sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

A 4ª semana +

2Dez2014 - Terça - 21:00 - Docas - 21K

Docas.

A coisa esteve tremida, mas à última hora lá consegui e embora tarde, fiz a minha sessão.

Não fui para onde estava planeado ir - EN, mas fui 'apenas' fazer Kms, a rolar.
  • o sinal '+' porque não perdi o treino e o fiz apesar de acabar já bem depois das 23hrs!

04Dez2014 - Quinta- 13:30 - Piscina - 2,5K

Há treinos, como este, em que o corpo responde e até parece que custa menos. Este vale e bem um sinal '+'.

100 piscinas = 2 500 mts = 60'


05Dez2014 - Sexta - 20:30 - Estádio Nacional - 18K

Mais uma noitada de sexta no vale do Jamor.

Fiz o menu quase que completo. Só não fui ao circ nascente porque tem muitas armadilhas.

Mais um directo de casa. Boa sessão.
  • o sinal '+' para uma subida adicional pela Pierre e depois claro, por Linda-a-Pastora até lá acima, com entrada pelas escadas!

07Dez2014 - Domingo - 08:00 - Monsanto - 36K

Sabia que não iria ser fácil e não foi!

Cedinho rumei a Monsanto, para mais um longo. Senti cansaço no final, mas senti-me melhor do que no longo anterior, até Belas.

Aqui custa o início logo a subir, pela Serra de Carnaxide, mas depois de aquecer e chegar a Monsanto a coisa marcha sempre bem.
  • O sinal '+' está na distância e no grau de dificuldade!
  • E já agora mais um sinal '+' pelo aumento de 13% em relação à semana anterior!!



4ª Semana - Saldo

Corrida: 75 Kms
Natação: 2,5 Kms

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A 3ª semana +

25Nov2014 - Terça - 20:00 - Estádio Nacional

Encostas do EN.

Voltei às encostas. Ou pelo menos tentei, para tentar compensar algum fracasso de domingo, com pouco descanso lembram-se?? Mas ... não deu!

Mesmo com frontal a escuridão esconde-me muito chão. Há muitas raízes no circuito nascente e estou sempre a correr a medo e a ver quando será que 'aterro'. A prudência a aconselhar terrenos mais seguros, mas também mais planos que é precisamente aquilo que agora NÃO deveria fazer.
  • o sinal '+' porque mesmo assim fiz 2 horas.
  • + um sinal '+' por ter ido directamente de casa e ter assim colocado à frente, para terminar a sessão, a subida de Linda-a-Pastora que não é 'pêra doce'

27Nov2014 - Quinta- 13:30 - Piscina

A partir da 50ª piscina já parece que custa menos passar o tempo. É muito azulejo para contar e se me distraio lá vem um pirolito!! Este vale e bem um sinal '+'.

100 piscinas = 2 500 mts = 60'


28Nov2014 - Sexta - 19:45 - Estádio Nacional

Vou para esta a pensar no de amanhã. Não há treino no domingo e vou fazer um duplo, hoje e amanhã, separados apenas pelas horas que conseguir dormir.

Por isso hoje foi controladinho, pelo passeio marítimo, até Carcavelos e regresso com todas as subidas que consegui encontrar. Principalmente a das bombas Galp junto ao EN, com + de 1Km e a de Linda-a-Pastora bem exigentes.
  • É pouco mas o único sinal '+' que consigo nesta sessão é mesmo os Kms que fiz e estas subidas no final!

29Nov2014 - Sábado - 07:15 - EN8

Sabia que não iria ser fácil e não foi!

Dia com sol e saída perto das 7. Até Casal de Cambra é essencialmente a subir. O objectivo exigente para esta sessão era fazer Kms e Kms que não fossem muito fáceis e por isso este trajecto juntou o útil ao necessário. O útil era explorar uma alternativa à zona do aqueduto das águas livres, junto à CREL, que é um troço muito complicado na minha viagem a Runa e finalmente fazer isto tudo sempre a correr.

Consegui todos os objectivos menos este último. Andei a passo por um par de vezes em algumas subidas mais exigentes.

  • O sinal '+' limita-se por isso aos 27 Kms a juntar aos 20,5 Kms de ontem, com 6 horas de sono pelo meio.
  • Junto-lhe mais outro sinal '+', pelos 66 Kms semanais



3ª Semana - Saldo

Corrida: 66,5 Kms
Natação: 2,5 Kms





Terminou o mês de Novembro e um sinal '+' adicional para a média de 85,6 Kgs que apurei. A média + baixa do ano, que reflecte um (mínimo de) esforço que tenho feito em controlar (alguns) doces.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A 2ª semana +

18Nov2014 - Terça - 20:30 - Estádio Nacional

Subidas e escadas no EN.

Final de dia de temporal
  • daí o 1º sinal '+'. Por me ter equipado, depois de ir duas vezes à janela na dúvida. Equipei-me e fiz um excelente treino.
  • Mais um sinal '+' pela volta extra na pista de cross, para além do planeado, antes da 2ª parte, mais técnica de sessão: escadas e rampas.
Fiz 5*escadas + 5*rampas.
  • As escadas foram os 130 degraus da escadaria junto aos campos de rugby.
  • As rampas foram os cerca de 400 metros da Pierre de Coubertin, longa e pouco inclinada, como me convém.
Terminei os 19 Kms, com uma sessão de alongamentos, já quase às 23:00 hrs.


20Nov2014 - Quinta- 13:30 - Piscina

É o treino mais complicado da minha semana e por isso o simples facto de o fazer, todo, vale e bem um sinal '+'.

100 piscinas = 2 500 mts = 60'


23Nov2014 - Domingo - 08:15 - Estádio Nacional

As coisas são mesmo assim, às vezes dá outras não! Na sexta-feira foi um desses dias, não deu!!

Ontem foi dia de aniversário lá em casa e hoje levantei-me com 5 horas de sono. Andei positivamente a arrastar-me pelas colinas do Jamor. Sem dormir um mínimo é complicado.

Mesmo assim consegui andar por ali mais de 2 horas, a custo e até tive a sorte de apanhar o circuito por cima do estádio chamado de honra aberto, privilégio que já há muito não tinha.

  • É pouco mas o único sinal '+' que consigo nesta sessão é mesmo tê-la feito!

Não obstante andar por ali cansado e sem força, mas andei e pelo menos não fiquei na cama!

Para a semana há-de correr melhor.


2ª Semana - Saldo

Corrida: 38 Kms
Natação: 2,5 Kms

terça-feira, 18 de novembro de 2014

A 1ª semana +

11Nov2014 - Terça - 20:22 - Estádio Nacional

Voltinhas na Mata do EN.

  • O sinal '+' coloco-o só pelo facto de ter feito este treino depois de ter feito no domingo passado 37 Kms na Nazaré.
  • Coloco-o por ter metido a subida da Pierre de Cobertin e das escadas do rugby.
  • Coloco-o por ter feito +2 Kms, quando ao 10 já só queria era parar.

E já está, o meu 1º treino com sinal '+'!


13Nov2014 - Quinta - 13:30 - Piscina

É o treino mais complicado da minha semana e por isso o simples facto de o fazer, todo, vale e bem um sinal '+'.

100 piscinas = 2 500 mts = 60'


14Nov2014 - Sexta - 21:15 - S. João das Lampas

Foi a VI Edição de mais uma feliz iniciativa do Fernando Andrade.

Mais um treino nocturno com o amigo Fernando Andrade como excelente anfitrião. Como tem sido hábito, a forma com que o Fernando recebe quem vai a São João das Lampas cativa e faz vencer a D. Inércia, em mais uma noite de dilúvio.

Este ano foram mais de 100 a responder afirmativamente ao convite, a habitual boa disposição que ele e o pessoal da organização demonstram, o habitual chá com biscoitos no arranque, a habitual foto de grupo que como é hábito fica cheia de reflexos dos coletes e frontais, as habituais condições atmosféricas bem adversas, a habitual separação do grupo, porque há sempre que prefira correr sózinho e finalmente a habitual sopa, acompanhada por castanhas cozidas. Confesso que repeti a sopa, mas antes perguntei a uma senhora que lá andava se o podia fazer ...

Já me ia esquecendo, tb a habitual lembrança. Mais (+) um sinal do prazer colocado nesta iniciativa por parte do organizador. Uma pequena lanterna alusiva ao evento, que me dará muito jeito nas minhas aventuras.


  • O sinal '+' coloco-o porque este ano decidi chegar-me um pouco à frente no pelotão e abandonar a cauda do mesmo. Atraquei-me a um grupo de 4 jovens, por volta dos 7 Kms, que aos 13 Kms ficou reduzido a 1 elemento, me positivamente me rebocou para fazer um treino mais forte, que não estava nos planos, mas fico contente pela reacção que senti em relação ao mesmo.



  • O sinal '+' coloco-o por ter conseguido correr numa deslocação algo acidental que fiz ao sotavento.
  • Mais (+) outro sinal '+' por ter feito parte do percurso em areia na praia, em maré cheia, em vez de fazer, como planeara, a viagem por estrada. 




Neste regresso a Altura, ao fim de 6 anos, acabei por fazer um treino excelente, num cenário igualmente excelente.



E assim concluí a 1ª semana com muitos sinais '+', rumo aos 60+ da Ericeira.

1ª Semana - Saldo
Corrida: 61 Kms
Natação: 2,5 Kms

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

O pequeno pormenor do sinal '+'!!

O  meu próximo projecto é o "Ericeira Trail Run", mais especificamente o "Ericeira Trail Run 60+"!

Após o AX Trail de Outubro, será a 2ª estreia nesta época, que coloco no meu calendário de eventos.

E porquê o "...60+"??

O 60 entende-se bem, vou à versão dos 60 Kms, ok. Mas o '+' confesso que me levantou algumas dúvidas. Não pelo sinal em si, que conheço há muitos anos e associo naturalmente a somar algo, mas porquê o sinal? Se deu para entender facilmente que seria qualquer coisa a somar aos 60, já os números exactos foram à partida uma incógnita, até porque para mim, depois de fazer 60 Kms, qualquer coisa que venha a mais, representa sempre algo com assinalável importância.

Se fosse "60 -" nem colocaria qualquer questão, nem vos estaria aqui a maçar. "60 -" agrada-me à partida. Mas o '+' tanto pode ser 61, como 69!!

Sabendo eu que em certas circunstâncias levo 15' a percorrer 1 Km e estando definido tempo limite para o Trail 60+ (12 horas), já os meus Amigos entenderão, espero eu, o fundamento da minha cogitação!!

Depois de andar um pouco às voltas no sítio web e fb do evento, lá esclareci que serão de facto 61 971 Kms!! Pronto, está esclarecido e realmente fica mais estético no panfleto ou flyer do evento meter 60+ do que 61 971 Kms!! Também podiam simplesmente meter 60 Kms e os 1 971 metros serão 'peanuts' a exemplo do que se faz por essa parvónia fora.

Fico assim decidido, logo ali, que se a malta da Ribeira d'Ilhas pode ter o '+' deles, também eu posso adoptá-lo, no concreto para caracterizar os treinos que conseguir e souber fazer nestas 5 semanas que me separam do 20 de Dezembro. O meu '+' servirá para traduzir o que eu conseguir de mais (+) valia para os meus treinos, seja do ponto de vista físico, técnico ou até lúdico.

Só para não me ficar atrás dessa malta!!

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O prémio

Corro há cerca de 30 anos e neste longo período de tempo, se bem com diversas interrupções pelas mais diversas razões, ganhei nas corridas apenas 2 prémios.

O 1º, algures em 1986/1987, um 7º classificado num "Grande Prémio do Casal do Marco" (...), ali para a outra margem. Valeu-me 2 discos LP (!!!), de artistas que nem me atrevo a mencionar os nomes.

Depois desse, em 2011, na Meia da Areia da Caparica, organizada pelo Mundo da Corrida, fiquei em 3º lugar no meu escalão. Como é hábito e regra geral depois de correr nunca fico no local, por esta facto só soube do prémio no dia seguinte, porque alguém me deu os parabéns, no então ainda existente Fórum. Se bem que algumas vezes prometido, nunca cheguei a receber esse prémio.

Há algumas semanas, num desafio lançado pelo João Lima no seu blog, convidava os interessados a participar num concurso lançado a propósito da 3ª participação do João na Maratona.

Participei, por graça e por graça ganhei com a resposta mais aproximada à questão: "Quantos participantes terá a Maratona do Porto 2014?", com a resposta 4 001.

Claro que, novamente esquecido do assunto, foi o próprio João que me deu os parabéns alguns dias depois de terminada a sua aventura.

Combinámos tentar um encontro na Nazaré, que se veio a concretizar e no domingo passado lá nos cruzámos junto à chegada. Tive então o prazer de receber mais um prémio, que vai assim para a minha restrita mas valiosa sala de troféus.


Agradeço ao João Lima o prémio, que muita honra e prazer me deu receber, inclusive com direito a foto do momento.


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Visita às Mães - II

E lá fui eu, de visita às Mães.

Mais uma ida à Nazaré.

Tudo dentro do horário. O Alex Jr. a ajudar quando às 05:15 saltou para a minha cama. Foi o sinal. Dei-lhe o lugar, hoje até agradecido por me evitar outros percalços.

Saída às 06:00 em ponto e viagem calma.

A manhã esteve de chuveiros. Apanhei vários. Uns dentro do carro e outros directamente na cabeça!

Chegada às 07:40 e vou à volta já habitual, que começa por cumprimentar o mar.


Estava grande ontem o mar. Na marginal muitas poças e muita areia da praia. Nas portas taipais de  protecção. Sinais mais que prováveis da força das últimas marés. A praia norte deveria estar com excelentes vistas, mas neste domingo já estava de plano traçado para outros rumos.



Concluído o passeio e deixados os respeitos ao mar, rumo em direcção à Arcádia e ao meu momento de abstracção.

Discreta e calma, como gosto dela, lá dentro a habitual azáfama dos inícios de dia, com o deambular entre a cozinha e o balcão, num terrivelmente sugestivo desfile de pedaços de céu à minha frente. Bolos, mais bolos. Tabuleiros carregados deles e eu a babar-me. Se eu pudesse ...


" ... 1 pão de deus e um café escaldado s.f.f."    é o pedido habitual e que se repete com alguma impaciência. Mas o serviço é felizmente rápido e cravo sem complacência os incisivos naquele pedaço que se desfaz na boca, logo de seguida empurrado pelo golo de café, que podia ser delta, mas pronto, também não convém ser esquisito em demasia. Enquanto estou neste momento, os meus olhos cravam-se no tabuleiro dos queques e bolos de arroz. É a perdição! 
"... por favor dê-me um queque ..." peço agora com a voz embargada pela vergonha de ter cedido à gula. 

Saciado parto agora em direcção à Filarmónica, para o habitual compasso de espera pelas 08:30 para obter o dorsal.

É sempre a parte mais chata da manhã, mas prontos, com um pequeno ... atraso lá se abre a porta do velho edifício. Este ano calhou-me o 712.



Tenho que me apressar que as 09:00 estão quase aí. Chip nos sapatos de reserva e dorsal na t-shirt. Estou pronto para o aquecimento. Tenho 2 horas e cerca de 17 Kms de passeio de ida até a Valado dos Frades.

O registo do  'aquecimento'

Já fizera esta versão do meu aquecimento em 2012, que agradara tanto pelos Kms como pelas vistas. Nesses tempos a vinda à Nazaré servia de preparação para a Maratona e daí nascer o 'aquecimento' como forma de prolongar e fazer aqui um treino longo. Depois a Maratona mudou-se para Outubro mas a tradição manteve-se.

O trajecto rodeia o imenso vale, num percurso agradável e calmo. Quase não se vê vivalma e a calma só é interrompida por um tractor que passa para os campos alagados.

Pelo caminho levo com 3 chuveiros, o que aliás não estranho porque a Nazaré no geral e esta volta ao Valado em particular estão associadas a muita chuva.

Esforcei-me por andar sempre junto ou acima dos 6'/Km, que é o meu ritmo de conforto. Mas estava algo preocupado com o facto de não recordar com exactidão a distância da volta e de recear chegar de novo à Nazaré para além das 11 hrs. Por isso a média que no final registei de 05:50"/Km até nem é má de todo.

Para o Valado as vistas são essencialmente campos de cultivo e árvores de fruto. No regresso o cenário passa a ser essencialmente zona de pinhal, o que enche as medidas.

Chego de novo à Nazaré, às 10:40 hrs e estão feitos cerca de 17 Kms, que souberam muito bem.

Dá tempo para tudo e o stress acalma.

Mudar de roupa, tratar dos pés com o reforço da incontornável vaselina, hidratação e calorias q.b.. São 10:55 quando estou de volta em direcção à marginal. Quando passo as cordas que delimitam a zona da partida, o speaker começa a contagem.

Estamos cá!! Pontualidade!! Ufa!!!

Estou na 40ª Edição da prova que foi o meu baptismo nas corridas à altura chamadas de "populares". Foi altura do movimento spiridon e tudo são memórias nesta altura quando me integro no carrossel e recupero o ritmo. Estarão ali, segundo ouvi algumas horas antes, cerca de 1500 participantes.

A volta à vila dá-me o prazer de ver a pequena grande Rosa Mota. Outra senhora. Não enjeito a oportunidade e ando ao seu lado talvez 1 Km. Não é para todos correr ao lado duma verdadeira campeã!!

Aqui e ali os chuveiros continuam, mas está uma bela manhã para correr na Nazaré.

Os abastecimentos são água e esponjas. É o habitual na Nazaré e nem é preciso mais nada, é o essencial.

A ideia principal é gozar o momento, mas é sempre difícil manter ritmos. Tem a ver com o meu feitio. Na Nazaré e na volta à Vila, com tanta gente à volta, ainda é mais difícil. A média que farei andará na casa dos 05:25", o que obviamente é bem acima do que seria desejável, mas de qualquer forma senti-me sempre bem e no retorno obriguei-me a andar com grupos com o ritmo que queria, como forma de não acelerar. Para o fim quis acelerar um pouco e os últimos 3 Kms fi-los a 05:21", 05:16" e 04:40", respectivamente.

O vento sopra contra, depois do retorno. Sinto-me bem e estou em constante controlo de passo. Determino que só depois dos 19 Kms poderei alargar o passo e é o que faço.

A longa marginal, interminável noutros tempos com outros ritmos, pareceu-me menos longa desta vez.

Corto a meta à vontade. Está feita mais uma Meia da Nazaré.

Tiro o chip e recebo o saco final. Ansioso apalpo e apercebo-me que se confirma: esta ano voltou o pratinho, já habitual na Nazaré e que infelizmente foi trocado por uma medalha muito pouco atractiva em 2013.

Faço os alongamentos, como é habitual num banco já fora da zona da meta.

Está terminada a visita à mãe das Meias. Falta agora a 2ª parte, a mais importante, a visita à minha Mãe.

Aí vou eu Mãe.

Até para o ano Nazaré!


O registo da  meia

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Visita às Mães

Aproxima-se mais uma visita às Mães.

Este ano calha a 9 de Novembro.

Para a Mãe, a das Meias Maratonas, o dorsal será o 712.

Para a outra Mãe, a minha, não preciso de me inscrever, tenho acesso VIP!

É tempo de recordações.

Outros tempos, em que me iniciei nisto das corridas, aqui há 30 anos, numa edição em que fui, acompanhado pela minha Mãe, chovia a cântaros e cheguei tarde ... 

Nessa que foi a minha 1ª edição na Nazaré, tinha eu 24 ou 25 aninhos, fiz qualquer coisa a rondar a 01:30 hrs. Nas calmas e quase sem treinos, claro! Com 24 anos quem precisa de treinar?

Foi o início do bichinho das corridas.

Hoje já me estou a preparar. Vou fazer a lista das compras para amanhã. Como sucede desde 2010, a Nazaré é agora apenas prazer de estar. Prazer de ir lá e gozar ao máximo aquelas horas lá. Já não vou para correrias, como outrora.

De véspera vou tirar o fato de treino do roupeiro, que visto 1 vez por ano e apenas para esta visita.

Vou levantar-me (se ouvir o despertador ...) às 05:00hrs, para arrancar às 06:00hrs.

É chegar bem cedinho e dar um passeio na Marginal. Uma ou outra foto ao mar, claro. É a Arcádia, o café e o pão de deus, quentinho a desfazer-se na boca. Gula pura.

Depois é o 'aquecimento'. Este ano voltarei em princípio à volta até ao Valado. Serão 18Kms de passeio. Apenas para pensar e recordar tempos tão bons que ali passei, sem dar por isso. Agora dou por isso e usufruo o que posso e sei usufruir.

Depois é o regressar à vila, minutos antes da Meia começar. Mudar de roupa, comer e beber qualquer coisa, descer a rua e entrar no carrossel.

Misturo-me com os outros e vou à boleia daqueles milhares, cada um com o seu sonho na Nazaré.

O meu sonho é continuar a ir lá, apenas ir e estar lá uma horas, a usufruir!

Depois conto-vos o resto.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

AX Trail

ou


o Trail Puro e Duro!


 Ainda me doem as pernas.

Ainda tenho aquele andar esquisito.

Ainda tenho as memórias frescas.

Ainda não recebi um alerta do Raposa a chamar-me preguiçoso.



Está por isso na hora de passar para aqui algumas memórias da minha participação no AX Trail, ou Trail da Serra da Lousã, ou ainda, Trail Aldeias de Xisto.

O trail em que participei no passado sábado, dia 18 de Outubro, foi pela minha curta experiência neste tipo de eventos, a aventura mais difícil que concluí.

Fiz poucos é certo, afinal de contas descobri o trail apenas em 2010!

Barril, Almonda, Sesimbra, Almourol, Entroncamento e Portalegre, foram as minhas anteriores aventuras. A Lousã foi a que mais me custou fazer!

Sapateira, em Castanheira de Pêra é local onde tenho casa de familiares e por isso passei lá a noite e antes das 08:00hrs já tinha o dorsal em meu poder.




Entre o incontornável café da manhã e os derradeiros preparativos, passou-se cerca de 1hr. A organização informara que os participantes deveriam aceder à câmara de chamada (gosto disto ...) 30 mins antes da partida e por isso lá fui eu.

Quando cheguei à zona da partida, perto das 09:00hrs havia uma fila, ou melhor, uma molhada, com cerca de 30 metros, para levantar dorsais!

A partida marcada para as 09:30hrs foi adiada para as 09:50hrs, essencialmente (e com o meu mau feitio ...) porque, com mais de 30 anos de corridas populares, ainda há organizações que parecem complicar aquilo que outras já aprenderam há muito. Claro que o hábito imputado ao povo Português de deixar tudo para a última hora, serve sempre de desculpa, mas o certo é que o justo (ou pontual) continua sempre a ser o prejudicado, porque haverá sempre pecadores (ou atrasados), enquanto houver organizações incompetentes que o permitam.
  • - Levantamento de Dorsais (muito primitivo)
  • - Controle de partida (qual controle?)
  • + Percurso com altimetria no próprio dorsal (muito útil)
  • - Abastecimentos (muito pobres e em locais inadequados)
  • + Marcações (impecáveis)
  • - Saco final (nem água quanto mais saco)
Para fazer tempo (...) encontro o Pedro Marques de volta dos 'dopings', qual alquimista medieval e pouco depois o habitual lenço encarnado sobre a cabeça, que identifica o pára Joaquim Adelino.

Aqui e ali a chuva cai, miúda, mas a temperatura está excelente e quase não há vento.

Faltam cerca de 15 mins mas a organização mantém o acesso à câmara de entrada (continuo a gostar disto ...) fechado. Eles gostam mesmo de molhadas, de tal modo que é precisamente o que acontece quando a 10' da partida finalmente se começa a aceder à zona da partida, forma-se outra grande molhada!!

Eu continuo lá bem atrás, resguardado da chuva e aguardando.

O controle do acesso resume-se à activação do chip que nos vai marcar no pulso em todo o trajecto. Todo o restante material nomeado como obrigatório, é simplesmente ignorado. Pergunto para que serve nomear material obrigatório se depois não há o consequente controle. Vi pessoal a arrancar em manga cava e outros claro, como aqui o 'tanso', de corta-vento!

Mais vale dizer que é da responsabilidade dos participantes o que levam vestido e deixar a cada um essa responsabilidade. Deixem-se de mariquices!

Às 09:50hrs é finalmente dada a partida e lançamo-nos logo perante o 1º grande obstáculo: o Parque Eólico, a cerca de 900 mts. A maior parte do caminho é feito em fila e quando chego lá acima, debaixo de chuva, vento e nevoeiro, ouço as enormes pás a zumbir por cima de mim, embora não as veja! Vou acreditar que elas de facto estavam lá!

Começamos depois a descer, em direcção ao Ameal e Catarredor. Há descidas muito técnicas. Ainda aguento as primeiras escorregadelas, mas a 1ª sobre o 'back side' e a segunda sobre o joelho direito, lá vou duas vezes ao 'tapete'. Felizmente ambas sem consequências.



Boa vida.

Ouvem-se os numerosos cursos de água, com correntes fortes, cheios da águas da chuva que tem caído nos últimos dias. As vistas estão um pouco prejudicadas devido ao nevoeiro que cai sobre as serranias, mas aqui e ali dá para ver que estamos perante cenários de rara beleza.

Aos 13Kms finalmente o 1º abastecimento. Já me fazia falta. Está instalado numa casa de xisto. É engraçado mas pouco funcional. Há pouco espaço para o pessoal que se quer chegar às mesas. A oferta não sendo escassa, também não deslumbra. Concentro-me nas sandes de chouriço e na coca-cola.

Arranco pelas ruas forradas de pedra abaixo. Numa dessas pedras, que para além de molhada da chuva, está cheia de lama dos numerosos sapatos que a pisaram antes de mim, foi o 3º esbardalhanço. Sem espinhas. Todo juntinho, outra vez sobre o back side, felizmente! Esta foi mais dura que as anteriores, mas felizmente manteve as consequências nulas das outras e sigo viagem, para dar lugar a quem vem atrás de mim, que é o 'cliente' que se segue e cai, também ele juntinho na mesma pedra, um pouco menos juntinho que eu, porque sobrecarrega o cotovelo direito e transparece mais dor nesta queda, mas pronto, segue.


Vamos descendo e vamo-nos cruzando com caminheiros que sobem a encosta. A descida é para mim por demais técnica para ensaiar sequer qualquer tipo de corrida e sigo pelo seguro, a passo. Vou descontraído e bem disposto, a gozar o 'prato' que é usufruir dum espaço daqueles.

Chego à Srª da Piedade. Depois de uns Kms a descer é altura agora de subir, em direcção ao Trevim. Daqui até aos 30Kms é sempre Up, Up, Up!!

Uma levada com um débito impressionante faz as maravilhas durante mais de 1Km. Por mais que uma vez me dá vontade de me enfiar lá dentro, mas ...

A levada da N. Srª da Piedade.

Chego ao 2º posto de abastecimento, igual na oferta ao anterior. Há menos pessoal neste apenas porque sou eu que estou a ficar para trás, por isso com menos pessoal, não que a área seja significativamente maior. Alguém do UTAX pergunta se não há uma sopinha ... Se os abastecimentos do UTAX foram iguais aos do AXTrail, aquele pessoal passou alguma fominha ...

Começa agora o caminho para o Trevim. Uma looonnnga subida. Venho há uns Kms acompanhado com um galho que apanhei algures. Transformado em bastão, neste período serve-me várias vezes de sustento, para tentar recuperar o fôlego, tal é a dificuldade da subida. Antes, noutros locais, serviu-me de equílibrio, tal como nas levadas. Volto a andar perto do José, que por esta altura começa a debater-se com caimbras. Por um par de ocasiões empresto-lhe o meu bastão, que é coisa que não faço por muita gente ...

Há alturas em que olho para cima e duvido se consiga dar mais um passo!

Quando esforço mais um pouco a tosse volta. São resquícios da gripe do último fim de semana e que condiciona o meu esforço principalmente nesta altura, em que preciso de mais oxigénio.

De Trevim para Senhor das Neves.

Não deixa transparecer as dificuldades.

Os Fuji Trabuco revelaram-se bons aliados nesta que foi a estreia destes sapatos. Muito confortáveis e com boa aderência na generalidade dos pisos que encontrei. O que aconteceu lá atrás no xisto era inevitável, excepto para o Spider Man!!

Está nevoeiro lá em cima no Trevim. Venho há alguns Kms com um pedra no sapato e aproveito uns degraus para me sentar e tratar do assunto. O UTSM está ainda fresco e não quero repetir o que me aconteceu lá.

O José segue caminho enquanto trato dos pés, mas logo a seguir apanho-o. Está aflito com caimbras e não se consegue mexer. Gozo com ele quando me pede para lhe apanhar uma luva que havia deixado cair, apenas porque ele nem dobrar-se consegue.

Ficamos ali no alto um pouco. Eu sem saber bem o que lhe fazer para aliviar a dor e ele ainda pior que eu. Ele diz-me para ir à minha vida (...). É impossível deixá-lo ali, no meio do nada. Um par de Kms à frente haveria de comentar com ele, que ao longo de quase todo o percurso, inclusivé nestes pedaços mais complicados, nunca tínhamos passado fosse por quem fosse ligado à organização.

Senhor das Neves

Recomeçamos a marcha. Vencido o Trevim, vamos agora em direcção a mais um topo, que é no Senhor das Neves. Sinto-me bem e alargo um pouco o passo com vontade de acelerar. Não ando nem 500 mts, quando sinto um esticão seguido duma dor enorme no interior da coxa esquerda. Nunca tinha tido tamanhas dores e agora inverteram-se os papéis. É o José que espera e eu que agarrado à perna contenho o grito que haveria de ecoar por aquela serra. Estive cerca de 1 minuto de volta da perna, descontraindo o possível, de maneira a ajudar a que o músculo aliviasse. A coisa aliviou mas fiquei assustado. Durante algum tempo esforcei-me por dar passos mais curtos de modo a distender um pouco menos aquele conjunto muscular.

Chegámos sem mais novidades ao Senhor das Neves e em teoria o percurso passaria agora a ser mais fácil. O que de facto acontece, porque começamos um longo descida, só que se trata dum trilho 'single', muito técnico devido ao piso e à elevada concentração de pedras, sempre a propiciarem quedas ou entorses.

Vistas fenomenais!


Chegamos ao 3º e último posto de abastecimento, que por sorte é no exterior, perto dum café. Não hesito e corro para uma mini gelada. Só depois deste aperitivo me aproximo da mesa para meter desta vez essencialmente tostas com marmelada. Já tenho entretanto o José stressado a apertar para arrancarmos e tenho que abreviar o abastecimento. Chega entretanto o Joaquim Adelino que cumprimento satisfeito por o saber ali, já quase (...) no final. Arranco com o José. Temos pela frente 12 Kms essencialmente a descer.

O José lança-se em corrida e eu vou atrás, com pouca vontade de correr. Mas ele não desarma e gradualmente o ritmo vai regressando e torna-se mais fácil correr. Estou já em terrenos conhecidos,  dos treinos que por aqui faço, quando tenho a sorte de passar aqui alguns dias. Já com o tal ritmo e sem que me aperceba, distancio-me gradualmente do José. Vou olhando para trás e acredito que ele andará ali perto, atrás de mim.

O José a puxar por mim.

Chego ao Poço do Corga e tenho a Família à espera. O pequeno Alex corre para mim e esqueço completamente o cansaço. É um bálsamo ver aquela pequena grande força da natureza, cheio de alegria de me ver ali numa "corrida", como ele realça. Entretanto o Joaquim passa por mim. Vai lançado! Estou um bocadinho ali com eles e retomo o caminho.



Ganhar alento ...

Participativo o Alex indica-me o caminho correcto e molho novamente os pés na levada junto ao Corga.

Fresquinha ...

A Tara ainda me acompanha durante uns metros ...

Vou sózinho já há alguns Kms e passo alguns participantes. Chego-me ao Joaquim que está com uma destas forças ... Debate-se igualmente com caimbras. Pede-me para lhe tirar uma embalagem de magnésio da mochila. Tenho alguma dificuldade em ajudá-lo porque o homem nem para aquilo quer parar!!

Eu sinto-me bem e estou animado agora que faltam apenas 3 ou 4 Kms para a meta.

Começo a estranhar a demora do José. Com a paragem que fiz no Corga supostamente deveria apanhar-me, o que de facto não aconteceu. Olho várias vezes para trás e nunca mais o vejo. Volto a andar a passo e vou assim durante uns minutos na esperança de o ver, mas nada do José.

Um a um vários dos participantes que eu passara lá um pouco para trás, passam por mim, mas nada do José. Começo a pensar nas caimbras e volto para trás. Com a referência do lenço, vou perguntando se alguém passou por ele, até que encontro um participante que me diz tê-lo ajudado a algumas dezenas de metros atrás, a sair duma zona de lama. Continuei a andar para trás, até que finalmente vejo o José a andar. A partir dali vamos de novo junto até à meta. Ele já não consegue correr e mesmo andar se torna por vezes complicado. Tenho magnésio na mochila e ele toma uma carteira. Provavelmente foi muito tarde porque até ao final não se registaram quaisquer melhoras.

São praticamente 19 horas e começa a ver-se mal. Antes do final há ainda à nossa frente um curso de água para atravessar. Tem cerca de 10 metros de largura e na parte mais funda cerca de
50 cms. Cheio de calhaus no fundo, provoca a queda dum participante que atravessa à nossa frente.

Eu vou à frente com o pau/bastão a detectar os obstáculos à frente e o José vem apoiado, com as mãos nos meus ombros. Calmamente atravessamos aquilo e do outro lado da margem há familiares dele que o esperam, para o apoiar naqueles metros finais.

O ânimo dele aumenta mas está claramente aflito e com dores. Mais alguns metros à frente e estamos a cerca de 100 mts da meta. Tenho novamente o Alex Jr. à minha espera.

Digo para o José: " ... quando quiseres ...", convidando-o ao sprint final para a foto.

A cerca de 30 metros retomamos o passo de corrida, para cortar a meta.

Alguma fotos e está terminado.

Distraído com a alegria de terminar e o querer falar com o Alex Jr. saio do local por baixo das fitas que o demarcam. Uma menina da organização faz-me sinal e eu penso que me terei esquecido do saco final. Volto atrás.

Dirijo-me a uma mesa e oferecem-me um boné de finisher. Agradeço e fico na expectativa do que virá a seguir. Eles ficam igualmente a olhar para mim e apercebo-me que o saco final era aquilo mesmo: um boné!

Pergunto se não há pelo menos uma garrafa de água. Indicam-me os balneários ...

Àparte este àparte, a aventura está terminada, estou aparentemente bem fisicamente, tenho ali a minha Família e estou a 10' dum banho, de água fria!!

Venha a próxima.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A Enfermeira Tatiana

A Enfermeira Tatiana estava enganada!

Se há classe profissional da qual eu tenho o maior respeito e consideração, é a classe dos Enfermeiros. Para além de ter sido a profissão da minha Mãe, acho que é uma profissão das que mais ligação tem com as pessoas, quando elas mais precisam e isso toca-me muito especialmente.

Mas ...

Estava enganada a senhora enfermeira Tatiana!

Ao telefone, na manhã do passado sábado, dia 11 de Outubro, ouviu em silêncio o rol de queixas que eu lhe fazia.

"... dói aqui, pesa ali, escorre por acolá, etc, etc ..."

Depois vieram as perguntas tipo 'chapa'. Respondi a todas sem quaisquer hesitações ou dúvidas.

Mas aquela última era uma armadilha em que caí desprevenido!

" ... fez alguma intervenção nos últimos dias que de algum modo que pudesse diminuir-lhe as defesas, estilo pequena cirurgia ...?? "

" Não " respondi de pronto!

A Enfermeira pede 2 minutos para consultar os conselhos farmacêuticos que se adaptavam ao meu caso e enquanto fiquei em espera confidenciei com a Dora " bem eu sempre fiz uma maratona aqui há uns dias ... "! Meio envergonhado de estar sequer a colocar uma dúvida, acerca de um evento passado há cerca de 5 dias e da hipótese de esse evento estar de alguma forma relacionado com o mal que me afectava há algumas horas.

Mas mesmo envergonhado, mas protegido pela confidencialidade da linha telefónica, relatei-o à Enfermeira Tatiana, assim que esta voltou à linha.

A técnica afastou de pronto qualquer hipótese de uma coisa ser consequência da outra! " Não! Isso já passou há 5 dias e não pode haver relação!!" afirmou peremptoriamente!

Mas havia de facto relação entre a Maratona que terminara no dia 5, perto das 12:30 e o processo degenerativo que se verificara explicitamente no meu corpo nas última horas do dia 9, com sintomas mais evidentes a partir das primeiras horas de dia 10!

Assim que a chamada terminou fui para o meu santo Google e pude comprová-lo, pela quantidade avassaladora de artigos que encontrei relacionando a Maratona com o sistema imunitário e os efeitos devastadores duma sobre o outro, por vezes até 15 dias após a realização da Maratona!

Claro que aceitei os conselhos da Enfermeira Tatiana, aliás ainda estou hoje a seguir o tratamento prescrito, mas fiquei convicto que ela está pouco informada quanto a este assunto em particular.

Retiro (espero eu) deste episódio mais um ensinamento que tem a ver com o PDI e o efeito que tem a Maratona sobre o meu corpo.

Espero que me lembre disto daqui a cerca de 1 ano, se tiver a sorte de vos vir aqui relatar a minha maratona de 2015 e começar, assim que cortar a meta no Parque das Nações, com cuidados especiais de reposição do meu sistema imunitário.

Os meus agradecimentos à Enfermeira Tatiana e ao serviço 'Saúde 24' que me poupou uma ida desnecessária a um médico e contribuiu para que rapidamente iniciasse o tratamento.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Maratona 2014

Não há volta a dar. Os tempos das maratonas não estão fáceis para um 'cota' entrado, algo preguiçoso e extremamente guloso como eu.

Desde os meus 53 que o senti de forma mais acentuada, o decrescer da 'pica' quando toca a ir correr. Felizmente que depois o gozo que retiro do treino mantém-se, mas para ir custa-me mais.

Será a ternura dos 50?

Nos dias que antecederam a partida, pensei muito sobre qual seria o meu objectivo para aquela que em termos competitivos continua a ser a prova de estrada mais importante da minha época.

Sublinhei para deixar claro que estou a falar em termos competitivos e em provas de estrada.

A minha época tem normalmente 3 eventos em estrada (Nazaré, Runa e Maratona), sendo que a Maratona é o único dos 3 eventos que encaro como uma competição.

Em 2012, na última versão da Maratona de Lisboa, fizera uns excelentes 03:30, igualando o tempo que havia feito na Maratona de 1990, com 30 aninhos portanto. Em 2013, na 1ª versão da Maratona da Costa do Estoril, subi para os 03:38 e portanto este ano tinha de decidir se ia lançar-me outra vez atrás da ilusão dos 5'/Km, ou se iria baixar um pouco a fasquia.

Confesso que com o meu feitio não foi fácil decidir-me (ou aceitar a realidade), embora da parte física todos os sinais apontassem para a 2ª hipótese, a pôrra da cabeça ainda vai tendo veleidades doutros tempos, há muito idos e que não voltam mais.

Mas se foi difícil antes da prova começar decidir-me, foi muito fácil fazê-lo pouco tempo depois dela começar. Foram precisos apenas 6 Kms, já em pleno esforço e já com o aquecimento feito, para cair na realidade e descer à terra. Senti perfeitamente que continuando no ritmo de 5' a coisa iria dar o estouro e logo ali passei sem hesitar a 'Safe Mode', para a partir dali começar então a minha Maratona de 2014.

Até aos 6Kms ouvi o corpo queixar-se da festa de anos da véspera, onde claro comi coisas pouco aconselháveis a um concorrente a uma maratona e pior que isso, bebi bastantes (...) líquidos, o que até nem seria muito negativo, não fora esse líquido conter álcool (!!!). A seguir o corpo queixou-se da noite curta. Mais para a frente, lá para os 30Kms, o corpo voltaria a cobrar dos treinos longos que não fiz e claro, sublevar-se obrigando-me a nova adaptação no ritmo.

O meu registo de treinos indica muito claramente que entre o início da preparação para esta Maratona, em 10 de Agosto e o dia 4 de Outubro, fiz 25 sessões de corrida, sendo que em apenas 4 dessas sessões fiz treinos acima dos 20Kms. A sessão mais longa foi de 25,5Kms, em 31 de Agosto(!!!).

Com uma preparação destas digamos que pensar sequer fazer 5'/Km durante 42Kms é lirismo puro.

Fica assim traçada a história da minha maratona de 2014. Na expectativa até aos 6Kms, a gozar o momento até os 30Kms, a esforçar até aos 37Kms e finalmente a sofrer até aos 42Kms!

O que fiz dos 37Kms para a frente, foi puramente acreditar que conseguia. Olhei muito para o chão. Parei em 3 ocasiões e nesses 3 momentos foi a cabeça que me fez retomar a corrida, porque o corpo já não estava lá.

É incontornável: não há milagres, principalmente quando se corre uma maratona!

Basicamente faltaram as pernas. Faltaram os treinos longos.

Poderia arranjar desculpas com a alteração da data de realização da Maratona, mas tenho a sensação que se o calendário se mantivesse, chegaria a Dezembro com as mesmas dificuldades em ter uma preparação capaz.

Por isso dou-me por satisfeito em ter chegado ao fim, 48horas depois de ter terminado aparentemente não há lesões e somar mais uma maratona ao meu currúculo.

Agora importa descansar um pouco porque daqui a 3 semanas tenho mais uma aventura, na Lousã, com a participação no AX Trail.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Em pausa! A corrida segue dentro de momentos!!

O facto de ter perdido aquele  &%#@»§  daquele ferry no domingo estragou-me o final da época, mas desgraça à parte ela está acabada e é agora tempo  de fazer uma pausa, curta, para logo de seguida voltar e iniciar uma outra época, mais uma felizmente diga-se!!

A UMA tem terminado as minhas últimas épocas e a Nazaré reinicia-as. Com a alteração do calendário da maratona, chamada de 'Lisboa', introduzida no ano passado, as coisas modificaram-se um pouco, mas apenas quanto ao reinício e não quanto à conclusão.

Agora é tempo de férias, da corrida e durante 1 ou 2 semanas vou descansar conforme estava já pensado. Depois na nova época é começar de modo a conseguir 8/9 semanas de preparação para o 5 de Outubro.

As sessões de piscina irão manter-se até eles fecharem a coisa, para manutenção, na 2ª quinzena de Agosto. Tenho por isso mais 3 semanas de sessões boas por lá.

A época 2014/2015 já está a ser pensada e irá provavelmente começar assim:

  • Maratona da 'Costa do Estoril', aka de 'Lisboa', 5 de Outubro
  • AXTrail, 19 de Outubro
  • Meia Maratona Internacional da Nazaré, 9 de Novembro
  • ...


Aqui já uma estreia, com um evento na Lousã, nas Aldeias de Xisto, num local que conheço mal mas de que gosto muito.

Depois logo se vê, mas para já estou de Férias!

segunda-feira, 28 de julho de 2014

UMA 2014

Nunca me tinha acontecido, mas é mesmo assim, fica mais uma (amarga) experiência e uma dura lição para o futuro.

Saí de casa às 05:15, tentei ... tentei mas não consegui. Cheguei tarde demais a Setúbal! Experimentei um misto de revolta e impotência.

E assim, possivelmente por 5 minutos ficaram por terra 12 semanas de esforço e sonhos sempre sonhados, para mais uma jornada da UMA, que se iria juntar às anteriores 4.

Passados alguns minutos de baralhação e outros tantos na tentativa de recuperar alguma sanidade mental que ainda conseguisse naquela manhã, tomei o rumo da Caparica e fiz a 'minha' UMA, igualmente na costa atlântica, se bem que um pouco mais a norte que a outra.

http://connect.garmin.com/activity/551570798




sexta-feira, 25 de julho de 2014

UTSM 2014 - De volta ao estádio

O ataque ao PAC7 é muito complicado. O ano passado com a sopa no estômago e o calor nas costas foi dos que mais me custou fazer. Este ano, apesar do calor tenho o café e a coisa até se faz. A calçada romana massacra os pés e o calor desgasta. Começa a importante gestão do esforço. Aproveito todos os cursos de água que encontro para meter os pés de molho. Pode ser asneira (ouvi dizer que coze a pele ...) mas aqueles breves instantes com os pés enfiados na água revitalizam.

Aproveito também para molhar o lenço e enfiá-lo encharcado de volta na cabeça. Durante alguns minutos fico com a cabeça mais fresca. Chego a Castelo de Vide.


O ano passado a alguns metros do PAC havia um ponto de distribuição de minis, mas este ano já não há mimos, por isso se quero mini tenho que a arranjar e é o que faço. Num dos extremos da praça há um café onde bebo uma geladinha. Neste PAC só meto líquidos, opção de que me irei arrepender mais tarde.

Arranco restabelecido e maravilhado com a geladinha em direcção ao PAC8. Está agora mais calor e a calçada romana ainda não acabou!!

É algures por aqui que enfrento a luz da reserva do 'combustível' a acender perigosamente, numa série de subidas, mais uma. Tinha passado dois pequenos grupos de participantes, quando aconteceu e sinto o combustível a faltar. Estou a cerca de 5 Kms do PAC e por isso tenho de me desenrascar já.

Escolho uma sombra, sento-me calmamente e recorro de imediato à minha reserva. 1 dúzia de tâmaras!

Calmamente, uma a uma, marcham. Depois de alguma água o 'depósito' está de novo atestado e posso seguir viagem. Tive sorte na escolha, porque aquelas pequenas resolveram a questão, ainda antes de assumir ser um problema.

Passado algum tempo chego ao PAC8. O susto serviu de exemplo e até ao final farei um esforço por meter sempre algo sólido nos abastecimentos, mesmo que tal começasse nessa altura a fazer-se com resistência, uma vez que o estômago estava cada vez mais queixoso.

À saída deste PAC cruzo-me de novo com a Célia e será aqui a última vez que nos cruzamos. A próxima será na meta, já depois do banho e quando estiver já em descanso.

Entre o PAC8 e o PAC9 houve alterações ao percurso em relação a 2013. Ficou mais técnico e por isso mais lento. O incentivo aumenta com a memória das Pizzas no PAC9.

O estômago continua a queixar-se. Por esta altura começa a ser complicado ter água sem ser quente. Passado pouco tempo dos abastecimentos aquece e já não sabe bem. Felizmente a organização coloca uma distribuição suplementar entre PAC. Suspeito que é água não tratada, mas não tenho alternativa e bebo o que consigo. Passo por outro café e claro, mais uma mini gelada!

Por esta altura começo a sentir o calcanhar direito. Vem desde há alguns Kms em cima duma pequena pedra. Era tão pequena a pedra, que andei tempo demais à espera que com o movimento do pé se deslocasse dentro do sapato, para local onde não incomodasse. Mas não, a pedra não se mexeu e eu andei tempo demais com a pedra no sapato e quando finalmente me dispus a tratar do assunto, já tinha sido escalado para a categoria de problema e depois de parar, durante 1 mísero minuto e retirar aquela pedra tão pequenina do sapato, o mal estava feito e o calcanhar saíra debilitado de tanto pisar a pequena pedra e agora custava-me pousar o pé correctamente.

De resto a pizza soube-me muito melhor em 2013!!

Quando chego ao PAC, recordo 2013 em que, debaixo duma chuvinha certinha, nos enfiámos, eu e o António debaixo da ombreira da porta, onde estavam as mesas com as deliciosas fatias de pizza e foi um fartote de comer acompanhadas pela batata frita e a coca-cola!!

Este ano a esplanada estava até com muito bom aspecto. Cadeiras, mesas e até uns chapéus de sol. Lá à frente as fatias apetitosas aguardavam. Só que o apetite ...

Alguns metros atrás deste PAC, um companheiro vomitara um pouco á minha frente. Apercebo-me que há pessoal com problemas gástricos. Recordo as placas "Água não tratada" nos vários pontos de água por onde passáramos.

Faço um esforço por comer duas fatias, acompanhadas pela incontornável coca-cola. Acho que a coca-cola é a única coisa que meto no estômago e que me sabe bem.

Sigo viagem.

Vou em direcção ao PAC10 e agora pouca coisa me fará desviar de tal objectivo.


São poucos os Kms entre o PAC9 e o 10. Tempo de poupar alguma energia. Colocados para 2º ou 3º plano estão já quaisquer questões relacionadas com tempos finais, ou sequer ideias de tentar igualar ou mesmo superar as 18 horas de 2013. O único objectivo é chegar!

Faço a maioria deste percurso em marcha. Os trajectos a correr são muito poucos. O pé dói e o estômago está pior. Não vejo ninguém a correr e os (poucos) que passo vão ainda em pior estado que eu.

Depois duma grande descida chego ao PAC10 e peço de imediato uma mini. Em 2013 assim que chegámos aqui, fomos brindados cada um com a sua mini, mas este ano ...


" ... já não há amigo !!..." Oh que decepção!! Mas choro e diz-se que quem não chora não mama. Digo que o ano passado e tal ... Um dos membros do PAC, por sinal um participante da Ultra que desistira nessa madrugada, apiedou-se de mim e lá foi algures, buscar-me uma preciosa! Fiquei-lhe eternamente grato e deixei logo ali, reserva feita para 2015.

Estou agora motivado para a última parte. São cerca de 6 Kms, que vão parecer muitos mais. Desço a longa escadaria a alta velocidade e vou a correr praticamente todo o percurso até ao estádio e à meta. A proximidade do final e os cerca de 5 Kms anteriores feitos a passo restabeleceram algumas forças e estou de novo a correr procurando esquecer as dores no calcanhar. Neste trajecto até ao estádio irei passar muita gente, no mínimo terão sido 20, todos eles a passo. Eu consigo andar mesmo só nas subidas e o estádio nunca mais chega. Finalmente a marca dos últimos 200 metros e entro no estádio. Faço a meia pista a correr e corto a meta. Está feito!

A última barreira.

Ainda se vê a poeira levantada pela velocidade de passagem!!

Recebo a tão desejada medalha de cortiça, que premeia os "finishers" e descanso por ali uns minutos.


Um rápido check up assinala como ponto mais negativo o calcanhar. De resto sinto-me obviamente cansado mas muito bem. Vou para o banho.

Depois do banho retemperador, regresso à pista, onde encontro uma cadeira na qual me sento. Estamos todos com um novo andar, com aquele andar!!

Um a um mais participantes vão entrando no estádio. Passados alguns minutos a sempre sorridente Célia, escoltada por um grupo de 4 elementos. Fico ali uns minutos e depois chego-me a umas mesas com comida, para ver se consigo comer qualquer coisa. Bebo coca-cola e como 2 ou 3 batatas fritas. É a única coisa que consigo meter no estômago.

Encontro o José Magro, também ele desistente no Marvão por causa do estômago. À saída passo pelo restaurante e não resisto a + 1 imperial, para o caminho.

São 20 horas e vou arrancar. Tenho ainda o caminho para casa para fazer, mas por aqui, em Portalegre, já fiz o que tinha a fazer.

Tempo: 18:31:59
Classificação: 221º

UTSM 2014 - Até ao Marvão

Fui uma vez mais apreensivo na passada sexta-feira, dia 16 de Maio, a caminho de Portalegre.

Aqui há uns meses hesitei muito se devia ou não repetir a minha participação de 2013 e embarcar em novo desafio das gentes do ACP. A 1ª experiência foi excelente. Óptimo local, óptima organização e claro, óptima companhia do António Almeida fizeram do UTSM de 2013 uma experiência difícil de esquecer.

Agora, em 2014 ainda deixei passar a 1ª fase das inscrições. Esgotaram-se as 500 vagas colocadas pela organização. Mas na 2ª fase, aberta para mais 200 inscrições, já não resisti e acabei por me inscrever.

Portalegre aparece naturalmente 3 meses após RUNA. É tempo suficiente, mas depois acaba sempre por acontecer uma ou várias coisas que nos limitam a fazermos aquilo que consideraríamos necessário, para que levássemos mais ânimo e mais confiança, quando nos aproximamos duma aventura destas dimensões.

Ganhei alguma defesas nos dias que antecederam o dia 17, com algum exagero colocado na divulgação das alterações ao percurso e nas acrescidas dificuldades com que os concorrentes deveriam contar nesta edição de 2014.

Alguém inclusive comentava no FB, que transparecia algum prazer mórbido em ver crescer as estatísticas de desistências, já de si substanciais (23%), registadas na edição de 2013.

Mas lá fui, numa viagem longa e algo maçadora, que terminou mesmo junto às 22:00, em Portalegre - Assentos.

Gostei: do estacionamento, bem melhor que em 2013.

A seguinte tarefa seria levantar o dorsal e lá fui eu. Aqui a 1ª desilusão, a menina da organização vira-se para mim e pergunta-me:   "...a t-shirt pode ser tamanho 'L'??..." (!!!), eu fico um pouco apanhado de surpresa e respondo simplesmente "Não!!". A menina vai falar com uma colega (mais desenrascada) que muito naturalmente me informa "... as camisolas XL acabaram!! " ao que respondo, "...mas na inscrição assinalei o tamanho XL!... "  Pois ... Pois ???

Não gostei: sei que é um pouco mesquinho. A t-shirt de 2013 nunca sequer a usei, mas a t-shirt é, em conjunto com a medalha de cortiça, o único troféu que a grande maioria dos participantes traz de Portalegre. Se colocam no acto de inscrição a questão sobre o tamanho da t-shirt pretendida, qual a justificação para depois não haver para dar ao concorrente. Ainda por cima a pôrra da t-shirt até é engraçada!
Fiquei pior que estragado, mas siga!!

Respirei fundo, muito fundo e voltei para o carro. Tinha cerca de 1:00 hora pela frente para ultimar os preparativos.

Pouco depois das 23:00 hrs, dirijo-me de novo ao estádio, para depositar o saco para ser enviado para o Marvão (Km 60) e fazer o check-in.

Gostei: da simplicidade e eficiência destas 2 operações.

Já no ano passado esta fase tinha sido simples. A verificação não sendo exaustiva ou maçadora, parece ser eficaz e suficiente.

Às 23:35 hrs estou no estádio, na zona da partida. Troco umas palavras com o Joaquim Adelino, que me aconselha a arranjar compª porque "  faz muita falta principalmente na 2ª parte  ". E como ele tinha razão!!

Junta-se o Luís Miguel e até dá para a foto.


Sinceramente a animação que a organização arranjou este ano, não aqueceu nem arrefeceu. Provavelmente a maioria gostou assim, mas para mim uns momentos de calma e algum silêncio teriam caído melhor mas ... gostos são gostos e ... siga!!

Dá-se a partida às 00:00 hrs e cerca de 500 almas lançam-se no escuro, Portalegre fora, para percorrer uma aventura de 1 dia inteiro, ou quase!



A 1ª parte do percurso teve bastantes alterações, tal como a organização vinha avisando. No geral o trajecto tornou-se mais difícil, mais técnico e sentiu-se essa alteração, principalmente entre o PAC2 e PAC3, e o mesmo lá mais para a frente, entre os PAC7 e PAC8.

Não gostei: neste 1º trecho do percurso e com as alterações ao percurso introduzidas, de algumas passagens por herdades, que por serem particulares se encontravam vedadas, havendo por isso necessidade de transpor as vedações. Numa dessas, a vedação era arame farpado. Eu passei com alguma dificuldade e tenho 1,87mts. Calculo o que por exemplo a Célia Azenha ou a Analice Silva, terão passado para transporem aquela vedação.


Este ano as temperaturas iriam andar entre os 13º e 28º de máxima. A noite esteve amena, mas mesmo assim levei uma camisola mais forte para a 1ª parte da prova e não me arrependi.

PAC 1 praticamente não paro. Bebo água e abasteço o bidon.

PAC 2 felizmente desta vez não nos fazem subir ao coreto.


Esta parte inicial é feita com muita gente e algumas filas, onde há ainda força e disposição para a brincadeira. Vou calado e à espera que o silêncio venha para me poder concentrar. Mas não espero muito porque logo após o PAC 2 faz-se silêncio e todos poupam oxigénio para a subida às antenas.

A partir daqui, nas subidas mais complicadas, adopto a táctica de fixar os calcanhares de quem vai à minha frente e só os levantar quando esse companheiro reinicia a corrida. Olhar para o topo duma subida pode ser desgastante e desmotivante e assim poupo-me. A subida é este ano por outra vertente e parece ser bem mais difícil do que em 2013, ou sou eu que a subo com mais custo.

Passo pelo José Bordalo a quem cumprimento e só depois vejo, um pouco mais à frente, o Bernardo a quem cumprimento. Brinco com a nossa 'questão' acerca da chuva versus calor. Ele queria o calor e não queria a chuva. Eu pelo contrário, preferia a chuva sobre o calor que se adivinhava para esta edição. Ganhou ele...

Chego ao PAC3 e sinto que atingi o 1º degrau desta longa jornada.

PAC 3 faço um abastecimento rápido. Tal como no ano passado a escolha recai no chá e nos queques. Mudo de frontal porque as 5 horas gastas até ali enfraqueceram o Black Diamond. Há grande confusão neste PAC. À minha frente 2 sujeitos bem novos, meios perdidos. Um deles desabafa para o outro " ... oh pah, nunca mais me meto noutra ..."! O miúdo está visivelmente esgotado. Surpreendido com a realidade! Sigo viagem.

Apenas um par de Kms à frente cruzo-me com um participante, que vai em sentido contrário (???). "Esqueceu-se de alguma coisa" penso para mim. Passados mais 1 ou 2 Kms vejo um grupo. Quando me aproximo percebo que está alguém no chão. Espreito e há alguém deitado e completamente enrolado em várias mantas térmicas! Pergunto se é preciso alguma coisa e nem me ouvem. Estão ali à vontade 6 ou mais concorrentes e por isso sigo caminho.

Houve muito pessoal que se esqueceu que o PAC2 e principalmente o PAC3, este último a mais de 1.000 mts de altura, teriam de ser percorridos de madrugada e uma t-shirt é pouco para aguentar o vento, o frio e ainda por cima o facto de chegarmos lá acima transpirados, devido ao esforço da subida.

Para mim, é a altura em que gosto mais de correr o UTSM, no raiar do dia, entre as 06:00 e as 08:00. A única coisa que se ouve e bem é o chilrear dos pássaros. A temperatura está fresca e começam-se a distinguir as formas e o relevo à nossa volta. Excelente.

O dia nasce e há grande algazarra à minha volta. Os bichos devem estar a reclamar do inusitado movimento por ali.


Um dos (poucos) pontos onde poderia tentar cortar tempo seria nos PAC. Se conseguisse poupar que fosse 5' em cada um deles, daria cerca de 50' no final, o que é muito tempo. Por isso e sem colocar em questão a necessidade absoluta de abastecer e hidratar em condições, tentei sempre gastar o mínimo de tempo possível.

No 1º PAC apenas líquidos. No 2º PAC líquidos mais alguns salgados. No 3º PAC chá + queques. A receita era a que em 2013 seguira, com tão bons resultados. Nada de inovações, apenas o que normalmente estou habituado a meter em treinos/provas + longas.

Até ao PAC 2 ainda vou muitas vezes com o Joaquim Adelino, mas a confusão é grande e nem me apercebo quando deixámos de ter contacto.

Não gostei: de alguma confusão em alguns PAC. Eu sei que passámos de 350 em 2013, para quase 600 em 2014 e isso reflectiu-se e de que maneira nos PAC, onde o espaço reduzido de alguns e a natural acumulação de pessoal, tornaram complicado que se conseguisse chegar às mesas, para se retirar qualquer alimento.

Chego ao PAC 4 - S. Julião. Do chouriço não há notícia, nem se cheira, mas há café bem quente que empurra mais 2 queques. Água e segue caminho, agora para subir.

Segue-se um dos Main Events de 2013: o PAC 5 e a Bifana.

No PAC5 - Porto da Espada tive a vingança de 2013, em que o António Almeida não me deixou parar para apreciar a bifana que ali é dada aos participantes. Este ano pude apreciar calmamente uma bifana acompanhada de uma ... coca-cola!! Mas já lá vamos à bifana.

Como aconteceu em 2013 navego muito tempo à vista da Célia Azenha. Em 2013 eu e o António andámos frequentemente perto dela. Ela anda mais devagar, mas nos abastecimentos é uma seta e adianta-se. Aqui volto a apanhá-la, perto do PAC5. Falamos um pouco. Parece-me algo cansada, o que se me afigura anormal para uma atleta com a rodagem dela. Mas se pensarmos um bocadinho apenas na frequência em que participa em provas deste género, estilo fim de semana sim, fim de semana sim, poderá estar aí algum fundamento para as dificuldades que parece estar a atravessar quando andamos um pouco lado a lado. A MIUT foi a sua última participação e convenhamos que é brutal o espaço de tempo que separa aquela desta prova.

Finalmente chego ao PAC!

Em 2013, com 2 ou 3 participantes apenas neste PAC, assim que me foi dada a bifana só tive tempo de encher a caneca com a coca-cola, porque logo de seguida o António chama-me e diz-me para irmos embora!! E lá vou eu, trilho acima, com os bofes de fora a enfiar a bifana, a molhá-la com coca-cola e a tentar respirar no meio de tanta azáfama!!

Ficou-me atravessada a bifana, mas este ano não. Estive digamos que 1 ano à espera deste momento e tinha que o gozar.

Desta vez havia muita gente no PAC. Os colaboradores inexcedíveis, despachavam bifanas à profissional, esperei pela minha vez e quando fui premiado com a minha bifana preparei-me para o banquete. Peguei numa garrafa de coca-cola e enchi a caneca. Peguei nas coisas, recuei para umas mesas que estavam um pouco afastadas e sentei-me, por sorte junto a um prato de batata frita. Estava composta a mesa e deleitei-me com o prazer daquela bifana.

Neste PAC e neste episódio da bifana, passou-se uma situação que partilho convosco:
Imaginem aqui o V/amigo junto a uma mesa à espera e a babar-se por uma bifana.
Imaginem mais cerca de 10 ou 12 marmanjos precisamente na mesma situação, à espera e esfomeados.
Quando chega finalmente a minha vez e me colocam à frente o prato de plástico com a deliciosa bifana, os meus olhos reviram-se de prazer e gula. Reviram-se ainda para a garrafa de coca-cola, que à falta de melhor acompanhamento teria de empurrar aquela bifana pela goela abaixo. Pois nos cerca de 5 segundos que demorei a apanhar a dita garrafa de coca-cola e encher a minha caneca, vi um esfomeado a ... , imaginem vocês, pegar na minha BIFANA!?!?! Olhei para ele, raios de fogo saíram das órbitas, ele era espanhol mas não burro e perguntou-me qualquer coisa do género " ... é tua ..." DAHHH!! Claro que é minha!! Ele envergonhado pousou a bifana calmamente de volta no prato e riu-se visivelmente arrependido.

Foi engraçado este episódio!!

Quando cheguei ao final da minha refeição, calmamente peguei nas coisas, deitei o lixo no lixo e ainda calmamente regressei ao meu caminho, a pensar no António e a dizer-lhe daqui "...esta é para ti António Almeida!!..."

Gostei: continuaram inexcedíveis os colaboradores nos PAC. Tudo fazem para ajudar os participantes e conseguem-no. Às vezes calculo o que não aguentarão de pessoal que chega cansado e às vezes sem qualquer paciência ou discernimento para qualquer contratempo, por mínimo que seja.

Foi em 2014 o ponto que considero mais forte na organização, o pessoal dos PAC. Para todos eles o meu Obrigado!

A propósito do discernimento (ou da falta dele) com que estes colaboradores têm de se confrontar, imaginem aqui o Alex, no PAC2, a chegar-se ao bidon do chá, a pegar na minha caneca e quase a enfiá-la no líquido (felizmente) vira-se para a senhora que ali estava e pergunta-lhe "...posso? ...". Polidamente a senhora corrige e responde, " ... não! Aqui só eu é que posso tirar o chá!!" Apercebi-me aí do que estivera prestes a fazer e a enfiar a minha caneca, no chá que seria bebido por muita gente!! Pedi desculpa e segui ...

Feito mais um check-up sumário, dá para perceber que as pernas continuam bem.

Do PAC 5 vê-se o PAC 6, o imponente Castelo, ali tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Com o masoquismo que caracteriza uma vez mais o desenho do percurso feito pela organização, as voltas e voltinhas que me levarão a passar aquela porta, lá no alto, ainda me farão andar cerca de 10Kms!

 

Seguem-se alguns Kms em descida, em que aproveito para correr porque sei que logo a seguir seguem-se muitas subidas. Lá em baixo, mesmo antes de começar a tal sucessão de subidas, irei apanhar uma vez mais a Célia, irei encontrar mais um curso de água retemperador, onde gozo mais um banho maria durante um par de minutos e depois sim, começa o 'calvário' do ataque ao Castelo de Marvão.


Seguem-se sucessivas séries de subidas, numa altura em que o sol começa a aquecer. É complicado por não ser uma subida, mas uma sucessão delas e também porque, sempre à vista do castelo e depois de muito subir, contornamos o morro e descemos, para logo de seguida voltarmos a subir ainda mais.

Tal como em 2013, é uma fase da prova absolutamente masoquista, percorrer trajectos que circundam o tão desejado Castelo, sem nunca chegar de facto a alcançá-lo, até que já perto do desespero se transpõe finalmente aquela porta.

Em 2013, assim que passámos a porta, eu e o António fizemos em passo de corrida a ligação ao PAC. Este ano, fiz todo aquele percurso a passo ...

Depois de transposta, abre-se ao concorrente o PAC6 em todo o esplendor da oferta, que no caso e excluindo tudo o resto, se resume a uma sopa, muito provavelmente a sopa que melhor me soube em todo o ano de 2013!

Mas não foi assim em 2014!!

Fruto do aumento de concorrentes o espaço no PAC foi reduzido a uma meia dúzia de cadeiras, ao sol, onde temos de comer a deliciosa sopa e atrapalhar-mo-nos com a forma de conciliar com o incontornável pão. Sem o apoio da mesa disponibilizada em 2013, torna-se uma tarefa complicada e o concorrente que come a sopa ao meu lado, acaba mesmo por entornar a tigela por cima das pernas e sapatos. É de facto pouco e fraco espaço para um momento tão desejado.

Não gostei: por isto da organização deste PAC. Nada a ver com o conteúdo da mesa, mas sim com a forma como a organização entendeu disponibilizar o mesmo.

Subo para a muda de roupa e também e especialmente aqui, se nota o aumento de concorrentes em relação a 2013.

O salão que em 2013 me pareceu enorme, está este ano apinhado. Não há cadeiras disponíveis. Mas há o palco e lá terei que dar espectáculo de strip. Este ano opto por não mexer nos pés. Sentia-os bem e mesmo com algum risco mudei só a roupa e deixei as meias e os sapatos. Arrumei melhor a mochila de modo a conseguir aqui deixar a bolsa de cintura e estou pronto.

Cá fora no bar bebo um café, ponho protector solar, coloco o lenço de cabeça que me irá acompanhar até ao final, coloco o 'Silver' à carga no carregador de braço e lanço-me a caminho do PAC7.

O ano passado fizemos a longa calçada romana toda a passo. Este ano e um pouco para compensar a entrada no castelo, faço-a toda a trote. Lá ao fundo uma fonte e logo ali molho o lenço e enfio-o na cabeça, ainda a escorrer. Será uma operação que irei repetir sempre que encontrar água e que resulta em termos de estímulo muito refrescante.

Está feita a 1ª parte, que é também a mais difícil e técnica. A partir daqui se o cansaço e o calor sobem, em compensação os Kms em falta para o final vão diminuindo e a componente anímica sobe em flecha.