domingo, 16 de dezembro de 2012

Cogitando sobre a minha maratona

A propósito dum comentário à minha mensagem sobre a Maratona de Lisboa do último domingo, que o Jorge Branco aqui deixou, dei comigo a pensar se de facto não estarei a 'esticar a corda' e a voltar aos tempos em que corria para tempos.

Recomecei a correr em 2010 e ao mesmo tempo descobri o Trail. Estreei-me no Trail de Vale de Barris, das Lebres do Sado e o meu conceito de corrida alterou-se radicalmente.

A partir daí passei a procurar locais com pisos moles para os meus treinos, passei a evitar dentro do possível e do razoável o alcatrão e a minha época passou a ser na sua maior parte feita em Eventos de Trail. Passei a procurar Eventos que não fossem estritamente 'Corridas', que tivessem algo diferente das 'Corridas' que até ali fazia.

O meu objectivo ao participar nesses Eventos passou a ser mais lúdico e menos competitivo. Claro que a minha 'escola' das corridas a pé dos anos 80 e o meu feitio fazem com que, mesmo irreflectidamente, haja sempre e em todo o lugar qualquer espécie de competição, disputa, mas esse é um espírito de há longa data e como tudo, alterá-lo requer prática e muito treino ...

Na minha última maratona, revivi os tempos em que corria apenas atrás de recordes, atrás de 'PB'.

Agora, apesar de nada ter planeado nesse sentido, o que é certo é que naquela manhã deu-me para ali e fui fazer uma 'corrida' à antiga!

Com o comentário do Jorge voltei, reflecti um pouco e não foi preciso muito para concluir que não vou alterar nada em relação ao passado recente. Vou continuar a procurar obter prazer na corrida e não recordes pessoais. Vou continuar a procurar o meu bem estar em vez de arriscar uma lesão que com os meus 52 anos tornar-se-ia provavelmente numa lesão crónica de médio/longo prazo.

Vou por isso continuar o meu treino para correr com os outros e não contra os outros.

Vou procurar observar e gozar o que me rodeia enquanto corro e não apenas o alcatrão à minha frente.

 Vou procurar Eventos onde me sinta mais do que um simples número para a estatística.

Faço cerca de 12 provas ou Eventos por época e quero que a maioria seja  just for the fun !!

Não quero que os 'eventos' se transformem em rotina. Gosto de diferenciar treinos de 'eventos'. Era incapaz de fazer, como alguns fazem, provas todos os fins de semana. Gosto de sentir a adrenalina nas manhãs de 'Evento'. Gosta da expectativa das vésperas. Com 50 provas por ano, tudo ia ser apenas mais um treino.

Provas como a Maratona serão uma excepção.

Eventos como Melides, Arrábida, Almonda, UTAN, serão a regra.

É nesses eventos que me sinto bem. Eventos onde há tempo para tudo, inclusive o simples acto de beber 1 copo de água com calma, sem estar com medo de perder o pelotão!

Claro que é natural que haja competição na minha actividade. Mas quero que essa competição seja mais comigo mesmo e não pelos recordes, ou tempos.

Claro que enquanto me der gozo, continuarei a fazer 1 maratona a 'abrir', mas será uma excepção na minha época, como aliás tem acontecido nos últimos 3 anos.

Obrigado Jorge por me teres feito parar um pouco e pensar, para assentar ideias.

E agora venha a próxima.

Para já vou para a cama porque amanhã tenho um rico treino em Monsanto, bem cedo, com o restante grupo dos 'Desalinhados'.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

A minha Maratona, peça a peça!!

O António informou: 03:28:38. (tempo do chip) É por isso o meu tempo oficial.

Média: 04:58 / Km

E agora a pedido ...

Km 0 - Frio. Muito frio. Francisco Monte à partida. É para marcar em cima. Molhada. É furar lá para a frente, sempre à vista do Francisco que parece querer fugir ...

Km 1 - Apanho o balão das 3:30. Grande concentração. Mas lá para a frente logo dispersa!!

Km 2 - Descida para o Areeiro. Assim até parece fácil.

Km 3 - Av. de Roma. Está ali o Eduardo Santos (??). Está perdido concerteza!!

Km 4 - Vislumbro o Jorge Branco a gritar feito doido: "Olhó comboio das 3:30!!" Afinal é ele o homem que corria praticamente nos comboios!!

Km 5 - O frio já era ...


5:51 / 4:32 / 4:44 / 4:57 / 4:52


Km ? - Alvalade. Quando aqui passo dá-me sempre aquela vontade (...). E tem de ser, ali numa árvore.

...

Km 10 - Carnide. Algum cansaço. Ups, que é isto?? Cansado?? Abastecimento. Páro e bebo uns golos de água. Confusão com a malta das estafetas. 'Meninos' que correm uma maratona às prestações!! Homem que é Homem é a Maratona SÓ pra passar o tempo ao domingo de manhã ...


 4:48 / 4:49 / 4:49 / 5:09 / 4:38



Km ? - Colombo. Está tudo bem. A bandeirola cativa a atenção dos pedestres. O grupo é assim facilmente identificado como "O das 3:30". Sinto algum orgulho. Confesso-me!!

Km ? - Sete-Rios. Agora é um bocado a subir até ao CI.

Km 15 - José Malhoa. Abastecimento. À passagem pelos hotéis é só estrangeiros. E à passagem pela mesquita ouço algumas preces atrás de mim. Mais água e depois mais um forcing para recuperar o atraso. Até aqui já foram, acho que 3 paragens. Estes sprints desgastam. Mas se me engasgo ainda é pior.


4:45 / 4:46 / 4:49 / 4:54 / 4:55


Km ? - A.A.Aguiar. Uau!! Agora é pra descansar até lá abaixo!!

Km ? - Marquês de Pombal. Parece que sou eu que sou o estrangeiro aqui, no meio da fiesta espanhola! A vista de Lisboa daqui é espectacular!

Km ? - Rossio. Queixo-me do piso.

Km 19 - Pç. do Comércio. E finalmente alguma festa Portuguesa. Uns tambores e algum barulho. Os portugueses também não têm razão nenhuma para festas!!

Km 20 - A ligação ao Cais do Sodré, ainda em obras, reduz o espaço de circulação. Muita gente e dificuldade em correr. Mais uma água e o 'passeio' está a acabar-se.

5:08 / 4:52 / 4:44 / 4:50 / 4:55

Km 21 - D. Carlos I e é a Meia Maratona com 01:42:51! A margem de 2' é curta para o que ainda aí vem. Grande confusão com o pessoal das estafetas todos a afunilar a passagem.

Km ? - Alcântara e uma queda de dois. O magote à volta da bandeirola é tal que tropeçamos uns nos outros. É irracional a fixação que temos por aquele desgraçado que aceitou tamanho fardo. A marcação é literalmente em cima!! Depois acontecem destas. Se aquilo fosse comigo tenho a impressão que ficava ali, estendidinho!!

Km ? - Finalmente o retorno. Leva a habitual palmada. 'Só' faltam 12Kms. Vejo o António Almeida.

Km ? - Gerónimos. Afasto-me do balão para uma distância de segurança. Tudo começa a provocar-me atrito. O desgaste aumenta.

Km 25 - Mais um abastecimento. Há pessoal a atravessar-se à frente do grupo para ir beber água! Ouvem-se gritos!

5:00 / 4:57 / 5:00 / 4:57 / 4:57

Km ? - Av. 24 de Julho ao Domingo. Um passeio para alguns. Às vezes são 3 e 4 lado a lado, em amena cavaqueira. Vamos sem grande margem que fará falta depois para o Areeiro. O fuel diesel está a acabar-se!

Km 35 - Cais do Sodré. Acho que aqui tive direito a 1/2 banana!! Um dos mimos da organização!! Não foram muitos!!

4:57 / 4:55 / 5:01 / 4:57 / 5:02

Km 36 - Pç. do Comércio. E perco o balão! É o muro, enorme que se ergue à minha frente!!

Km ? - Martim Moniz. Subo o muro. Olhos no chão (Francisco). Olhos no chão. Mas não sou só eu. Aquilo parece uma via sacra de penitentes por ali acima, em direcção ao Areeeiro!

Km 39 - Pç. do Império. Apanho o Eduardo Santos que afinal não ia perdido. Pergunta-me pelo tempo. Respondo 03:15. Vou-me embora. Ele diz que vai com fome ... Faço contas e sinto que ainda tenho alguma hipótese. Faltam 3Kms e tenho 15' para os fazer.

Km 40 - Pç. do Areeiro. Adoro-a!! Recuso água. Acho que não conseguia beber agora!! Arranco feito desalmado!! Eu bem queria aumentar o ritmo mas acho que o corpo me ignora simplesmente!!

5:00 / 4:59 / 5:18 / 5:20 / 5:25

Km 41 - Av. de Roma. Um sujeito de bicicleta despeja spray nas pernas doutro que aparenta correr (...). Aquilo vai para os meus olhos tal a quantidade vaporizada!! Fujo dali. Continuam os pares e eu aos ziguezagues! O meu mau feitio está no seu auge e pareço rugir!! Av. E.U.A. Adoro-a ainda mais que à Pç. do Areeiro. A descer tudo ajuda mesmo.

Km 42 - Av. Rio de Janeiro. Mas aonde é que está a porta?? De manhã estava aqui mais perto!! Olho para o 'Silver' e ainda marca 3:29!! À m/frente vão dois espanhóis. Sinto-me como o Nuno Álvares. Estes têm de ser meus!!

Entro no Estádio e na recta da meta. Assim que consigo ver o pórtico descanso finalmente!

Consegui!!

4:54 / 4:49

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Maratona de Lisboa

A época 2012/2013 está no início.

Começou este ano com uma estreia no Monge, em excelente companhia do meu filho + velho Guilherme e dos meus amigos destas andanças Jorge Branco e Víctor Silva, que rapida e naturalmente foram adoptados como Padrinhos de 'baptismo' do rapaz!

Seguiu-se-lhe a inevitável Meia da Nazaré e agora esta, a Maratona de Lisboa, que termina o ano chamado de 'civil'.

Depois das férias de verão, propositadamente de descompressão também em termos de corrida, para poupar o esqueleto, simplesmente não me apeteceu começar em força com os treinos. Normalmente, os treinos recomeçam na 2ª quinzena de Setembro e esta ano pura e simplesmente não me deu para ali!!

Passou-se Setembro, passou-se Outubro e passou-se Novembro. Cá o rapaz a fazer 3 corridinhas semanais, de manutenção, sempre descontraidamente, nada de específico, mas a manter uma certa rotina corporal.

Na Nazaré o teste foi superado, com distinção. No final e após um aquecimento de 17Kms o tempo final abaixo da 01:45'.

Mas a Maratona está longe de ser 'apenas' duas Meias Maratonas.

Como já me conheço há uns anitos, à partida confessei-me  "...nem vale a pena planeares uma Maratona calma, porque já sabes..."

Os 5'/Km andavam a zunir ao ouvido há muito tempo. Experimentei na Nazaré e a coisa até se aguentou. Por isso olha ... não há-de ser nada e vai ser para sofrer ...

Às 08:55, na recta junto ao 1º de Maio, confessava-me ao Francisco Monte: hoje vai ser para doer. Para a 1ª parte sei que dá, até porque a 'coisa' é sempre a descer, depois será o que o corpo deixar!!

Assim que a partida é dada procuro o balão das 03:30!! Era este o desafio naquela manhã fria. 03:30!!

Parto sempre muito atrás. Facilita em termos de aquecimento, de ambiente, em termos de cheiros, em termos de cotoveladas e pisadelas mas dificulta noutras coisas, entre as quais o tempo que se perde até se conseguir correr qq coisa.

Outra coisa que é habitual em mim é gostar de começar calmamente e depois ir aquecendo, devagar, davagarinho e só após os 5 ou mesmo 10Kms começar num passo mais certo.

Mas para cumprir o meu objectivo havia que arregaçar logo de início e para agarrar o 'bandeirola' tive de dar ás canetas naquele 1º Km.

Assim que o agarrei colei-me que nem lapa. Eu e mais alguns 50 taradinhos, que rodearam o rapaz qual bóia de salvação no meio dum mar agitado e inóspito!!

Mas no início das provas longas eu vou cheio de água e nesta 1ª Meia fui obrigado a ir à latrina 2 vezes. Se juntarmos a estas duas paragens mais 4 nos abastecimentos, em que parei em todos para beber alguns goles de água, aqui está a explicação para alguma inconsistência no ritmo que consegui na 1ª parte da prova. Se me atraso mesmo que sejam 'apenas' 200mts, é um esforço suplementar que tenho de fazer para os recuperar e tenho a certeza que isto é pura e simplesmente falta de treino. Porque tudo se treina, até o básico de beber água e correr em simultâneo.

De resto foi como planeara antes da prova. A 1ª parte é realmente fácil. Tirando algumas subiditas, aquilo é um passeio. Mas o passeio se é em demasia paga-se caro, logo a partir do Cais do Sodré.

Embora em esforço, a partir dali aumentei a concentração no Km a Km. Lembrei-me da táctica do Francisco "... é olhar para o chão e continuar ..." . Procurei evitar tudo o que me causasse 'atrito' fosse de que género fosse. A partir dos 30Kms há muita coisa que causa atrito!!

A concentração de malta à volta do 'pacemaker' começou a enervar-me, com pessoal que não dá um milímetro entre eles e o sujeito da bandeirola. Já depois do retorno, afastei-me propositadamente daquele magote. Outra coisa que me enervou foi o pessoal mais atrasado da Meia Maratona. Eu sei que ele têm o mesmo direito que eu a andar ali. O facto de eu estar a correr a um ritmo exigente (pelo menos para mim ...) e eles irem em 'passeio', não me dá o direito de exigir ou esperar que eles se desviem por simpatia. Mas porque é que têm de fazer a Meia Maratona a andar e ainda por cima em paralelo, alegremente na conversa e a ocupar por vezes quase toda a largura da via disponível para correr??

É o eterno confronto de interesses, entre aqueles que têm expectativas de um qualquer obstáculo a ultrapassar e os outros, aqueles que consideram aquilo como uma simples manhã de convívio entre amigos!! Sinceramente por vezes inclino-me a que sejam eles que têm razão ...

Depois foram os abastecimentos, em que há pessoal que se atravessa positivamente à frente de toda a gente para agarrar a 1ª garrafa que é oferecida, na 1ª mesa de várias com abastecimentos. O pessoal da organização bem gritava "há mais garrafas à frente" mas para quê, era aquela, a que o pessoal queria a toda a força agarrar e depois era tudo a desviar de todos para evitar quedas!!

Enfim, já com muito desgaste (em vários aspectos) cheguei à Pç. do Comércio e pura e simplesmente a cabeça quebrou. Assim que começamos a subir a Rua da Prata fico-me para trás e lentamente vejo a bandeirola a afastar-se. É o 'Muro'!!

É o pior período. Martim Moniz, Almirante Reis. Em dia de Maratona odeio aquelas zonas de Lisboa!!

A bandeirola vai a cerca de 200/300 mts à minha frente e eu lá vou em direcção ao enorme prédio cor de rosa lá em cima, no Areeiro. Na Pç. do Império vejo á minha frente o Eduardo Santos. Cumprimento-o e ele pergunta-me com que tempo vamos. Respondo-lhe 03:13hrs e sigo caminho!

Poucos metros à frente passo a marca dos 39Kms, faço contas e de súbito a vida volta ao meu corpo!!

Espera lá!! Se vou com 03:15 aos 39Kms, tenho mais 3 Kms para fazer a 5'/Km!! É ainda possível!!

E todo torto lá experimento qualquer coisa que eu queria que se parecesse com um aumentar de ritmo, mas que devia parecer tudo menos isso a alguém que por incrível que fosse observasse por acaso o meu movimento. Em direcção à Av. de Roma acelero o que posso. Lá apanho novamente pessoal lado a lado alegremente em domingo de passeio e eu ali, com os bofes de fora a ter que ziguezaguear por entre eles.

Os espanhóis cheios de vida e garra puxam pelos seus. Os nossos, os portugueses não tiram as mãos dos bolsos, para não arrefecerem!!

Chego à Av. dos EUA e agora são 300mts a descer e lá vou eu, perto da síncope!!

Viro para a Av. Rio de Janeiro e o Estádio parece estar mais afastado do que há poucas horas atrás.

Entro no Estádio e começo a olhar de imediato para o pórtico, com o cronómetro que só consigo ver quando entro na recta da meta.

A marca das 03:29:5x está a virar e aí acredito, vou conseguir!!

E consegui. 03:30:08!! Se a Maratona fossem 'apenas' 42Kms tinha baixado as 03:30hrs. Com as esquisitices fizeram-na com mais uns metros e só por isso passei uns segundos daquela marca.

Fiz qualquer coisa muito parecida a isto em 1990, na minha 2ª Maratona, uma que terminou na Praça do Município, tinha eu os meus 30 anos.

Fiquei contentíssimo e prometi a mim mesmo que agora é que eu me vou esforçar, agora daqui prá frente, para entrar em beleza em 2013.

Seguem-se projectos importantes, aliciantes e desafiantes. Para já são apenas projectos, só em Janeiro decidirei.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A Meia da Nazaré (Parte II)

Neste meu, até ver, último regresso às corridas, a ida à Nazaré evoluiu do aspecto puramente competitivo com que a encarei nas décadas de 80 e 90, para algo mais a ver com o prazer de usufruir daqueles ares e ambientes muito particulares nas manhãs de Novembro.
A Nazaré passou a não ser 'apenas' para fazer a Meia Maratona e passou também a ser uma desculpa para fazer um treino especial, longo ou específico, para a Maratona de Lisboa, que geralmente se realiza passadas 3 semanas.
A ideia passou a ser fazer alguns Kms suplementares, antes da Meia e depois fazer a prova, sempre em ritmo de treino.
Em 2010 foi um simples ir e vir no trajecto da Meia, a que se seguiu a prova em 02:00hrs.
Em 2011 variei o trajecto, para a via paralela à estrada que constitui o eixo principal da prova, junto aos campos, a que se seguiu a prova, novamente para 02:00hrs mas com 1 série de 1Km a cada 5 de prova, num ritmo perto dos 04':30"/Km.
Em 2012 melhorei o percurso do 'aquecimento', fazendo um circuito circular desde a Nazaré até Valado dos Frades e retorno à Nazaré.
Passei de 12Kms em 2010, para 14Kms em 2011 e finalmente para cerca de 17Kms nesta última versão, que agradou e que será em princípio a versão para ficar como 'A sessão de aquecimento' na Nazaré.
Este ano apanhei chuva durante todo este período do treino, que só parou na parte final, já à saída do Valado.
Fui o mais confortável que consegui, sempre acima dos 6'/Km e sempre a controlar os BPM. Cheguei ao carro a 15' do início da prova, tempo que foi suficiente para mudar de roupa e fazer um pequeno abastecimento.
Às 10:55 já estava na recta da meta à espera, lá no final de um pelotão que embora sem a extensão doutros que o tempo já ali presenciou, era ainda assim um belo pelotão.
Vi entretanto que estava atrás de toda a gente, junto ao pessoal da Prova de Marcha e tentei furar alguns grupos, sem grande sucesso. De modo que às 11hrs, quando a partida foi dada, ainda tive que ziguezaguear entre toda aquela gente que participando num 'Passeio' não deixam por isso de se preocuparem na posição em que partem e fazem menção de se chegar sempre mais à frente possível.
Acho que foi no 1º Km que decidi que nesta 38ª edição não iria, como nas precedentes, fazer a 2ª parte em ritmo de treino longo. Decidi ali mesmo naquele minuto, que iria testar a minha condição e o quanto conseguiria aguentar a fazer um ritmo mais elevado.
O objectivo passou então a ser o de ver até quando conseguiria aguentar um ritmo de 5'/Km. Iria por isso lutar por fazer qualquer coisa parecida com o que fiz em Maio, na Meia da Caparica.
Para aquela prova prepara-me especificamente. Para esta não fiz absolutamente nenhum treino desse género.
A outra meia foi na areia e esta seria no alcatrão, por isso as coisas estavam mais ou menos equilibradas, se nos abstraírmos dos 17Kms de 'aquecimento' que fiz nesta!!
Km a Km lá fui lutando. No retorno tive mais um adversário, o vento que desgastou.
Mas é assim a Nazaré, algo metafísico. Algo que foge à razão.
Por mais que eu tenha a alegria de retornar à Nazaré, sempre irei obter algo inesperado daquela prova.
É escusado fazer planos. Basta pôr-me a caminho e deixar o resto acontecer.
No passado 11 de Novembro aconteceu novamente Nazaré.
Até 2013 Nazaré!

A Meia da Nazaré (Parte I)

Há factos que só à posteriori assumem uma importância que nos escapara à data em que os mesmos ocorreram.
Estávamos algures em 1985, quando companheiros da actividade que na altura praticava me desafiaram para irmos à Meia Maratona da Nazaré.
Eram os anos de ouro da corrida a pé, do movimento das corridas 'populares' e a Meia da Nazaré era na altura uma prova das mais importantes que se realizavam a nível nacional.
Atalhando alguns pormenores, passadas algumas semanas estreava-me (sózinho ...) na Nazaré, numa edição com muita chuva e estreava-me também nas corridas a pé, coisa que na altura eu desconhecia quase que completamente.
Mal sabia que a Nazaré e a sua Meia Maratona, passaria a partir daquela manhã de dilúvio a ser muito mais que a vila piscatória de mar bravo que eu conhecia.
Nestes 27 anos, voltei à Nazaré em muitas manhãs de Meia Maratona, independentemente da forma física.
Aquela prova sempre teve vontade própria, muito para além da muita ou pouca forma física que eu tivesse na altura, ela foi sempre soberana sobre quaisquer que fossem os planos que eu tivesse feito para o desenrolar da prova.
A 2ª parte da década de 80 foi a altura em que melhores marcas obtive nas provas em que participei e a Nazaré sempre esteve acima dessa questão das performances, que na altura assumiam uma grande importância, como é natural em quem pratica desporto e tem 20 anos.
No passado dia 11 de Novembro, foi mais uma vez a Nazaré, ou o mar, não sei, quem tomou conta dos acontecimentos e me conduziu a vontade a partir das 11 da manhã.
Antes, cerca de 3 horas antes, já eu estacionava o carro após uma viagem calma e por caminhos já conhecidos. Desci a cumprimentar o mar debaixo duma chuva miúda e fria.
O mar é sempre diferente. O mar da Nazaré é ainda mais diferente. Não sei de será o 'canhão', ou o alinhamento entre a escarpa impressionante do sítio e o 'paliteiro' dos mastros alinhados e abrigados no porto, mas há ali qualquer coisa de especial naquele mar!!
Após os cumprimentos, o nervoso miudinho gradualmente apressa-me o passo e dirigi-me à incontornável Arcádia, para o café e o pão de deus habituais de há uns anos a esta parte. Aquele bolo meus caros leitores (...) a desfazer-se ainda morno na boca (...). Sabe sempre a pouco este deleite, mas nesta edição decidi prolongá-lo e ir desafiar a Batel a superar o desempenho daquele menu na Arcádia.
O Nuno Sentieiro há 1 ano atrás mencionara a Batel no seu comentário ao meu relato da Meia da Nazaré de 2011 e eu não sou de virar a cara a um desafio desses.
A casa tem realmente mais montra, é realmente mais pastelaria, mas não me convenceu. Afinal o que eu procuro não são as lojas mas sim objectos de prazer. Pequenos pecados da minha inesgotável gula.
A Arcadia é realmente bem mais modesta enquanto loja, mas naquilo que eu realmente procuro nas manhãs em que vou à Nazaré, que é o prazer de deliciar-me calmamente e sem barulhos a saborear o meu café e o meu bolo, ela provou ser a que melhor se adequa.
Tenho pena Nuno Santieiro, mas a Arcádia continuará a ser a eleita!!
Com 2 cafés e 2 bolos no bucho (...) seguia-se o dorsal e aí o chato de ter de esperar pelas 08:30. Fui o 1º a sair naquele domingo daquele pavilhão com o dorsal no saco e agora havia que acelerar para a 1ª parte da corrida do dia: o aquecimento!