quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Francisco Monte

Esta manhã, ao passar de 'fugida' pelo FB, dei de caras com uma notícia que me chocou.

O Francisco Monte acabara de perder a Esposa!

Nunca escrevi neste blog qualquer texto acerca de quem quer que seja.Trata-se de um espaço dedicado a corridas, a treinos, até a confissões do seu autor, enquanto praticante de uma modalidade desportiva. É por natureza um espaço 'leve', sem pretensões que vão para além de fazer algum registo para a história.

Mas este acontecimento brutal exige-me uma excepção, porque sendo declaradamente o blog 'Amigos de Alex', considero ser justificação mais que suficiente (e infeliz também), para dedicar a um Amigo algumas linhas.

Conheci o Francisco há um par de anos num fórum de corrida. Conheci-o algum tempo depois, em pessoa, parece-me que na I Edição da Pirata de Monsanto. É uma pessoa de relacionamento fácil, cordial e sempre bem disposto. Propositadamente não faço qualquer comentário às suas capacidades atléticas porque considero que essa vertente do Francisco é escusada para o objectivo deste texto.

Depois desse 1º encontro cruzei-me algumas vezes com o Francisco, em corridas. Numa delas, na UMA, tenho ideia de ter visto de relance a Esposa do Francisco, em Tróia e foi a única vez que a vi.

É uma estupidez acontecer uma coisa destas!!


O Francisco está na casa dos 30 anos, está no início da sua vida adulta e tem tudo para a gozar de uma forma considerada natural, ou normal, seja lá o que isso for. Não é natural nem (felizmente) normal que aconteça o que acaba de acontecer ao Francisco.

Sei que a morte é uma inevitabilidade, mas que dói, isso dói. Para mais quando se trata duma pessoa nova.

Espero que o Francisco supere este momento da melhor forma possível e que a devido tempo a dor amenize e ele consiga retomar a normalidade possível na sua vida!

Um abraço Francisco Monte. Força!!



PS. Até há uns anos esta música era quase desconhecida para mim. Nestes últimos anos ouvi-a muitas vezes, porque quando a ouço estou mais perto dela!! É também para ti Francisco.  Por quem não esqueci!

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Venha +1 Nazaré!!

Já estou a ficar nervoso.

O dorsal será o 399!

Infelizmente (ou talvez não) nunca fui organizado ao ponto de saber exactamente quantas vezes fui à Nazaré.

Sei que a 1ª vez terá sido lá por 1984/85 e daí para cá já tive a sorte de lá estar muitos anos, felizmente. Mas é sempre especial quando se aproxima a data de mais uma edição da Meia da Nazaré.

Em 2013 lá voltarei, para repetir o figurino dos últimos 3 anos, em que passei à vertente "tantra" da coisa e me dá muito gozo poder usufruir mais algumas horas da Nazaré, fazendo um aquecimento antes de alinhar à partida da prova.

Cheguei à conclusão que apenas 2/3 horas de Nazaré por ano é pouco e assim, indo mais cedo, consigo passar toda a manhã ali, num local onde me sinto realmente bem.

Em 2013 adoptarei o percurso que fiz o ano passado e farei uma volta até Valado de Frades, qualquer coisa a rondar os 16/17 Kms.

Aquecimento Nazaré 2012

O arranque será um pouco antes das 09:00, logo após o café na Arcádia e o levantamento do dorsal. Depois serão duas horas de puro gozo. Depois, lá para as 11:00, logo se verá o que me apetece fazer na Meia da Nazaré no próximo dia 10 de Novembro.

Seja o que for que aconteça, espero que esta 1ª parte da m/visita conjunta às Mães corra como nos anos anteriores, muito bem!

Entre (as minhas) épocas desportivas.

Nesta fase da minha corrida, que começou como vocês sabem em 2010, após a operação ao menisco em finais de 2009 e até 2012/2013, a 1ª parte da minha época sempre teve como ponto alto a Maratona que se realizava em Dezembro.

Na 1ª parte da época (Setembro a Dezembro) fazia só estrada. Depois, de Janeiro até Julho era fugir dela ...

A época arrancava calmamente, após um descanso iniciado em Agosto, logo após a UMA.

Em Setembro começava com o Estágio das Areias, em Lagos.

Em Outubro fazia um treino cronometrado pirateando a Corrida do Tejo e fazendo ida e volta até à Praia da Torre.

Em Novembro fazia um aquecimento prévio ao acto de prestar os meus respeitos à Mãe, na Nazaré, num percurso que geralmente dava uma volta por Valado dos Frades e depois, já com o dorsal, era a Meia Maratona já no ritmo que planeava, às vezes 5' antes de arrancar...

E em Dezembro chegava finalmente a Maratona, já com 3 meses de treino e bastantes Kms nas pernas.

Com o novo figurino introduzido nesta época, a coisa baralhou-se um pouco. Só consegui fazer 2 semanas de férias em Agosto, depois da UMA, recomecei na 2ª quinzena, consegui manter o estágio de Lagos na 1ª quinzena de Setembro, fiz o treino cronometrado na Corrida do Tejo, também ela com calendário alterado e foi o que se conseguiu para preparar esta nova Maratona.

A vida é assim mesmo, uma sucessão de situações para as quais temos de nos adaptar. A esta lá terei de fazer o mesmo. No horizonte perspectiva-se já outra alteração, relacionada com os períodos de férias escolares do Alexandre Jr., a que dentro em breve terei de voltar a habituar-me, uma vez que já me tinha esquecido de idêntica situação para os outros meus Filhos Guilherme e Joana, já no epílogo das respectivas vidas académicas. É que o rapaz já está na pré (...) e por isso começa dentro em breve a ter férias escolares e calendários a que terei de (voltar a) adaptar-me.

Vai-se baralhar, assim de repente, o estágio de Junho de preparação para a UMA, visto que as aulas acabam a meio de Junho, a própria participação na UMA está ela também em risco, porque passarei em princípio a ser forçado a gozar férias algures em Julho e ainda o estágio de Setembro, provocado pelo início das aulas, geralmente na 2ª semana.

Com ou sem estágio resta a esperança de continuar a conseguir correr, continuar a retirar o prazer da corrida que actualmente retiro, porque se assim for o resto se arranjará. Se não puder fazer a UMA, outras alternativas terei de encontrar.

O estágio deste Setembro foi assim:
  • Início 02/Set
  • Fim 13/Set
  • Sessões: 12
  • Média Kms/Sessão: 11
  • Kms Totais: 150
Todas as sessões foram maioritariamente feitas ou em areia na praia, ou em terras nas falésias.

Com muito esforço, consegui fazer treinos todos os dias, mantendo a regra de intercalar um treino mais fácil com outro mais forte e procurando em todos eles manter sempre um ritmo controlado e confortável.

Vamos ver o que o futuro nos trará em termos de corridas.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Maratona 2013

Confesso que fui de pé atrás para esta que seria (e felizmente acabou por ser) a minha 6ª maratona.

Do ponto de vista pessoal, uma diferença de +3 Kgs do que em 2012 e apenas 6 semanas de preparação, levantavam algumas questões sobre o decorrer duma prova com as características desta.

Do ponto de vista da competição em si, o facto de ser uma estreia de percurso e de figurino levantava igualmente algumas dúvidas.

Embora grande parte do percurso fosse conhecido, excepção feita aquele desvio por uma Lisboa que não conhecia, na freguesia de Oeiras, restava sempre a dúvida sobre os abastecimentos numa maratona que alguém decidiu que deveria começar às 10:00hrs. É destas coisas que tem a uniformização e a certeza que é sempre arriscado em Lisboa e no início de Outubro, obrigar os participantes a correr na altura de mais calor do dia. Quando consegui sair do Parque das Nações, eram já cerca das 14:30 e ainda havia muitos participantes em esforço. Nas anteriores edições da Maratona que fiz, nunca tinha visto tanta gente a ser assistida pelas equipas médicas que por lá andaram toda a manhã. Tudo me leva a crer que a maioria devido ao calor que se fez sentir.

O meu objectivo era repetir as 03:30hrs conseguidas na edição de 2012, objectivo bem audacioso perante as minhas condições. Veio a revelar-se mesmo utópico, uma vez que nunca cheguei sequer a conseguir visualizar o respectivo 'pace maker'.

Parti cá bem atrás, como habitualmente faço, longe das confusões e apanhei ainda em Cascais o marcador das 5:00 e um pouco mais à frente o das 4:30. Lá para o Casino foi o das 4:00 e apanhei também o Francisco Monte, em serviço de 'pace maker' pessoal. Acho que andei com ele até perto dos 30Kms e junto à Praça do Comércio, já a correr sózinho, arrancou e nunca mais o vi.

Na Cruz Quebrada, tinha o meu Alex Jr. e a Dora, a darem aquele incentivo. Foram 2 beijos a correr mas a saber melhor que uma barra energética.

A este propósito os abastecimentos estiveram bem. Muita água, valha-nos isso, embora em alguns postos estivesse morna, por falta de sombras naturais ou artificiais. Fiz todos os abastecimentos e nos que tinham, bebi isotónico.

Mas é em Algés que a Maratona começa realmente. Os grupos começam a desintegrar-se e a 24 de Julho encarrega-se de começar a selecção dos que realmente têm preparação para o que ainda falta.

A Meia Maratona fez-se sem grandes novidades/dificuldades. O cenário dessa 1ª parte é realmente excepcional. Muitos palcos, alguma animação na rua e muitos abastecimentos.

Meia-Maratona: 01:46:03

Estou, apesar de tudo, perto do ritmo para atingir o objectivo das 03:30, mas as dificuldades começam agora.

A Maratona começa realmente ali, entre os 25 e os 30Kms. Já nas versões anteriores, o Cais do Sodré marcava o ponto de viragem na maratona. Foi assim também no domingo, 6/Out, nesta nova versão. Começou ali a levantar-se o meu Muro.

Já passa do meio-dia e o calor aperta. Depois vem o muro, na zona de Lisboa Pombalina. A penosa subida aos Restauradores.

(aqui um parêntesis para expressar que faria mais sentido para mim termos prolongado a subida - por mais que isso custasse -, até ao Marquês de Pombal ou mesmo ao Saldanha, em vez de se fazer aquela entrada esquisita em Oeiras!! Até parece ter sido alguma promessa ao inquilino/residente da carregueira ...)

Estamos agora finalmente em Lisboa!!

Para trás ficou o Bugio, a Torre de Belém, a zona da exposição do Mundo Português, o Museu do Traje, os Jerónimos, a Fonte Luminosa, as Marinas, o Museu da Marinha, o Centro Cultural, o Padrão dos Descobrimentos, o Museu de Arte Antiga, o Museu de Electricidade, o Cais do Sodré, a Praça do Comércio (porque é que não se fez um pequeno desvio e se passou na Praça do Município?? de Lisboa??)

É esta a Lisboa que interessa. Não que Cascais e a Linha do Estoril não sejam cativantes para o turista, mas trata-se alegadamente da Maratona de Lisboa!!

Estamos agora a descer em direcção de novo ao rio, passo o Rossio e vou para a Praça da Figueira. Aqui até o cavalo do D. João I se arrepiou quando aterrei a seus cascos. O piso muito irregular e o peso nas pernas são parte da explicação. A restante residirá numa qualquer alteração mecânico/muscular, resultante da operação ao menisco de 2009, porque desde aí, sempre que tropeço ou mesmo caio, é invariavelmente sobre o lado esquerdo, sinal que o pé esquerdo vai mais rente ao chão do que deveria e do que acontece com o pé direito.

Fiquei por fracções de segundo a descansar, completamente estatelado no chão do Rossio. Convenhamos que é um cenário com alguma originalidade!! Alguém atrás de mim devolve-me à realidade e ajuda-me a levantar. Olhei para os pontos de contacto:
  • Joelho esqº = ligeiras escoriações
  • Peitoral esqº = mesmo debaixo da t-shirt adivinha-se igual cenário. O dorsal ficou rasgado no vértice superior esqº
  • Mão esqª = ligeira contusão no mindinho
  • Queixo = ligeiro corte. Levo a mão ao local e ela vem com sangue.

Segue ...

À medida que fujo pela Rua da Prata abaixo, tento ouvir qualquer queixume de alguma parte mais mal tratada ... e nada, felizmente!! A máquina é ainda de bom fabrico e felizmente parece não haver males maiores.  A parte mais combalida foi mesmo o ego!!

Chego à Praça do Comércio e lá está um corredor que apesar de não estar a participar correndo, participa apoiando os que o fazem.

O Jorge Branco uma vez mais saiu da 'toca' e veio à cidade, apoiar quem participa. Claro que para melhor gozar o prato e como 'Raposa' sabida que é, coloca-se em local chave, quando já quase nem conseguimos esboçar um sorriso. Apesar do esforço, faço questão de parar e cumprimentá-lo. Dirige-me o incentivo "eh pah, isso está melhor que bom ...!!".

Sigo agora na Av. Infante Dom Henrique, que nos levará até perto do final. É aqui que o Francisco passa por mim e vai calmamente em direcção ao final. Faltam cerca de 10Kms. Vão ser penosos estes 10, penso com os meus cordões!!

Os abastecimentos continuam em alta e paro em todos para hidratar e descansar por alguns instantes.

Aquela zona é boa para sofrer. É deserta e sem ponta de distracção ou interesse de maior, tirando talvez a Estação de Stª Apolónia. Os participantes já vão espaçados entre eles e grande parte já entrou na fase da contenção e intercala marcha com corrida. Faço todos os abastecimentos e faço um esforço por recomeçar a correr em todos eles.

Faltam 9Kms e tenho 02:50 de prova. O objectivo das 03:30 está definitivamente fora de questão e passa a ser o de não parar de correr, até à meta, mesmo que subindo o ritmo para 05:30 ou mesmo 06:00.

Chego finalmente ao Cabo Ruivo e á Av. Dom João II e a meta está cada vez mais perto. Ouço ao longe "O Mundo ao Contrário". São os Xutos & Pontapés a terminarem o concerto. A avenida está cheia de gente que incentiva à medida que passamos. Sinto calafrios e chego mesmo a emocionar-me.

Passo na Estação do Oriente e falta cerca de 1Km. A praça está cheia de gente.

Faço mais uns metros e desço para apanhar a Alameda dos Oceanos. Ao longe vejo a meta.

Está feita.

Concentro-me para não arriscar outra queda e também saborear aqueles instantes finais.

Corto a meta e o meu Silver marca 03:38. Excelente!!

Está feita a minha 6ª Maratona.

Os números oficiais:

Tempo Final: 3:40:41
Tempo Chip: 3:38:36
Tempo K10: 0:52:47
Tempo K21: 1:49:21
Tempo K30: 2:34:12
Tempo K32: 2:44:06
Tempo K33: 2:53:26 (9' para 1Km??)
Tempo K36: 3:07:01 (14' para 3 Kms??)
Tempo K40: 3:31:52
Classificação Escalão: 35
Classificação Geral: 364

Algumas contas de cabeça e por alto:

Se o tempo final foi realmente o indicado, então percorri os 2 últimos Kms em cerca de 4:30"/Km o que não corresponde à realidade.
Entre os Kms 32 e 33 andei a mais de 9'/Km. Também não é verdade.
Logo depois, meti a 'pastilha' e entre os Kms 33 e 36 fiz abaixo dos 5'/Km. Era bom era!!

Os números reais, os do meu fiel 'Silver':

Tempo Final: 3:38:43
Ritmo Médio: 05':09"
Calorias: 3,780
Tempo K10: 0:50:14
Tempo K21: 1:46:03
Tempo K30: 2:30:15
Tempo K32: 2:40:24
Tempo K33: 2:45:22
Tempo K36: 3:02:15
Tempo K40: 3:25:15


O percurso registado: http://connect.garmin.com/activity/388458855

Curiosidades

A partir do Km35 passei a andar mais perto dos 06:00 do que dos 05:00.
Excepção para o Km42 que foi feito em 05:02
Fiz 10Kms < 05:00
Fiz 23Kms > 05:00 e < 05:15
Fiz 7Kms > 05:15 e < 06:00
Fiz 1Km > 06:00

Acabou. Fiz a minha 6ª Maratona!

Apesar das circunstâncias gostei da prestação. Com menos Kms nas pernas e mais quilos na barriga, era difícil fazer melhor. O percurso é rápido mas o calor fez a diferença.

Vai ser complicado conseguir cargas de treino muito melhores, mas se tudo correr bem, vou tentar repetir na próxima época.

Estou já em plena preparação para o próximo objectivo. Daqui a cerca de 2 semanas estarei de volta às Mães. À minha e à das Meias Maratonas. Irá concerteza ser mais uma excelente dia, em todos os aspectos.

Tenham calma Amigos d'Alex, depois conto. Serão os 1ºs a saber!!





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Férias 2013

(rascunhado em Agosto e publicado em Outubro ...)

Tou de férias das corridas!!

A UMA encerrou mais uma época. Agora até 15 ainda manterei as sessões semanais de piscina e depois, até Setembro, será mesmo só descanso!!

Realce merece apenas o facto de ter concluído mais uma época, a 4ª seguida do ciclo pós-artroscopia, sem qualquer lesão digna de registo.

Umas dores aqui e ali, são mais fruto da idade do que propriamente mal que mereça mais atenção.

Foi de resto uma época de alguma preguiça. Não que tal preguiça tenha evitado algumas aventuras como São Mamede ou a reedição de Runa. Claro que tal preguiça provocou também alguns 'amargos' como o desaire em Sesimbra.

A coisa até começou bem, com mais uma viagem de saudade à 'Mãe' Nazaré, em Novembro. Seguiu-se-lhe, em Dezembro, a Maratona de Lisboa, provavelmente a última mesmo de Lisboa, porque aparte as críticas que lhe possa ter feito, ao que parece vem aí uma maratona que de Lisboa só terá mesmo o nome, porque a acreditar nos boatos, será mais de Cascais, Oeiras ou Linha do Estoril do que propriamente de Lisboa. Mas é o provincianismo português no seu melhor, é, segundo consta, a tentativa de obter uma Maratona de nível mundial, que nós mesmo só a nível mundial!!

Nesta última edição da Maratona de Lisboa, fiz 03:30hrs e regressei a 1990, ano em que, com 30 anos, obtive igual resultado, noutra Maratona de Lisboa, numa edição que terminou na Praça do Município de Lisboa!!

Entrou 2013 e fiz a 2ª edição de visita à minha Mãe, esta não a das Meias Maratonas, mas mesmo a minha Mãe! Foi a 2ª viagem a Runa, sempre uma viagem importante para mim.

Depois deste ponto alto de 2013, as coisas começaram a acalmar, comecei a preguiçar!!

Sem grandes cuidados fiz a viagem a Runa, mas essa viagem, por ser absolutamente aparte de competição, não trouxe qualquer problema, porque o que não se faz a correr faz-se em passeio.

Mas continuei a preguiçar e veio Sesimbra e claro que estas coisas podem demorar mas cedo ou tarde pagam-se. Na Arrábida paguei a veleidade de querer fazer uma prova idêntica à do ano passado, sem para isso me esforçar. O resultado foi uma desistência aos 30Kms.

Assustado apliquei-me e passado 1 mês fui fazer o Ultra Trail de São Mamede. Demorei cerca de 18horas a completá-lo!

Finalmente chegou em finais de Julho a UMA, a 4ª edição, que fechou com chave de ouro esta época.

Agora só lá para dia 18/Agosto regressarei à actividade, já a iniciar a preparação para a maratona, aquela especial, para a categoria de ouro da federação internacional, aquela que entre outras, passará por Lisboa. A minha opção seria ir ao Porto, mas são 300Kms ...

Se nestes 15 dias decidir avançar com a inscrição, o meu calendário anual de provas dos últimos anos irá ser alterado, ficando a maratona antes da meia da Nazaré, mas não vejo alternativa e terei de me adaptar.

Se assim for, farei em Outubro a Maratona, em Novembro a Nazaré e depois procurarei algum objectivo.

Para 2014 só há para já um evento confirmado e esse é obviamente a 3ª edição de Runa!

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

UMA 2013

Houve UMA no domingo 28, lá para os lados de Melides!

Confesso que o ano passado, ao terminar a minha 3ª participação nesta prova, tinha ficado com uma desagradável sensação de faltar ali qualquer coisa. Faltou aquele pequeno degrau, que diferencia o acessível do difícil. No domingo passado, fruto das condições em que se desenrolou mais uma edição da UMA, aconteceu o tal degrau, e que degrau!!

Sempre encarei a UMA como uma prova envolta naquela áurea de 'feito'. Algo de que temos orgulho em falar, uma vez completada.

Atendendo às minha capacidades atléticas a UMA sempre assumiu uma figura de algo que uma vez conseguido nos eleva para um nível acima. Será, salvo as devidas proporções e levando ao extremo, o mesmo que o Carlos Sá terá pensado ao terminar a Maratona das Areias ou a Badwater.

No domingo até já ia avisado pelo Francisco, que no FB, dias antes, deixara um aviso quanto à areia e às condições da maré. Assim que começaram a passar os Kms, pude comprovar que tinha pela frente algo muito diferente do que encontrara em 2012, tanto em condições da areia, como na temperatura.

A maré vaza estava marcada lá para as 13hrs e aqueles Kms iniciais foram extraordinariamente difíceis, com a água muito em cima e ondulação forte. Quanto ao vento, que geralmente é sempre forte e a soprar contra o sentido da prova, este ano quase não se fez sentir e o que se sentiu foi pelas costas, o que fez com que a temperatura tivesse subido substancialmente.

A juntar aos factores climatéricos, os factores físicos, com a minha condição de modo nenhum comparável à de 2012.

Não servindo de desculpa, mas vou sempre tentando arranjar desculpa no facto de a organização, na procura incessante de mais inscrições e de recordes de inscritos, através do facilitismo, ir adaptando a data da prova de acordo com as melhores condições de marés. Este factor afastou a data da realização para uma altura não ideal para mim, que tal como no ano passado, seria sempre para meados de Julho, o mais perto possível do meu 'Estágio das Areias', em Lagos, invariavelmente em Junho.

Brincadeira à parte sou, desde que me considero no direito de emitir opinião, ou seja desde a 1ª edição em que participei, completamente a favor da realização da UMA em data fixa do calendário, fosse ela qual fosse. Expressei já essa opinião junto da organização, mas é obviamente apenas uma opinião, que pouco vale perante os números de inscritos, que se a coisa for digamos que facilitada (...) e a organização oferecer uma maré tipo Meia da Caparica, a notícia espalha-se e no ano seguinte batem-se recordes de inscritos, tal como aconteceu este ano. Claro que se entende que para um organizador são os números de inscritos que valem e ter 460 à partida, é sempre melhor que 360!

Só que por vezes a natureza é imprevisível e troca as voltas às estatísticas tal como aconteceu este ano. Dos 460 inscritos, chegaram ao fim 397!!

No domingo, aos 10Kms, já eu fazia contas aos Kms. Os que fizera até ali, o esforço que tal representava e o que ainda tinha pela frente. Confesso até que o espectro da desistência de 2010 inundou a minha cabeça, como uma hipótese. Mas ao pensar não no acto da desistência em si, mas em tudo o que passei em 2010, desde a sensação de fracasso, à hora ou mais à espera de transporte para Tróia a ver outros concorrentes a chegar à Comporta e pouco depois a retomarem o caminho até à meta, o ter que fazer aquele longo passadiço de madeira até à meta, cruzando-me aqui e ali com finalistas e lá na meta, uma vez recolhido o saco ter de voltar a fazer o mesmo caminho em direcção ao barco, fez com que decidisse, logo ali, colocar tal hipótese de lado e fazer a prova, nem que fosse a passo.

Até aos 10 Kms corri (ou arrastei-me) sempre acima dos 8'/Km, tais eram as dificuldades de progressão. Como sempre faço quando corro na praia, refugiei-me de molhar os pés e andei a maior parte do tempo na zona plana, de areia mais seca mas mais nivelada. Cerca dos 10Kms vejo o pessoal todo a encostar às arribas e percebo que na base delas o piso é mais estável e claro, faço o mesmo. Consigo fazer 2 Kms abaixo dos 8'/Km e já foi muito bom.

Os 18,5Kms e a Praia do Pego marcaram uma reviravolta na minha participação. Com os pés cheios de areia e muito cansado, arrisquei uma paragem, sem ter a certeza de conseguir recomeçar a correr. Fiz o controlo, dirigi-me calmamente a um chapéu e sentei-me na espreguiçadeira à sombra. Tratei dos pés, um deles já com uma bolha, hidratei e comi figos secos.

A minha mochila levou:
2x0,50 de água (+ 0,50 no bidon à cintura), uma sandes, um sumo de fruta, figos secos e amendoins salgados.

Uma vez terminada esta paragem recomecei a corrida e passados alguns metros senti alguma reabilitação muscular e fiquei muito animado. Embora cansado, no recomeço as pernas respondiam afirmativamente ao esforço e assim podia contar com elas!

Fiquei muito animado, passei de imediato a rolar na casa dos 6'/Km e logo ali fiz o plano de ataque a Tróia: fazer a correr o trajecto Pego - Comporta a correr, fazer nova paragem técnica na Comporta e a partir dali intercalar 2kms de corrida com 1km de marcha forçada!

Consegui chegar à Comporta e fiz a paragem planeada. Comi metade da sandes e o sumo. Hidratei e arranquei de novo.

O ânimo era aqui mais elevado. Embora muito desgastado com os 1ºs Kms, as pernas reagiam após algum descanso e isso fazia com que acreditasse ser possível concluir a prova.

Faltavam agora cerca de 15kms. A areia era já ligeiramente melhor e dei comigo a andar novamente na casa dos 6'/Km. Corro até aos 31Kms e depois o 32º é feito a passo acelerado. Não me apetece andar mas faço-o por precaução, mais do que pela necessidade. Recomeço e nos 34Kms, quando estava prestes a parar e seguir novamente a passo, apanho dois concorrentes e 'colo-me' a eles. Como o ritmo é bem confortável decido não andar mas tentar acompanhá-los, pois vão perto dos 7'/Km. Mas foi sol de pouca dura, porque nem 1Km durou esta parceria uma vez que os meus companheiros pararam.

O corpo reage bem e já não me apetece andar. Pelo seguro faço pausas que agora rondam os 500mts. Olho para o 'Silver' centenas de vezes. Não consigo controlar o meu ritmo sem estar sempre a olhar o relógio. Na cabeça a mesma música desde há bastantes Kms. Não consigo mudar para outra, repito e repito e repito a mesma vezes sem conta. O olhar sempre no horizonte, sempre à procura dum pórtico. É um esforço enorme a todos os níveis fazer uma prova destas. Os pés doem. Tenho a camisola encharcada. Controlo a água que me resta e obrigo-me a beber. Ainda bem que trouxe comigo 1,5lts. À partida ainda equacionei a hipótese de descartar 0,5lts. O estômago já vem algo nauseado desde a Comporta, pelo que não dá para meter nada sólido. Só água!

Os kms vão passando. Intercalo Kms feitos mais perto dos 6'/Km com outros feitos a 7'. Faço em marcha trajectos de 200/300mts mais por cautela do que por necessidade. O terreno volta a inclinar e a planta do pé esquerdo, que é o mais solicitado dada a inclinação do terreno, queima. Sei que devia parar para limpar minimamente os pés, mas não quero perder ritmo, pois se o fizer será muito difícil retomar, será difícil conseguir convencer o cérebro a empurrar as pernas naqueles kms finais.

Alcanço os 37Kms e a táctica é agora bem mais simples: correr o mais devagar possível e fazer trajectos de 200/300mts a andar o mais depressa possível.

No horizonte vejo a curva na praia que antecede a meta. Depois da curva são cerca de 1500mts para o tão procurado pórtico. Estou prestes a terminar aquela que foi de longe a mais difícil UMA. Passo um atleta que se diz estreante e comento "mas que estreia!!"

Já vejo o pórtico, bem lá longe. Ando perto dos 6'/Km e arranjo forças para percorrer os mts finais.

Corto finalmente a meta perto das 05:32hrs. Em 2012 fiz 04:50hrs, mas a sensação de feito é agora muito mais real.

Ataco o balcão do isotónico e logo depois o da cerveja. Sento-me 5' e sigo de imediato para a praia, para o banho tantas vezes sonhado lá atrás.

Na praia só vejo malta de calções com andar estranho!

Dou um mergulho e fico ali de molho, a saborear aquele prémio.

Desta vez farei o passadiço de madeira em direcção ao ferry apenas no sentido da ida.

Sou 'finisher' da UMA 2013!!

Alguns números da minha UMA

Tempo Oficial: 05:32:36
188º Classificado da Geral (em 397 finalistas)
18º Escalão 50/54
Ritmo médio: 07:37'/Km

Entre as Arribas e o Mar

Junho


Impõe-se aqui uma nota prévia a este artigo, uma vez que, apesar de respeitar a um evento que ocorreu em Junho, por várias razões não o publiquei na devida altura.

Pretendo agora com a sua publicação colocá-lo no lugar próprio.

...
...


Foram mais umas férias em Lagos e mais um Estágio nas Areias, como gosto de lhe chamar para tornar as coisas um pouco mais sérias.

A cabeça já a pensar noutras areias, as da Península de Tróia onde tudo se decidirá e terminará em termos de época 2012/2013.

O objectivo, claro, é gozar ao máximo os cenários e ganhar algumas pernas para a ponta final da época, que sublinhe-se, não foi de todo das mais esforçadas ...

Apesar de ser um centro urbano de consideráveis dimensões, Lagos consegue ter oferta muito boa em termos de condições e locais para fazer umas boas sessões. Há boas alternativas ao alcatrão e criei já alguns percursos jeitosos por lá.

Com o imenso mar como incontornável pano de fundo, foram 3 semanas de muito gozo e algum esforço.

Tive frio e calor. Alguma chuva e claro o habitual vento.

Diariamente, a rondar as 07:30 arranquei para as minhas sessões. Fiz a maioria na Meia Praia. É afinal um local de excepção, também para correr, adoro correr na praia e em Lisboa tenho mais dificuldade em consegui-lo. É aliás um privilégio poder treinar com aquele cenário. Tentei aproveitá-lo o melhor que consegui.

Com a enorme lua cheia de meados do mês, o mar agitou-se e ficou ainda mais impressionante. Não há de resto mar igual. Sempre que é admirado oferece vista diferente.

Apanhei marés cheias em que os 10Kms de areal foram feitos em areia seca e solta. Apanhei marés vazias em que a baía parecia uma scut. Para o outro lado, o das arribas, fiz também boas sessões, igualmente duras e também com cenários excelentes. Destaco o circuito Porto de Mós - Praia da Luz - Porto de Mós - Praia D. Ana - Praia do Camilo - Praia do Pinhão. Percurso com cerca de 15Kms, 80% dos quais em arribas com vistas impressionantes para a Meia Praia, Alvor ou do outro lado, Cabo de S. Vicente.

Outro 'must' dos meus treinos de verão na praia é fazê-los à La Krupicka, ou seja, em tronco nú. Vai-se o decoro e ganha-se em sensações muito positivas.

Manhãs excelentes que acabo de gozar.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Sesimbra Ultra-Trail 2013

Abril


Impõe-se aqui uma nota prévia a este artigo, uma vez que, apesar de respeitar a um evento que realizei em Abril, por várias razões não o publiquei na devida altura.

Pretendo agora com a sua publicação colocá-lo no lugar próprio.

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Estreei-me nesta prova em 2012, com resultados muito satisfatórios. Este ano foi o desastre e a 2ª desistência da minha carreira de atleta.

O dia começou bem, a viagem pacífica, ao contrário do ano passado não se adivinhava chuva, antes pelo contrário, o dia previa-se quente.

Levantar o dorsal, cumprimentar as caras conhecidas e pouco antes das 7hrs lá estava eu, bem lá atrás, aguardando pacientemente pela partida.



Mas esta paciência foi-se assim que ouvi o tiro de partida!

Lancei-me por ali acima, sem cautela, à confiança.



A história da minha participação nesta prova, fica assim resumida a mais uma lição de humildade e de consciência das minhas capacidades em determinada altura e dos meus limites. É o como não se deve fazer uma prova quando não há pernas para tal!!

Treinei pouco este ano. Já em Fevereiro, na minha viagem a Runa, senti que a condição física nada tinha de comparável com a do ano anterior. Mas em Runa, houve uma diferença, que foi a atitude com que encarei não uma prova, mas sim um evento muito especial. Em Fevereiro não liguei ao relógio, no passado 14 de Abril só liguei ao cronómetro.

O resultado foi que a partir dos 20Kms o 'fuel' acabou. As pernas simplesmente recusavam-se a andar. A subir fazia um esforço enorme e em plano nem correr eu conseguia. Já no Cabo Espichel sentia grandes dificuldades de progressão, mas quis dar algum tempo e arrastei-me até aos 30Kms.

Desisti.

Correr ... Por quem não esqueci - 2ª Edição

Fevereiro


Impõe-se aqui uma nota prévia a este artigo, uma vez que, apesar de respeitar a um evento que realizei em Fevereiro, por várias razões não o publiquei na devida altura.

Dada a natureza do mesmo e também o respeito que devo aos intervenientes e envolvidos na 'Minha Jornada', tinha que vir aqui terminar o que passados alguns dias do 3/FEV escrevi e publicá-lo, tentando assim colocar no lugar próprio este evento que sublinho, é o mais importante da m/época.

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E chegou mais um 03/02 e mais uma visita à minha Mãe, em Runa, a cerca de 50Kms de casa.

O meu dia de viagem começou às 04:00, com um bip do despertador do tlm. A noite de sono foi curta. Apesar de só ter conseguido deitar-me já depois das 00:00, acordei 2 vezes, não sei bem porquê, ou até sei ...

A laranja + higiene + peq almoço (hoje mesmo pequeno ...) + equipar, foram as etapas que antecederam a saída.

Esteve mais uma vez uma manhã muito fria, com vento a soprar maioritariamente contra, por isso, quando comecei a minha viagem às 05:15, fi-lo em passo apertado. Estava muito frio, tinha mais de 50Kms pela frente e aconselhava-se um aquecimento.

Desta vez o dia calhou a um domingo, em teoria com menos carros do que em 2012.

Fisicamente estava menos preparado que em 2012, mas essa é uma questão menor, perante o objectivo que constitui este evento.

Acertei alguns pormenores do equipamento e do abastecimento com a experiência do ano passado.

A táctica para esta viagem, voltou a ser a que segui na 1ª Edição, com excelentes resultados: sem pressas, subidas a passo e o resto a correr a um ritmo o mais aproximado possível dos 8Kms/Hora.

A 1ª parte liga Queijas a Queluz, atravessando a Estrada Militar. Percurso sensivelmente a subir e muito escuro.

Depois de Queluz, segue-se a ligação a Belas, junto ao Aqueduto e à CREL. Maioritariamente subidas, com muitas curvas e poucas bermas. É sem dúvida a pior parte do trajecto, principalmente à tarde, quando faço o regresso, porque passo aqui em hora de ponta, é um local escuro e sem bermas, não tenho como fugir dos carros que se cruzam comigo. Mas essa parte já lá virá, continuemos na ida.

Sendo um domingo, pouca gente se vê na rua, embora aqui em Belas seja dia de Feira e a azáfama seja já muita.

1ª hora de viagem e 8Kms.

É uma parte essencialmente mental. A hora do dia, o escuro, o frio e o facto de não correr, por ser essencialmente a subir, puxa pela cabeça enquanto o corpo aproveita.

Às 05:53 o 1º sms:
"Aqui Centro de Controle da Toca da Raposa Manca! Estamos no nosso posto! Força Alex!"

Uma vez mais a sorte de poder contar com um aliado de força. Só ele, eu e quem como nós tem gosto pela corrida a pé, sabe a força que representa ter alguém a incentivar o nosso esforço, seja ao vivo, seja por qualquer outra forma. Em esforços com as características deste, em solitário e acima dos 100Kms, esse contacto é ainda mais importante e motivante.
Entre amigos diz-se que não há agradecimentos, eu sei! Mas paciência: Obrigado por tudo Jorge Branco!!

2ª hora de viagem e 16Kms.

Acabei de passar Caneças e vou agora em direcção a Vale de Nogueira. Uma terreola lá mesmo no fundo. É por isso agora tempo de correr. Passa alguma coisa das 07:00 e o sol vem aí!



Escrevi um apontamento: "Para a próxima vez não trazer garrafa de água na mão"

Na dúvida acabo sempre por trazer coisas a mais. Desta vez foi uma garrafa de 50cl de água, a juntar a mais 3x0,5lts que trazia na mochila e no bidon de cintura. Foi demais e aquela garrafa na mão enervou-me.

Ponte de Lousa e Lousa são as etapas seguintes em direcção à Póvoa da Galega e ao desejado reforço de pequeno almoço.



3ª hora de viagem e 24Kms em Ponte de Lousa.

Desta vez a minha trouxa foi composta por: 1 sandes de fiambre e 1 sumo/polpa (roubado ao Alex Jr.) + 4x0,5lts de água + 3 porções de bolo energético (desta vez ainda ficou mais intragável do que na versão de 2012!! Só consegui comer 1 porção ...) + 1 banana + 2 doses de amendoins com sal + 10 bolachas chipmix com sultanas + 1 dose de figos secos + 2 barras energéticas. Na ida não comi estes últimos 3 itens.

4ª hora de viagem e 32Kms na Póvoa da Galega e finalmente um café!

Antes, a alguns metros, foi a sandes + sumo e depois foi um queque e um café escaldado, que souberam divinalmente.

A manhã está cheia de sol, embora fria. Sinto-me bem. Aqui e ali mais uma dose de adrenalina com mais um sms do Jorge.

5ª hora de viagem e 40Kms. Estou nas Malgas. Zona já com algumas descidas, onde o passo sempre anima e também o espírito, porque me aproximo do meu destino.

Por esta altura começo a sentir o calcanhar direito. Há qualquer coisa de errado porque os sapatos escolhidos são de absoluta confiança e já muito rodados. É então que concluo que a culpa é das palmilhas! Troquei as palmilhas com as dos GT2150, que por terem menos uso que estes e serem o mesmo número, me induziram na falsa ideia que daí resultariam benefícios.

Errado! Muito errado!!

Paro e inspecciono o pé. Há uma zona junto ao calcanhar onde já é evidente o conflito do pé com algo que não seria suposto estar ali. Claro que o factor tamanho é importante, mas a forma de um e de outro sapato, que concluo não serem iguais,. também não é menos importante.

Claro que daqui retiro + uma lição, sobre o tema já tão debatido, (mas raras vezes assimilado) acerca das "... estreias e novidades em dias de evento ..."

Recordo a UMA de 2012, em que me passou qualquer coisa pela cabeça, ainda estou a tentar perceber o quê, para escolher fazer aquela prova, com uns sapatos com que nunca tinha feito sessões superiores a 2horas!!

Voltando ao meu calcanhar, tinha de minimizar o atrito e coloquei uma boa dose de vaselina, voltando a calçar-me.

Aproveito aqui para comer 1 banana e lanço-me para a última parte do meio dia da manhã. É a parte mais fácil, esta entre os 40 e os 50Kms. Essencialmente a descer e já com o espírito lá!

Recebo um mms do Jorge "Parabéns Alex. Eu cá estou na toca para te acompanhar no regresso. Abraço"

Sem palavras ...

Tiro novamente a foto, que começa a ser da praxe, à placa de Runa.

 Cheguei mais uma vez!

Desta vez sou o 1º a chegar. Surpreendi todos porque em relação a 2012 venho mais cedo cerca de 30'.

Consigo assim uns momentos mais a sós, que me sabem muito bem.

Desta vez não me esqueci de desligar o 'Silver' para também ele poder descansar um pouco e conseguir aguentar o regresso a casa. No saco que desta vez vem (...) no carro de apoio, vem o carregador, que irá servir para 'alimentar' o meu fiel companheiro de viagem.

Passo alguns instantes a matar saudades. Minutos preciosos estes, que tento aproveitar ao máximo. Quase que desejo que não venha mais ninguém. Naqueles momentos eu quero ser egoísta!

Nem sinto a roupa molhada a arrefecer no corpo. Se bem que o dia esteja bonito e o sol aqueça um pouco.

Chega a Família e depois de mudar de roupa vou almoçar. Uma sandes de presunto acompanhada com batata frita e duas minis. No final remato com 2 tangerinas. O Alex Jr. naturalmente capta as atenções e estamos todos na brincadeira por alguns minutos.

Por mais que eu quisesse, não consigo evitar que esta paragem dure menos de 1hr. Mas também não faz sentido estar com pressas.

Coloco na mochila os abastecimentos para o regresso:
1lt. de água, 1 sandes de presunto, 1 coca-cola, 2 tangerinas, 1 banana, 2 doses de amendoins, 1 dose de bolacha com sultanas, 2 doses de figos secos, 1 barra e 1 gel energéticos. Disto tudo, no final, não comi nada dos últimos 4 itens.

Passa das 13hrs e estou em pulgas para me meter a caminho. O arranque é sempre penoso, seja porque me vou embora donde não queria ir, seja porque estive parado cerca de 1hr e o corpo arrefeceu, ou seja mesmo porque o trajecto de retorno começa logo com subidas. Mas arranco para logo á frente voltar a parar. Com a distracção esqueci-me e vesti corta-vento e o gorro, que neste início de tarde com sol e temperatura bem amena não fazem para já qualquer falta. Aproveito ainda para ligar agora o meu MP3, carregado com cerca de 4GB de música para dar ânimo neste reinício.

Já no ano passado só o havia ligado à tarde. Digamos que a manhã serve mais para a jornada e a tarde já se torna mais físico...

A música  ajuda ao recomeço, mas dos 50 aos 60Kms custa muito! O corpo arrefeceu e não está com vontade nenhuma.

Às 15:30 novo sms do Centro de Controlo: "Força Alex, eles estão à tua espera". Como anexo à mensagem uma foto da participação no Run & Bike da Meia Maratona de Queluz, com a restante equipa Alex Jr. e Dora.

Esta atenção, esta disponibilidade sensibilizam e dão um alento do camano e do catano!!

A partir dos 60Kms o ânimo retorna, o corpo também e o MP3 ajuda. Já o ano passado aconteceu e neste voltei a beber muito mais água no regresso. A temperatura neste início de tarde é agradável e os Kms sucedem-se sem grande esforço. Dá a impressão que venho mais lento este ano em relação a 2012.

Aqui e ali vou captando algumas imagens.



Por volta das 16hrs é a minha Filha a motivar: "Bora campeão, tu consegues!"

Este é também um dia em que os sinto mais comigo, provavelmente porque eles também sentem que retiro durante algumas horas a habitual armadura com que normalmente disfarço os sentimentos.

Perto das 18hrs estou de volta a Vale Nogueira e o dia começa a arrefecer. É altura para voltar a vestir o corta-vento e enfiar de novo o gorro. A temperatura baixa e há que proteger o corpo.


" TÁ FEITO CAMPEÃO " envia-me o Jorge via sms, às 17:54. Não está ainda FEITO como incentiva o Jorge, mas já faltou mais!!

Por volta dos 70Kms e porque o calcanhar tem vindo a queixar-se, descalço-me e vejo que tenho um calcanhar na bolha!! Ou seja, a bolha que fiz, já é quase maior que o calcanhar. Nada há a fazer agora para além de aguentar.

Estou naquela fase em que pouca coisa me faria parar e/ou desistir. A parte de Caneças, ligeiramente a descer, é horrível do ponto de vista de segurança. Chego aqui invariavelmente de noite, a zona é quase exclusivamente curva e contra-curva, sem bermas e com muros altos que retiram qualquer visibilidade. Mesmo a um domingo, o trânsito é menor mas não deixo de andar aqueles Kms em sobressalto.

Mas a jornada está prestes a terminar. Passada a zona de Queluz, segue-se a Estrada Militar que liga Queluz a Queijas. Passo a meta dos 100Kms e registo-a.


Mais alguns Kms e entro em Queijas. Agora é sempre a descer e estou de volta a casa.

Um misto de alegria por ter conseguido, pelo 2º ano consecutivo fazer a jornada que mais significado tem para mim e por outro lado alguma tristeza porque nunca sai como eu desejo, há sempre algo que falta, neste caso esse algo é tempo, é algo que não é possível obter, porque o tempo esse, nunca anda para trás.

Resta-me a alegria de ter contado uma vez mais com o apoio da minha Família e claro, do Jorge Branco, companheiro que pelo 2º ano constituiu uma preciosa ajuda ao longo de toda a minha jornada. Posso até afirmar que não fiz a jornada sózinho, fiz acompanhado e bem, por todos eles.


No final a minha jornada em alguns números:
Distância: 103,05Kms
Tempo: 13:16
Ritmo médio: 7:44min/Kms
Calorias: 8104

Os pormenores.





terça-feira, 28 de maio de 2013

III - Agora sim, sou um Trailer

Com o nascer do dia ultrapassam-se os problemas colocados pela noite e pela humidade. Ver e ouvir tudo o que nos rodeia a acordar é um espectáculo formidável. O nascer do sol é outro espectáculo.




 

Vamos agora perto do casal Mota e a progressão é lenta, feita através dumas rampas, com grande dificuldade.

O PAC5, Porto Espada, ficou no Top dos PAC, por causa daquela bendita bifana!!

PAC5, Porto Espada, 08:22hrs e 49Kms

Nunca uma bifana no pão me soube tão bem como a que eu comi em Porto Espada! Pena que não houvesse mini para acompanhar e pena que o António me empurrasse trilho acima!!
Desgraçado de mim, lá fui resignado, com a bifana numa mão e com a caneca com coca-cola (!!) na outra.

Passados uma dúzia de metros já se avista o imponente castelo no alto do igualmente imponente rochedo que lhe serve de suporte. E o que ainda vamos andar para lá chegar. Quase que dava para ir a Portalegre e voltar, as curvas, sempre a subir é claro, que fizemos para lá chegar.



Um dos privilégios de se andar na cauda do pelotão é termos tempo para olhar, para ver o que nos rodeia. Para gozar aqueles quadros que a natureza nos vai oferecendo, aqui e ali, à medida que vamos subindo ... subindo e claro ... subindo!




Mas depois de muito praguejar e suar, lá transpusemos a tal porta, de conquista do castelo.

PAC6, Marvão, 10:54hrs e 60Kms

Chegando aqui, diminuem as hipóteses de desistência. É essencialmente psicológico chegar a este PAC e pensar: está (quase) feito! Falta o quase!! Faltam 40Kms!!

De imediato lanço-me sobre o 1º de 2 pratos de sopa que comi. Quente, deliciosa, retemperadora. Mais um PAC no meu TOP PAC!!

Passo sem demora aos vestiários, no 1º andar, onde opto pela muda completa. Gasto mais tempo, é certo, mas vou concerteza sentir-me melhor daqui para a frente.
Coloco entretanto o meu 'Silver' à carga e mudo calmamente de roupa.
Neste PAC só senti falta dum café, mas também não podemos ter tudo ...

Dizemos adeus ao castelo e lançamo-nos à calçada romana, 3 Kms inteirinhos dela, bem a descer! Como diria Óbelix: "   estes romanos são loucos..."! Podiam sê-lo mas sabiam fazer estradas!!
Para poupar o esqueleto e digerir a sopa, fazemos aquilo em modo passeio.


A disposição é boa. O sol começa a aquecer-nos. Estou seco e sinto-me bem.



Vamos perto dos Mota, da Célia e do Tomé, que lembro, com alguma graça, ter partido deste PAC com t-Shirt e óculos escuros. Bem havia de se arrepender lá mais para a frente!

Algures por esta fase recordo de ter comentado com o António que o pessoal do tempo se tinha felizmente enganado, uma vez que estava uma autêntica tarde de primavera! Poucos minutos mais à frente engoli esse comentário, com a 1ª das 3 cargas de granizo, com que fui premiado por tão errada premonição!

Mais à frente apanhamos a Célia que vai com campanhia, que desconheço. Observo a leveza com que se desloca. Transparece a experiência naquele conjunto atleta/equipamento. Sómente no simples movimento de beber água, gasto o triplo do tempo que ela gasta ...

Nesta fase um par de subidas bem puxadas traz-me a uma realidade que desconhecia, por inexperiência pura. Os tempos e os andamentos dum trail, com estas características, nada têm a ver com o que eu estou habituado.
Arredondando, traduzo 10Kms = 1hr. Aqui, em Portalegre, aprendi a traduzir 10kms = 2hrs!!

A disposição e o ânimo sofreram aqui um forte abalo. Tal como na minha viagem anual a Runa, é igualmente por volta dos 60/70Kms que atravesso maiores dificuldades.

Aquelas subidas, ainda com pavimento romano, trouxeram o espectro da desistência, perante a falha física que senti entre Marvão e Carreiras. Não sei se devido à moleza provocada pela sopa, se ao facto das temperaturas terem subido significativamente, ou se devido ao acréscimo de energia necessária para transpor aqueles obstáculos, esta foi realmente uma fase difícil.

Estas subidas trazem-me à realidade do andamento possível que faço. 5Kms por Hora é realmente a verdade que estou a apreender.

Vamos os 4 em silêncio e calculo que não esteja a passar dificuldades sózinho. Se fosse nesta fase sózinho não sei o que faria.

Faço contas e embora pareçam pouco os cerca de 25Kms que faltam, isso em tempo corresponde a qualquer coisa a rondar as 5horas!! Mais, claro, os tempos de paragem nos PAC.

Feitas assim as contas um gajo fica mesmo desanimado!

Felizmente chegamos ao PAC7.

PAC7, Carreiras, 13:20hrs e 70Kms

Neste PAC brilhou uma equipa de colaboradores, que a cerca de 100mts do PAC distribuíam minis. Aqueles 200ml souberam muito bem e reconstituíram. Logo à frente o complemento, aqui constituído por biscoitos e coca-cola. Mais uns mimos.

O ânimo está de novo em cima.

Arrancamos em direcção a Castelo de Vide.

É tempo de gestão!

Como o Carlos Fonseca me transmitira no último encontro, num Ultra Treino em Sintra, tudo se resume a "Gestão do Esforço". Nesta fase lembrei-me dessas palavras.

PAC8, Castelo de Vide, 14:39hrs e 77Kms

Perto deste PAC cai nova carga de granizo. É extraordinária a tarefa daquele elemento da organização que sózinho, num entroncamento e a 250mts do PAC, orienta o pessoal em direcção a este. Deverá ter ali estado várias horas, sózinho, ao frio e à chuva! O pessoal dos PAC sempre estavam acompanhados. Este esteve ali sózinho e por isso aqui deixo o meu reconhecimento.

Estou encharcado!

Faço o rapel, à La Rambo de Queijas, seguido do controlo e um chá quente para retemperar.

A esposa do António dá apoio e o Tomé está um pouco desorientado, encharcado,  de t-shirt e óculos de sol!!
Acho alguma graça, ao contrário do que ele terá achado na altura. Não o veremos mais e desconheço se terá ido para a frente ou se pelo contrário, ficou mais para trás.

Neste PAC a chuva cai com alguma intensidade e o pessoal vai-se juntando debaixo do toldo, que obviamente é pequeno para tanta gente. Optamos por arrancar.

Estou todo molhado e vamos em direcção ao PAC9.

É uma boa altura para correr, estradões em bom estado e poucas subidas.

Fazemos contas e se não houver azar chegamos ainda de dia, o que claro, é o que mais queremos.

Estou mais animado e nesta fase, se fosse sózinho, teria corrido mais vezes. Aqui foi de grande utilidade a experiência do António, que me segurou. Claro que muito provavelmente pagaria mais à frente esse gasto suplementar de energia naquela fase.

Mesmo faltando 'apenas' cerca de 15Kms, estaremos a cerca de 3horas de chegar a Portalegre.

Chegamos ao PAC9 que juntamente com os PAC5 e PAC6 constituiu os 3 no TOP dos PAC.

PAC9, Castelo Provença, 16:40hrs e 89Kms

A estrela aqui foi a Pizza. Devo ter comido algumas 5/6 porções. Era como se não houvesse amanhã. Pena estar de chuva porque o local merecia uma paragem um pouco maior.

Finalmente o António arrastou-me dali, para alívio do pessoal do PAC, que via a pizza a diminuir a olhos vistos!

O ânimo está em cima. À medida que lentamente os Kms vão passando, diminuiem as hipóteses de desistência. Vamos agora por montes, vales, cercas e valados, em direcção ao último PAC.

Passamos por elementos da organização que nos dizem "faltam 6 a subir e 4 a descer"!

Logo à frente, outro elemento informa "faltam 14kms (!!!)" e isto cai como gelo na nossa animação!!

Ficamos desanimados e muito chateados.

Devia haver um pouco mais de rigor neste tipo de informação prestada. Para mais estaríamos perto do Km90º de 100 e onde 4Kms significam cerca de 40'!!

Valeu um 3º elemento, que passados pouco metros, noutro cruzamento, desempatou e garantiu-nos "faltam 10Kms!!"



Chegamos ao PAC10 e o sol brilha!

PAC10, Penha, 17:52hrs e 95Kms

Estamos perto das 18hrs de viagem. Dão uma mini e fazemos um brinde: "à próxima que esta está feita!!"

O António muda de camisola e penteia-se!?

Perante a minha cara, esclarece que " é para o Photo Finish "!!  O que vou eu dizer a isto??

Estou eu a deliciar-me com a preciosa mini, quando o António me diz que para fazer o mesmo tempo que em 2012, teríamos de fazer os últimos 4Kms a 6'/Km. Duvido que consiga e ponho-o à vontade para se adiantar. Engulo o precioso néctar e arrancamos, escadas abaixo.

Estamos de volta ao alcatrão e o ritmo sobe. Há muito que o 'Silver' teve um AVC fatal e guio-me pelo andamento do António, que calculo ronde os 05:30/Km.
Entusiasmo-me e adianto-me, viro-me e ele vem mesmo atrás de mim.
Ando o que na altura me pareceu uma eternidade e estou sempre à espera de ver o estádio. Chego a uma passagem, controlada pela organização, onde me dizem "suba esse muro, ande até à ponta e depois salte para o chão!!" Analisando superficialmente mais este obstáculo, sorrio para o meu interlocutor e das instruções que ele mecanicamente me transmite.
O muro tem cerca de 30cms de largura, por 5mts de comprimento e 1,5mts de altura. O equilibrismo ainda consigo, mas o salto, provavelmente, iria soltar-me todas as articulações e tendões que ainda estivessem em condições naquela altura e por isso, transpus pelos meios que consegui arranjar, recorrendo mesmo ao traseiro e aos joelhos.

Depois deste suplício, olho para trás e nada de António!!

Mas onde é que ele se meteu??

Continuo mas a passo mais lento, esperando dar-lhe tempo para me apanhar, o que felizmente acontece. Reagrupamos a cerca de 250mts do estádio e entramos lado a lado.

Faltam menos de 400mts para acabar e por momentos esqueço todas as dificuldade e todos os receios e gozo aqueles últimos momentos duma aventura da qual espero recordar-me durante muito tempo.

Terminamos lado a lado uma aventura que vivemos lado a lado, nas anteriores 18horas.

Corto a meta e está terminado o Ultra-Trail da Serra de São Mamede, edição de 2013.

170º, 18:38:12hrs

Depois do tal Photo Finish, gentilmente obtido pela esposa do António, dirijo-me para dentro.

Sinto aqui alguma pena de não poder contar com qualquer presença no local, mas sei que à distância os meus Filhos seguiram a m/aventura.

Sei também que o meu habitual dispensador de adrenalina, sob a forma de sms, está a acompanhar-me desde a 1ª hora. Obrigado Jorge.

Obrigado a eles, pelo apoio constante e incondicional que me deram.

Obrigado ao António, que conseguiu puxar por mim quando eu precisava e conseguiu conter-me quando precisava.

Estou muito contente, mas só penso em meter-me debaixo do duche. Vou recolher o saco e dirijo-me ao 1º balneário que encontro. Lá dentro um espanhol olha desolado para os pés. Olho e fico desolado também. Os pés daquele menino estavam uma lástima!! A única coisa que tenho é vaselina, que ofereço meio envergonhado. O rapaz agradece mas o que ele precisava mesma, naquela altura, era de uma carrinho, para o levar dali para fora.

Faço um rápido check up e estou impecável. Nada mesmo. Nem uma bolha, nem uma assadura. Bendita da vaselina que faz e fará sempre parte dos meus packs de viagem!!

Tomo banho vestido, para aproveitar o 2 em 1 e dar já uma enxaguadela à roupa. Vou de seguida para o jantar, que não deixa saudades e está concluída a minha viagem a Portalegre, de 2013.

Estou pronto para a próxima.

Venha a próxima!!


... // ...


Passados alguns dias desta aventura, no decurso duma viagem de comboio para o meu serviço, escrevi a seguinte mensagem no meu telemóvel:

"THE DAY AFTER
Nada melhor para o ego do que acordar na manhã seguinte a ter feito 100Kms!
É uma sensação anti-tróika, que nos coloca nos píncaros.
Não fosse sentir as pernas pesadas e iria já para o vale do jamor, fazer 45' calmos.
Venha a próxima"

segunda-feira, 27 de maio de 2013

II - Agora sim, sou um Trailer!

Cheguei a Portalegre e ao local da partida perto das 23:00hrs, já com uma camada de nervos daquelas...

As cerca de 3hrs de viagem permitiram-me um flashback nas minhas memórias e no meu caminho até ali, a Portalegre.

Tudo começou há cerca de 25 anos, com um desafio para cumprir os cerca de 21,097mts, na Nazaré. Pouco tempo depois e com a frescura dos meus vintes, foi o desafio dos míticos 42,195mts, na Maratona Spiridon, em Cascais.

Depois, vários anos mais tarde e já no início dos meus cinquentas, no meu 'nascimento' para o Trail, veio o concretizar do sonho do 'ultra', entendido como desafio superior aos 42,195mts.

Há cerca de 2 anos, devido a motivos da minha vida, vieram os 100,000mts.

No passado dia 18, em Portalegre, cumpri outro sonho, fazer uma prova de trail com 100,000mts.

Consegui!!

Portalegre surgiu como hipótese privilegiada, em 2012, quando no Fórum da Corrida, li rasgados elogios à qualidade da prova e à qualidade da organização.

Era o mínimo que poderia e deveria fazer, assegurar-me que haveria boas hipóteses de correrem bem os factores que não dependessem directamente de mim, ou seja, assegurar-me que no aspecto organizativo não seriam colocados quaisquer obstáculos à minha prestação.

Consegui!!

Depois de um ano passado, depois de alguns treinos, umas 'baldas' e algumas provas, eis que estou chegado ao 17 de Maio de 2013.

As últimas semanas não foram pacíficas.

A desistência no Ultra de Sesimbra não augurava nada de bom. Aliás, aquela prova foi um desastre do ponto de vista desportivo, o oposto do que eu fizera um ano antes.

Porque 2013 não tem sido um ano especialmente produtivo em termos de carga de treinos, muitas dúvidas se colocavam à minha capacidade em aguentar tal empreendimento.

À medida que os dias em falta iam diminuindo, crescia a angústia sobre se deveria ou não embarcar nesta aventura.

Passou-me muitas vezes pela cabeça desistir e adiar a viagem a Portalegre por um ano.

Nas vésperas da tão esperada e ao mesmo tempo temida sexta feira, no último treino que fiz, 3 dias antes, senti-me pesado, sem força e por isso profundamente desanimado.

Mas a natureza humana tem destas coisas, o medo transforma-se, supera-se e pensa-se "logo se vê"!!

Ali, em Portalegre, rapidamente me dirigi ao secretariado para recolher o dorsal (M44), de volta ao carro, ainda deu para beber um café numa roulote. Olhei para o relógio e fiquei mais descansado, faltavam ainda cerca de 60' para a partida.

Mais calmo equipei-me, como tantas vezes o fiz, embora lá no fundo, o nó no estômago me lembrasse, de vez em quando, que tinha pela frente 100Kms de pura montanha, num Trail classificado como  "Difícil"  e que concede 3 pontos aos finishers e candidatos ao Mont Blanc!!

Nos últimos dias as condições atmosféricas alteraram-se. As temperaturas baixaram significativamente e a chuva regressou.

Aqui foi um ponto a meu favor: temperaturas baixas e chuva!

  • Às 10:30 dirigi-me ao 'cadafalso'.
  • Às 10:40 fiz o check-in.
  • Às 10:45 estava no estádio, onde tudo iria começar e com muita esperança minha, acabar!
Muitas caras conhecidas. O Francisco Monte que ia fazer a estreia (e que estreia seria ...) nos 100Kms rumo ao Mont Blanc. O Joaquim Adelino, o Luís 'Tigre' Miguel, o Jorge Serrazina, o António Almeida, o Carlos Couto e muitos outros.
Sente-se ali um ambiente diferente da generalidade das provas a que estou habituado.

Não há grandes manifestações, há um clima de alguma tensão. Todos os segundos são aproveitados para ver e rever todos os aspectos no equipamento.

Troquei algumas palavras com o Francisco, desejei-lhe uma boa prova e alguns minutos depois era a partida.

E de súbito cerca de 300 almas são largadas no escuro, para os trilhos que nos separam de estar de volta a este mesmo estádio donde saíamos agora, em passo curto.

Como meio de me auxiliar a controlar o meu esforço e sempre com a Arrábida no pensamento, procurei o Joaquim Adelino.

Ele era repetente, conhecia por isso o traçado e o passo dele, como já pude comprovar em diversas ocasiões que andei ao seu lado, assemelha-se muito ao que eu precisava naquele início de prova.

Alguns Kms à frente encontrei-o. Ia acompanhado pelo Luís Miguel e juntei-me a eles. O que planeei seria fazer com eles a 1ª metade da prova, ver como me sentia nessa altura e depois decidir qual a táctica mais aconselhável nessa altura.

As minhas 'balizas' eram:
  • Pac3 em 07:00hrs
  • Pac6 em 14:30hrs
  • Pac9 em 21:45hrs
Se eu desistisse por falta de pernas, assumia tal limitação e voltava costas. Agora era impensável para mim ser afastado da prova por atingir algum destes PAC fora dos horários definidos.


Há o 1º curso de água e a 1ª cena digna de registo.
Um grupo de 4 espanhóis, todos equipados a rigor e com os bastões da moda. Mas os rapazes estavam com pouca vontade de molhar os pés e a certa altura, sobre as pedras no riacho, a fazer equilibrismo e atrás dos tais espanhóis, vejo as pontas de 2 bastões à frente dos olhos e assusto-me. O sujeito em vez de usar aquilo para se apoiar, estava a usar aquilo para me espetar!!
Desviei-me, atirei-me para a água e adeus espanhóis!!

Os trajectos entre PAC nesta altura são feitos quase em silêncio. Tudo está ainda muito no início. Ainda há muitos Kms pela frente e a noite propicía a algum recolhimento.

Escrevi na altura no tlm.: "1ª hora com 7Kms"
Tinha sido um trajecto acessível, tirando talvez o facto da longa fila que gerou aquele curso de água, com muita gente a querer esquivar-se à água.



No PAC1 - Viveiro (11Kms) ainda vou com o Joaquim e com o Luís. Foram 11Kms para aquecer sem nunca ferver!!

Alguns pedaços de banana e ala, para não arrefecer.

Passados 7Kms, no PAC2 - Alegrete, deliciei-me com tostas acompanhadas com marmelada, naquele coreto de difícil acesso.

Pac2 = 02:27hrs

Neste ponto do traçado mais uma cena digna de registo. Vamos ainda os 4, agora sei que o 4º elemento e que eu não conhecia era a Susana Brás. Aqui ajudo o Joaquim a vestir o corta-vento. Com mais a ajuda do Luís, andamos ali os três à procura  do capucho daquilo. Com 'apenas' 17Kms, já não dávamos com aquilo!!

Está frio e começa aqui o ataque às antenas e ao PAC3.

Escrevi na altura no tlm.: "3ª hora com 19,5Kms. Mais vento e frio. Venho com o Luís e o Joaquim aí atrás"

Adianto-me um pouco, embora nunca nos afastemos muito uns dos outros.

Ando aqui alguns Kms com o Tomé, do Mundo da Corrida. Faz-se silêncio naquela caravana. Tudo no escuro, tudo a passo e concentrado na tarefa que temos pela frente.

Mais umas notas no tlm.: "Vou agora sózinho. Elevação em 950mts. Está muito frio. Mãos e nariz gelados. 4hrs e 26Kms"

Pac3 = 04:54hrs

Adiantei-me um pouco e chego ás Antenas sózinho. PAC3 - Antenas. Está muito frio e muito vento. Uma bancada e um toldo, no meio do nada constitui o PAC3. Alguns elementos embrulhados em cobertores. Faço o controlo, peço um café, agarro em 2 queques e vou para dentro dum contentor, que felizmente alguém abandonou ali. Vários concorrentes vão desistir aqui. Hipotermia! Estarão a sentir o mesmo que eu senti há umas semanas atrás, em Sesimbra.

Escrevi na altura: "5hrs e 30Kms. Nas antenas os 1ºs abandonos. Estou gelado mas sinto-me bem. Sigo agora o Antº Almª. O ambiente aqui em cima é de fugir ..."

Vejo entretanto o António Almeida a arrancar e arranco com ele. Sei que em 2012 ele e o Joaquim andaram grande parte do percurso juntos, é por isso outro candidato para ser 'agarrado'. Sei por outro lado que o Joaquim tem a companhia do Luís, por isso vou à procura da minha.

"Apreciem agora estes 900mts de single track"  está escrito num placard no início duma descida, logo ali à saída do PAC3. Devo confessar que não apreciei nem 1mt daquele single track!!

O nevoeiro dissipava a luz do meu frontal, o frio fazia os meus olhos lacrimejarem e por isso foram 900mts sempre na expectativa duma queda, porque mal conseguia ver o caminho.

Felizmente, um pouco mais à frente começa a nascer o dia. Acompanhado pelo António encontramos o casal de 'lebres' Mota, com quem andaremos durante uns Kms.





Percorremos agora numa zona muito bonita e o nascer do sol é espectacular. É a Barragem da Apartadura, a nossa próxima paragem e final de viagem para mais uns quantos, que desistem ali.

Pac4 = 06:53hrs

Como pão com marmelada e coca-cola. Alguns minutos de intervalo e seguimos caminho, rumo ao PAC5.

sábado, 25 de maio de 2013

I - Agora sim, sou um Trailer!

Na quinta-feira, passado dia 16 de Maio, estava prestes a embarcar naquela que certamente representou a minha maior aventura em termos desportivos: a realização dum Trail com cerca de 100Kms.

A ideia de o fazer vinha já do ano passado, após Runa e os 100Kms que fiz.

Os relatos sobre a edição de 2012 e a qualidade outorgada à Organização, ajudaram à decisão que seria em Portalegre o local para a minha estreia (ou tentativa) de chegar aos 3 dígitos em Trail.

No nascer do ano novo, ataquei e fiz de imediato a minha inscrição.

De lá para cá muita coisa aconteceu, mas a ideia tomou forma gradualmente, começou a andar comigo, gradualmente à medida que o calendário avançava.

Um ultra treino em Sintra, a edição 'pirata' do Fim da Europa, Runa e Arrábida, foram os eventos de 2013, até chegar a São Mamede.

Dias atrás comprei um frontal Black Diamond que substituirá o do chinês que comprei há uns anos para a Pirata de Monsanto. Comprei a Manta de Sobrevivência, que com o apito que recebi em São João das Lampas completou o cabaz dos artigos obrigatórios definidos pela Organização.

Os treinos, esses foram fracos. De facto a preguiça não me dá apenas para a escrita, apanhou-me também outras funções. Treinos dispersos e na sua maioria desadequados para uma actividade daquelas.

Fiz o treino em Sintra, onde contei de início com a preciosa companhia do Francisco Monte e depois, mais à frente, com a do experiente Carlos Fonseca.

Deste recordaria, durante todo o tempo que decorreu até Portalegre, que tudo se resumia a Gestão de Esforço, quando o assunto eram eventos longos, tal como eu pretendia fazer em Portalegre.

A esta distância, acabo por lhe dar inteira razão.

Fiz Runa, claro, num passo sempre confortável porque ali pouco interessa se corro ou não, mas na Arrábida, em Abril, levei com um Reprovado, a encarnado carregado. Não passei dos 30Kms.
Razão: falta de pernas!!

Depois foi cerca de um mês a tentar à pressa arranjá-las. As pernas!!

Voltando à quinta-feira, dia 16, com que comecei este relato, confidencio-vos que passei o dia a imaginar que no dia seguinte estaria todo o dia a correr, em Portalegre e arredores.

Levantei-me e a essa hora estaria no dia seguinte a correr, há 7 horas!
Almoçei e a essa hora, no dia seguinte estaria a correr, há 13 horas!
Saí do serviço e apanhei o comboio para casa e imaginei que no dia seguinte, a essa hora estaria a correr há 18 horas!

Com o equipamento todo dividido e pronto eram 20:00hrs quando arranquei em direcção a Portalegre.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A (des)ordem das coisas.

Pensei um pouco agora que tenho 3 artigos para partilhar convosco.

Tenho andado preguiçoso, essa é a verdade.

Escrevi parte do relato da minha jornada de 2013 a Runa e ficou por ali.

Agora que venho de Portalegre, pensei se seria mais correcto manter alguma ordem cronológica, por força da qual o relato que deveria ser agora publicado seria aquele que descreve a minha ida a Runa, representando este evento o que para mim tem mais importância no ano.

Seguindo nessa ordem seguir-se-ia o relato da minha ida a São João das Lampas, fazer a estreia dos Trilhos do Fernando Andrade e finalmente a minha aventura e igualmente estreia no Ultra-Trail em São Mamede.

Se todos os relatos são importantes para mim, porque tenho gosto em partilhar convosco as minhas aventuras, tb não é menos verdade que quanto mais atrasar a publicação destes artigos no meu blog, mas desactualizados eles ficam e temo perder seguidores (...).

Acabei por me decidir em baralhar as coisas e publicar o evento que tenho mais fresco na memória e depois publicar os outros dois.

Runa porque o devo ao que partilharam esta minha jornada, à minha Família e ao grande Jorge Branco e o dos Trilhos apenas porque quero.

Obrigado a vocês por continuarem a dar-me o prazer das vossas visitas.