e convencido com este novo trajecto agora descoberto, mas sentia as pernas algo pesadas. É sem dúvida uma zona excelente para correr. Quem me dera ter algo assim perto de mim. Terreno acidentado q.b., mole e com um cenário 6*.

Aqui fica, para os mais interessados e curiosos, o 'aquecimento' a que chamei de 'Praia Norte':

Calmamente hidratei-me, comi fruta, mudei de roupa e em 15' estava pronto para a 3ª fase do dia: "A prova". Peguei numa mão cheia de figos e comecei a descer a rua, que me levou até à marginal e à zona da partida.

Faltam cerca de 5' para a dita, apenas o tempo necessário para acabar os figos e apertar os sapatos.

Por toda aquela zona ecoa a aparelhagem sonora e barulhenta com o chamado animador a falar e a insistir na incontornável onda. Lá à frente este ano a nossa Rosa Mota está acompanhada pelo Garrett. Tem que se aceitar porque na realidade o homem até tem feito um serviço à Vila da Nazaré. Poucos instantes depois dá-se a partida para mais uma Meia da Nazaré.

É mais um ano para as minhas contas. É mais um ano em que tenho a felicidade de poder alinhar naquele final de pelotão que compacto avança lentamente e lentamente se dispersa pela longa marginal. É a rainha das minhas provas de estrada e estou novamente a participar nela.

Percorro uns 250mts a passo antes de começar a correr em passo pequenino. Gradualmente vou avançando e a conseguir realmente correr.

A volta à Nazaré é sempre animada. O pessoal vai cheio de força e a animação é muita. É a festa!

Quando passo pela meta, com cerca de 4Kms de prova, já vou a sentir as pernas e a sentir que não estão a responder como era desejável para aquela altura. Apesar disso mantenho o ritmo de 5'/Km. Saio da Vila e dá para perceber que as pernas não estão para grandes voos. Mudo para um ritmo mais calmo e 'viável' face às condições em que me sentia e sobretudo, com muito respeito pela 'Mãe'!!

Passo os 10Kms acima dos 52'. Sinto-me com falta de energia.

Os abastecimentos continuam na mesma como sempre na Nazaré, simples. Água e esponjas. Ali não há mimos para ninguém!!

Pouco antes do retorno, cruzo-me com o Fernando Andrade e cumprimento-o. Ele vai bem, sempre no ritmo constante que é o dele. Gostava de o conseguir agarrar mas acho que não vou conseguir!!

Faço o retorno e faltam agora cerca de 8Kms. O vento é agora contra, mas este ano sopra fraco. Curiosamente começo a partir daqui a sentir maior disponibilidade física. Apenas o suficiente para afastar os fantasmas doutras edições passadas há muito, em que os Kms 17/18 cobravam os gastos acima das possibilidades. No abastecimento dos 15Kms sinto-me bem e as pernas parecem aguentar-se.

Segue-se aqui a parte nova do trajecto, que obriga a esforço suplementar para passar um viaduto. Estamos no Km18 e esta é a parte que custa mais, entre os 17 e os 20. Mas sinto-me bem e sinto que é 'apenas' uma questão de gerir e aguentar. Ao longe vislumbra-se já a zona do porto. Passo os 19Kms e ando novamente perto dos 5'/Km. Entro na recta final, na longa recta final, que se revela sempre um osso duro de roer. O piso em mau estado recorda-me a aterragem de há umas semanas atrás na Praça da Figueira e redobro os cuidados no andamento. Passo o abastecimento e os 20 Kms e falta 1Km para a meta. Vou em esforço, mas termino feliz mais uma edição da Meia da Nazaré.

Grande confusão à chegada, para o pessoal tirar o chip, receber o saco e abandonar o local. A distribuição de fruta e água está caótica. O pessoal empurra-se e aparecem os habituais alarves que sempre gostam de açambarcar e alambazar. Aceito uma água, ignoro a fila para a maçã, dou o chip e em troca recebo o habitual saco. Arranco de imediato daquela zona e estaciono junto a um banco, ali no largo, predisposto a fazer os alongamento e a recobrar forças.

Instintivamente enfio a mão no saco. O objectivo é alcançar um dos pontos mais fortes da minha participação na Meia da Nazaré: o habitual pires, com uma imagem alusiva à prova e à edição.

Desilusão!! Não há pires!!

Confesso que foi uma grande desilusão!! A habitual (e sempre gostosa) broa, a habitual (e desinteressante) t-shirt e a habitual (e também) desinteressante medalha estão lá. Mas falta aquilo que é o mais típico. Falta um símbolo da Meia da Nazaré!!

Que raio!! Se há, como se compreende e aceita, escassos meios para levar uma prova destas para a rua, quais as razões de gastar dinheiro em coisas que TODAS as outras provas dão e que o pessoal invariavelmente guarda a apanhar pó e cortar naquilo que é ÚNICO e TÍPICO da prova da Nazaré??

Aquele pires, apesar dos temas lá gravados serem de gosto discutível, era a imagem de marca que eu queria como único prémio para o meu esforço. Aquele Pires estava para a Meia da Nazaré como o Sino em barro está (ou estava) para a Corrida dos Sinos, ou a Medalha em Cortiça está para São Mamede. Não há limitação financeira que justifique isto!!

Tou chateado!!

Fiz cerca de 01:48', o que foi um bom resultado dadas as circunstâncias.

Gostei do processo de inscrição, eficaz! Gostei dos abastecimentos, simples e contidos como sempre.

Não gostei do saco final e da confusão na zona da chegada.

Mas a Nazaré tem um grande crédito, mesmo um crédito ilimitado e aquele ambiente faz esquecer o que de menos bom possa acontecer.

Continuarei a ir à Nazaré. Enquanto conseguir ir, é sinal que estou bem. Não contam os tempos ou outros aspectos organizativos. Conta a ida em si, o chegar, o cumprimentar o mar, o sítio, o passeio na marginal, o bolo na arcádia, o aquecimento e depois a prova em si, que acaba com importância relativa, comparando com tudo o que se passa antes e também depois.

Aqui ficam os números da minha participação na 39ª edição da Meia da Nazaré.

3 comentários:

  1. Alex
    e cá continuarei a deliciar- me com os teus escritos, a visita à terra da mãe também é das que mais gosto.
    Abraço
    "Amigo" António

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  2. Estás a recupera, relato da Meia da Nazaré em Janeiro nada mau :)
    Pois a Mãe é a Mãe mas sem o prato é chato! Felizmente que eu já ando por outras paragens (quando posso).
    Aquele abraço.

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  3. Boa análise, Alex e obrigado pela referência que me é feita. No apontamento que fiz sobre a minha participação, manifestei também o meu desagrado pela falta do pratinho. Para quê aquela medalha de qualidade tão duvidosa? para quê a t-shirt que todas as organizações dão, como bem disseste? O valor destas duas coisas chegaria, de certeza, para manterem a tradição. É nas pequenas coisas, aparentemente insignificantes, que se consegue marcar diferenças significativas. Por isso, amigo Alex, subscrevo o que dizes. Grande abraço.

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