segunda-feira, 27 de outubro de 2014

AX Trail

ou


o Trail Puro e Duro!


 Ainda me doem as pernas.

Ainda tenho aquele andar esquisito.

Ainda tenho as memórias frescas.

Ainda não recebi um alerta do Raposa a chamar-me preguiçoso.



Está por isso na hora de passar para aqui algumas memórias da minha participação no AX Trail, ou Trail da Serra da Lousã, ou ainda, Trail Aldeias de Xisto.

O trail em que participei no passado sábado, dia 18 de Outubro, foi pela minha curta experiência neste tipo de eventos, a aventura mais difícil que concluí.

Fiz poucos é certo, afinal de contas descobri o trail apenas em 2010!

Barril, Almonda, Sesimbra, Almourol, Entroncamento e Portalegre, foram as minhas anteriores aventuras. A Lousã foi a que mais me custou fazer!

Sapateira, em Castanheira de Pêra é local onde tenho casa de familiares e por isso passei lá a noite e antes das 08:00hrs já tinha o dorsal em meu poder.




Entre o incontornável café da manhã e os derradeiros preparativos, passou-se cerca de 1hr. A organização informara que os participantes deveriam aceder à câmara de chamada (gosto disto ...) 30 mins antes da partida e por isso lá fui eu.

Quando cheguei à zona da partida, perto das 09:00hrs havia uma fila, ou melhor, uma molhada, com cerca de 30 metros, para levantar dorsais!

A partida marcada para as 09:30hrs foi adiada para as 09:50hrs, essencialmente (e com o meu mau feitio ...) porque, com mais de 30 anos de corridas populares, ainda há organizações que parecem complicar aquilo que outras já aprenderam há muito. Claro que o hábito imputado ao povo Português de deixar tudo para a última hora, serve sempre de desculpa, mas o certo é que o justo (ou pontual) continua sempre a ser o prejudicado, porque haverá sempre pecadores (ou atrasados), enquanto houver organizações incompetentes que o permitam.
  • - Levantamento de Dorsais (muito primitivo)
  • - Controle de partida (qual controle?)
  • + Percurso com altimetria no próprio dorsal (muito útil)
  • - Abastecimentos (muito pobres e em locais inadequados)
  • + Marcações (impecáveis)
  • - Saco final (nem água quanto mais saco)
Para fazer tempo (...) encontro o Pedro Marques de volta dos 'dopings', qual alquimista medieval e pouco depois o habitual lenço encarnado sobre a cabeça, que identifica o pára Joaquim Adelino.

Aqui e ali a chuva cai, miúda, mas a temperatura está excelente e quase não há vento.

Faltam cerca de 15 mins mas a organização mantém o acesso à câmara de entrada (continuo a gostar disto ...) fechado. Eles gostam mesmo de molhadas, de tal modo que é precisamente o que acontece quando a 10' da partida finalmente se começa a aceder à zona da partida, forma-se outra grande molhada!!

Eu continuo lá bem atrás, resguardado da chuva e aguardando.

O controle do acesso resume-se à activação do chip que nos vai marcar no pulso em todo o trajecto. Todo o restante material nomeado como obrigatório, é simplesmente ignorado. Pergunto para que serve nomear material obrigatório se depois não há o consequente controle. Vi pessoal a arrancar em manga cava e outros claro, como aqui o 'tanso', de corta-vento!

Mais vale dizer que é da responsabilidade dos participantes o que levam vestido e deixar a cada um essa responsabilidade. Deixem-se de mariquices!

Às 09:50hrs é finalmente dada a partida e lançamo-nos logo perante o 1º grande obstáculo: o Parque Eólico, a cerca de 900 mts. A maior parte do caminho é feito em fila e quando chego lá acima, debaixo de chuva, vento e nevoeiro, ouço as enormes pás a zumbir por cima de mim, embora não as veja! Vou acreditar que elas de facto estavam lá!

Começamos depois a descer, em direcção ao Ameal e Catarredor. Há descidas muito técnicas. Ainda aguento as primeiras escorregadelas, mas a 1ª sobre o 'back side' e a segunda sobre o joelho direito, lá vou duas vezes ao 'tapete'. Felizmente ambas sem consequências.



Boa vida.

Ouvem-se os numerosos cursos de água, com correntes fortes, cheios da águas da chuva que tem caído nos últimos dias. As vistas estão um pouco prejudicadas devido ao nevoeiro que cai sobre as serranias, mas aqui e ali dá para ver que estamos perante cenários de rara beleza.

Aos 13Kms finalmente o 1º abastecimento. Já me fazia falta. Está instalado numa casa de xisto. É engraçado mas pouco funcional. Há pouco espaço para o pessoal que se quer chegar às mesas. A oferta não sendo escassa, também não deslumbra. Concentro-me nas sandes de chouriço e na coca-cola.

Arranco pelas ruas forradas de pedra abaixo. Numa dessas pedras, que para além de molhada da chuva, está cheia de lama dos numerosos sapatos que a pisaram antes de mim, foi o 3º esbardalhanço. Sem espinhas. Todo juntinho, outra vez sobre o back side, felizmente! Esta foi mais dura que as anteriores, mas felizmente manteve as consequências nulas das outras e sigo viagem, para dar lugar a quem vem atrás de mim, que é o 'cliente' que se segue e cai, também ele juntinho na mesma pedra, um pouco menos juntinho que eu, porque sobrecarrega o cotovelo direito e transparece mais dor nesta queda, mas pronto, segue.


Vamos descendo e vamo-nos cruzando com caminheiros que sobem a encosta. A descida é para mim por demais técnica para ensaiar sequer qualquer tipo de corrida e sigo pelo seguro, a passo. Vou descontraído e bem disposto, a gozar o 'prato' que é usufruir dum espaço daqueles.

Chego à Srª da Piedade. Depois de uns Kms a descer é altura agora de subir, em direcção ao Trevim. Daqui até aos 30Kms é sempre Up, Up, Up!!

Uma levada com um débito impressionante faz as maravilhas durante mais de 1Km. Por mais que uma vez me dá vontade de me enfiar lá dentro, mas ...

A levada da N. Srª da Piedade.

Chego ao 2º posto de abastecimento, igual na oferta ao anterior. Há menos pessoal neste apenas porque sou eu que estou a ficar para trás, por isso com menos pessoal, não que a área seja significativamente maior. Alguém do UTAX pergunta se não há uma sopinha ... Se os abastecimentos do UTAX foram iguais aos do AXTrail, aquele pessoal passou alguma fominha ...

Começa agora o caminho para o Trevim. Uma looonnnga subida. Venho há uns Kms acompanhado com um galho que apanhei algures. Transformado em bastão, neste período serve-me várias vezes de sustento, para tentar recuperar o fôlego, tal é a dificuldade da subida. Antes, noutros locais, serviu-me de equílibrio, tal como nas levadas. Volto a andar perto do José, que por esta altura começa a debater-se com caimbras. Por um par de ocasiões empresto-lhe o meu bastão, que é coisa que não faço por muita gente ...

Há alturas em que olho para cima e duvido se consiga dar mais um passo!

Quando esforço mais um pouco a tosse volta. São resquícios da gripe do último fim de semana e que condiciona o meu esforço principalmente nesta altura, em que preciso de mais oxigénio.

De Trevim para Senhor das Neves.

Não deixa transparecer as dificuldades.

Os Fuji Trabuco revelaram-se bons aliados nesta que foi a estreia destes sapatos. Muito confortáveis e com boa aderência na generalidade dos pisos que encontrei. O que aconteceu lá atrás no xisto era inevitável, excepto para o Spider Man!!

Está nevoeiro lá em cima no Trevim. Venho há alguns Kms com um pedra no sapato e aproveito uns degraus para me sentar e tratar do assunto. O UTSM está ainda fresco e não quero repetir o que me aconteceu lá.

O José segue caminho enquanto trato dos pés, mas logo a seguir apanho-o. Está aflito com caimbras e não se consegue mexer. Gozo com ele quando me pede para lhe apanhar uma luva que havia deixado cair, apenas porque ele nem dobrar-se consegue.

Ficamos ali no alto um pouco. Eu sem saber bem o que lhe fazer para aliviar a dor e ele ainda pior que eu. Ele diz-me para ir à minha vida (...). É impossível deixá-lo ali, no meio do nada. Um par de Kms à frente haveria de comentar com ele, que ao longo de quase todo o percurso, inclusivé nestes pedaços mais complicados, nunca tínhamos passado fosse por quem fosse ligado à organização.

Senhor das Neves

Recomeçamos a marcha. Vencido o Trevim, vamos agora em direcção a mais um topo, que é no Senhor das Neves. Sinto-me bem e alargo um pouco o passo com vontade de acelerar. Não ando nem 500 mts, quando sinto um esticão seguido duma dor enorme no interior da coxa esquerda. Nunca tinha tido tamanhas dores e agora inverteram-se os papéis. É o José que espera e eu que agarrado à perna contenho o grito que haveria de ecoar por aquela serra. Estive cerca de 1 minuto de volta da perna, descontraindo o possível, de maneira a ajudar a que o músculo aliviasse. A coisa aliviou mas fiquei assustado. Durante algum tempo esforcei-me por dar passos mais curtos de modo a distender um pouco menos aquele conjunto muscular.

Chegámos sem mais novidades ao Senhor das Neves e em teoria o percurso passaria agora a ser mais fácil. O que de facto acontece, porque começamos um longo descida, só que se trata dum trilho 'single', muito técnico devido ao piso e à elevada concentração de pedras, sempre a propiciarem quedas ou entorses.

Vistas fenomenais!


Chegamos ao 3º e último posto de abastecimento, que por sorte é no exterior, perto dum café. Não hesito e corro para uma mini gelada. Só depois deste aperitivo me aproximo da mesa para meter desta vez essencialmente tostas com marmelada. Já tenho entretanto o José stressado a apertar para arrancarmos e tenho que abreviar o abastecimento. Chega entretanto o Joaquim Adelino que cumprimento satisfeito por o saber ali, já quase (...) no final. Arranco com o José. Temos pela frente 12 Kms essencialmente a descer.

O José lança-se em corrida e eu vou atrás, com pouca vontade de correr. Mas ele não desarma e gradualmente o ritmo vai regressando e torna-se mais fácil correr. Estou já em terrenos conhecidos,  dos treinos que por aqui faço, quando tenho a sorte de passar aqui alguns dias. Já com o tal ritmo e sem que me aperceba, distancio-me gradualmente do José. Vou olhando para trás e acredito que ele andará ali perto, atrás de mim.

O José a puxar por mim.

Chego ao Poço do Corga e tenho a Família à espera. O pequeno Alex corre para mim e esqueço completamente o cansaço. É um bálsamo ver aquela pequena grande força da natureza, cheio de alegria de me ver ali numa "corrida", como ele realça. Entretanto o Joaquim passa por mim. Vai lançado! Estou um bocadinho ali com eles e retomo o caminho.



Ganhar alento ...

Participativo o Alex indica-me o caminho correcto e molho novamente os pés na levada junto ao Corga.

Fresquinha ...

A Tara ainda me acompanha durante uns metros ...

Vou sózinho já há alguns Kms e passo alguns participantes. Chego-me ao Joaquim que está com uma destas forças ... Debate-se igualmente com caimbras. Pede-me para lhe tirar uma embalagem de magnésio da mochila. Tenho alguma dificuldade em ajudá-lo porque o homem nem para aquilo quer parar!!

Eu sinto-me bem e estou animado agora que faltam apenas 3 ou 4 Kms para a meta.

Começo a estranhar a demora do José. Com a paragem que fiz no Corga supostamente deveria apanhar-me, o que de facto não aconteceu. Olho várias vezes para trás e nunca mais o vejo. Volto a andar a passo e vou assim durante uns minutos na esperança de o ver, mas nada do José.

Um a um vários dos participantes que eu passara lá um pouco para trás, passam por mim, mas nada do José. Começo a pensar nas caimbras e volto para trás. Com a referência do lenço, vou perguntando se alguém passou por ele, até que encontro um participante que me diz tê-lo ajudado a algumas dezenas de metros atrás, a sair duma zona de lama. Continuei a andar para trás, até que finalmente vejo o José a andar. A partir dali vamos de novo junto até à meta. Ele já não consegue correr e mesmo andar se torna por vezes complicado. Tenho magnésio na mochila e ele toma uma carteira. Provavelmente foi muito tarde porque até ao final não se registaram quaisquer melhoras.

São praticamente 19 horas e começa a ver-se mal. Antes do final há ainda à nossa frente um curso de água para atravessar. Tem cerca de 10 metros de largura e na parte mais funda cerca de
50 cms. Cheio de calhaus no fundo, provoca a queda dum participante que atravessa à nossa frente.

Eu vou à frente com o pau/bastão a detectar os obstáculos à frente e o José vem apoiado, com as mãos nos meus ombros. Calmamente atravessamos aquilo e do outro lado da margem há familiares dele que o esperam, para o apoiar naqueles metros finais.

O ânimo dele aumenta mas está claramente aflito e com dores. Mais alguns metros à frente e estamos a cerca de 100 mts da meta. Tenho novamente o Alex Jr. à minha espera.

Digo para o José: " ... quando quiseres ...", convidando-o ao sprint final para a foto.

A cerca de 30 metros retomamos o passo de corrida, para cortar a meta.

Alguma fotos e está terminado.

Distraído com a alegria de terminar e o querer falar com o Alex Jr. saio do local por baixo das fitas que o demarcam. Uma menina da organização faz-me sinal e eu penso que me terei esquecido do saco final. Volto atrás.

Dirijo-me a uma mesa e oferecem-me um boné de finisher. Agradeço e fico na expectativa do que virá a seguir. Eles ficam igualmente a olhar para mim e apercebo-me que o saco final era aquilo mesmo: um boné!

Pergunto se não há pelo menos uma garrafa de água. Indicam-me os balneários ...

Àparte este àparte, a aventura está terminada, estou aparentemente bem fisicamente, tenho ali a minha Família e estou a 10' dum banho, de água fria!!

Venha a próxima.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

A Enfermeira Tatiana

A Enfermeira Tatiana estava enganada!

Se há classe profissional da qual eu tenho o maior respeito e consideração, é a classe dos Enfermeiros. Para além de ter sido a profissão da minha Mãe, acho que é uma profissão das que mais ligação tem com as pessoas, quando elas mais precisam e isso toca-me muito especialmente.

Mas ...

Estava enganada a senhora enfermeira Tatiana!

Ao telefone, na manhã do passado sábado, dia 11 de Outubro, ouviu em silêncio o rol de queixas que eu lhe fazia.

"... dói aqui, pesa ali, escorre por acolá, etc, etc ..."

Depois vieram as perguntas tipo 'chapa'. Respondi a todas sem quaisquer hesitações ou dúvidas.

Mas aquela última era uma armadilha em que caí desprevenido!

" ... fez alguma intervenção nos últimos dias que de algum modo que pudesse diminuir-lhe as defesas, estilo pequena cirurgia ...?? "

" Não " respondi de pronto!

A Enfermeira pede 2 minutos para consultar os conselhos farmacêuticos que se adaptavam ao meu caso e enquanto fiquei em espera confidenciei com a Dora " bem eu sempre fiz uma maratona aqui há uns dias ... "! Meio envergonhado de estar sequer a colocar uma dúvida, acerca de um evento passado há cerca de 5 dias e da hipótese de esse evento estar de alguma forma relacionado com o mal que me afectava há algumas horas.

Mas mesmo envergonhado, mas protegido pela confidencialidade da linha telefónica, relatei-o à Enfermeira Tatiana, assim que esta voltou à linha.

A técnica afastou de pronto qualquer hipótese de uma coisa ser consequência da outra! " Não! Isso já passou há 5 dias e não pode haver relação!!" afirmou peremptoriamente!

Mas havia de facto relação entre a Maratona que terminara no dia 5, perto das 12:30 e o processo degenerativo que se verificara explicitamente no meu corpo nas última horas do dia 9, com sintomas mais evidentes a partir das primeiras horas de dia 10!

Assim que a chamada terminou fui para o meu santo Google e pude comprová-lo, pela quantidade avassaladora de artigos que encontrei relacionando a Maratona com o sistema imunitário e os efeitos devastadores duma sobre o outro, por vezes até 15 dias após a realização da Maratona!

Claro que aceitei os conselhos da Enfermeira Tatiana, aliás ainda estou hoje a seguir o tratamento prescrito, mas fiquei convicto que ela está pouco informada quanto a este assunto em particular.

Retiro (espero eu) deste episódio mais um ensinamento que tem a ver com o PDI e o efeito que tem a Maratona sobre o meu corpo.

Espero que me lembre disto daqui a cerca de 1 ano, se tiver a sorte de vos vir aqui relatar a minha maratona de 2015 e começar, assim que cortar a meta no Parque das Nações, com cuidados especiais de reposição do meu sistema imunitário.

Os meus agradecimentos à Enfermeira Tatiana e ao serviço 'Saúde 24' que me poupou uma ida desnecessária a um médico e contribuiu para que rapidamente iniciasse o tratamento.


terça-feira, 7 de outubro de 2014

Maratona 2014

Não há volta a dar. Os tempos das maratonas não estão fáceis para um 'cota' entrado, algo preguiçoso e extremamente guloso como eu.

Desde os meus 53 que o senti de forma mais acentuada, o decrescer da 'pica' quando toca a ir correr. Felizmente que depois o gozo que retiro do treino mantém-se, mas para ir custa-me mais.

Será a ternura dos 50?

Nos dias que antecederam a partida, pensei muito sobre qual seria o meu objectivo para aquela que em termos competitivos continua a ser a prova de estrada mais importante da minha época.

Sublinhei para deixar claro que estou a falar em termos competitivos e em provas de estrada.

A minha época tem normalmente 3 eventos em estrada (Nazaré, Runa e Maratona), sendo que a Maratona é o único dos 3 eventos que encaro como uma competição.

Em 2012, na última versão da Maratona de Lisboa, fizera uns excelentes 03:30, igualando o tempo que havia feito na Maratona de 1990, com 30 aninhos portanto. Em 2013, na 1ª versão da Maratona da Costa do Estoril, subi para os 03:38 e portanto este ano tinha de decidir se ia lançar-me outra vez atrás da ilusão dos 5'/Km, ou se iria baixar um pouco a fasquia.

Confesso que com o meu feitio não foi fácil decidir-me (ou aceitar a realidade), embora da parte física todos os sinais apontassem para a 2ª hipótese, a pôrra da cabeça ainda vai tendo veleidades doutros tempos, há muito idos e que não voltam mais.

Mas se foi difícil antes da prova começar decidir-me, foi muito fácil fazê-lo pouco tempo depois dela começar. Foram precisos apenas 6 Kms, já em pleno esforço e já com o aquecimento feito, para cair na realidade e descer à terra. Senti perfeitamente que continuando no ritmo de 5' a coisa iria dar o estouro e logo ali passei sem hesitar a 'Safe Mode', para a partir dali começar então a minha Maratona de 2014.

Até aos 6Kms ouvi o corpo queixar-se da festa de anos da véspera, onde claro comi coisas pouco aconselháveis a um concorrente a uma maratona e pior que isso, bebi bastantes (...) líquidos, o que até nem seria muito negativo, não fora esse líquido conter álcool (!!!). A seguir o corpo queixou-se da noite curta. Mais para a frente, lá para os 30Kms, o corpo voltaria a cobrar dos treinos longos que não fiz e claro, sublevar-se obrigando-me a nova adaptação no ritmo.

O meu registo de treinos indica muito claramente que entre o início da preparação para esta Maratona, em 10 de Agosto e o dia 4 de Outubro, fiz 25 sessões de corrida, sendo que em apenas 4 dessas sessões fiz treinos acima dos 20Kms. A sessão mais longa foi de 25,5Kms, em 31 de Agosto(!!!).

Com uma preparação destas digamos que pensar sequer fazer 5'/Km durante 42Kms é lirismo puro.

Fica assim traçada a história da minha maratona de 2014. Na expectativa até aos 6Kms, a gozar o momento até os 30Kms, a esforçar até aos 37Kms e finalmente a sofrer até aos 42Kms!

O que fiz dos 37Kms para a frente, foi puramente acreditar que conseguia. Olhei muito para o chão. Parei em 3 ocasiões e nesses 3 momentos foi a cabeça que me fez retomar a corrida, porque o corpo já não estava lá.

É incontornável: não há milagres, principalmente quando se corre uma maratona!

Basicamente faltaram as pernas. Faltaram os treinos longos.

Poderia arranjar desculpas com a alteração da data de realização da Maratona, mas tenho a sensação que se o calendário se mantivesse, chegaria a Dezembro com as mesmas dificuldades em ter uma preparação capaz.

Por isso dou-me por satisfeito em ter chegado ao fim, 48horas depois de ter terminado aparentemente não há lesões e somar mais uma maratona ao meu currúculo.

Agora importa descansar um pouco porque daqui a 3 semanas tenho mais uma aventura, na Lousã, com a participação no AX Trail.