quinta-feira, 26 de julho de 2012

Dia Mundial dos Avós

Hoje é deles, dos Avós dos nossos Filhos.
Um ainda os tem, outros já não. Todos eles, os Avós dos meus Filhos os marcaram, pelos menos aqueles que tiveram a sorte de os poderem recordar.
Para mim foi bom, claro, poder ter Avós para os meus Filhos. Fosse qual fosse o papel que eles representaram para eles.
Eu não tive essa sorte, nem me lembro dos meus Avós.
Eles, a maioria deles, os meus Filhos, têm a sorte de recordar a maioria deles. O mais pequeno é o que neste assunto tem mais sorte por um lado, porque para além de conhecer uns Avós, está com eles diariamente desde que nasceu, pelos menos com uns Avós. Quanto aos outros, Avós, ele é o menos sortudo, porque dificilmente se irá recordar deles.
Seja como for, Avós para eles e Pais para mim e tinha que deixar registado aqui, no meu ‘cantinho’ quase que privado e exclusivo para Amigos, um pensamento e umas palavras para eles.
Li hoje, algures, que se os Avós fizessem greve Portugal parava. No meu caso, não parava mas que atrapalhava bastante isso atrapalhava e o Alex Jr. não ia gostar mesmo nada.
Ele adora o Avô dele. Espera todo o dia pela hora de ele o ir buscar à “cola”, o que o Avô faz religiosamente cedo e sempre pontual. Ele adora a hora de ir para casa dos Avós dele, aqueles que ele felizmente ainda conhece, comer os petiscos feitos pela Avó, que lhos dá com aquele amor e aquela disponibilidade de que só eles, os Avós são capazes.
Neste Dia Mundial dos Avós desejo que o Alex Jr. mantenha durante muito tempo a sorte de ter os Avós ao seu lado. É uma parte dele que está mais feliz. E se ele está feliz eu estou feliz!

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Ultra Maratona Melides Tróia 2012

Foto de José Melo

ou

"Pela boca morre o peixe"




Corro desde 1985. Tenho por isso e contas redondas, cerca de 25 anos de corridas, cortadas aqui e ali por paragens mais ou menos longas. Já tinha idade para ter juízo ...

Ontem cometi dois erros básicos e que são repetidamente apontados em tudo o que é livro, revista ou artigo, no topo da lista do
'O que não deve fazer numa Prova de Atletismo'!!

Bem, mas já falarei disso ...

Esta foi a minha terceira participação nesta prova emblemática que une as Praias de Melides e Tróia.

Após a estreia menos conseguida em 2010, com a desistência na Comporta, seguiu-se-lhe a desforra em 2011 onde consegui terminar com 05:00:11 e esta, em 2012, com o tempo de 04:47:03.

Mas nem tudo foram rosas para chegar a Tróia  ...

De manhã o  schedule  correu muito bem e sem precalços cheguei a Setúbal, cerca de 20' antes do horário do barco. No local havia confusão porque este ano, já com bilheteiras automáticas a fila era enorme. Resolveu-se, cerca das 06:15, com a abertura da bilheteira manual e era mais um obstáculo vencido.

Costumo dizer que a UMA é uma sucessão de vários obstáculos, dos quais os 43Kms na areia são 'apenas' uma parte no todo que é preciso ultrapassar nesse dia.

É a madrugada, é a viagem até Setúbal, é a fila para o barco, é a fila para a camioneta, é a viagem de quase 1 hora enfiado num autocarro, é a fila para levantar os dorsais, é a fila para entregar o saco, é a viagem até Tróia, é a viagem de volta ao barco, com mais de 1 Km feitos sob calor intenso e com as pernas a queixarem-se e depois ainda é mais a fila na ponte 25 de abril. Passa-se por isso praticamente o dia todo em filas. É realmente uma Prova desgastante em todos os aspectos, que não somente o físico.

Pelo meio ficam os primeiros encontros com malta amiga destas andanças. Ainda no ferry foi o grande  Fernando Andrade na qualidade de totalista da prova e que mais tarde me iria acompanhar até Melides o que tornou a viagem bem menos dura. Depois em Tróia, na camioneta, foi o Joaquim Adelino em mais uma aventura, após as últimas em que participou.

Chegado a Melides, levanto o dorsal (122) e segue-se-lhe o café habitual + bolo, que é o 1º reforço da manhã.

Dirijo-me para uma esplanada, das muitas que por ali ainda se encontram fechadas e armo o estendal. Em cima de 2 mesas coloco tudo o que irei precisar e calmamente tomo o 2º reforço da manhã. Um leite com chocolate e uma sandes de fiambre.

Este ano deu-me a ideia de não estar tanto tempo sem comer de manhã, antes da partida. Após o pequeno almoço em casa, que tomei antes das 05:00, são cerca de 4 horas até à partida. Assim ontem decidi em evitar tal vazio ao meu estômago e fui-lhe dando 1, 2 e mesmo 3 reforços, antes das 09:00.

Aqui o meu 1º erro básico: nunca inovar no que a alimentação diz respeito no dia da prova.


Aqui terá começado, muito provavelmente a explicação para as dificuldades por que passei ontem, principalmente na 2ª metade da prova.

Tomado o 2º reforço começo a dedicar-me aos pés. Com toda a calma e cuidado dedico-lhes os principais cuidados, pois deles depende grande parte da prova. Ontem decidi-me também por escolher uns ténis que nunca escolhi para os testes que fiz para esta prova, ou sequer nunca usei nos treinos longos que fiz no Estágio das Areias ou nas posteriores 2 viagens que fiz à Lagoa. Decidi-me baseado apenas nas características do sapato, que com malha mais apertada, me ajudariam a não entrar tanta areia nos pés.

E aqui foi o 2º erro básico: nunca usar equipamento novo ou não testado em situações idênticas às da prova.


Os ténis, de facto não são novos. Já corri com eles muitas vezes, mas nunca em treinos longos. O tamanho é o correcto mas a forma é ligeiramente mais estreita que os meus habituais ASICS e daí a asneira de os ter escolhido. É certo que realmente pouca areia tinha nos pés no final da prova, mas por outro lado tinha o que me pareceu no final, quando me descalcei na praia, um 6º dedo no meu pé direito, tal era o tamanho da bolha que ali nasceu  ...

Voltando novamente ainda aos preparativos e depois de me equipar completamente, são 08:30 e é tempo do 3º reforço da manhã, este constituído por fruta.

Terminados os preparativos encaminho-me para o local de entrega dos sacos e encontro o José e o Bernardo Bordalo com objectivos diferentes. Para um foi mais uma edição da UMA e para o outro a estreia. Haviam de correr bem aos dois os respectivos objectivos e ainda bem que assim foi.

Estava perto da partida, eram 08:50 e completamente pronto para a prova. Tinha confiança no 'trabalho de casa' que fiz nos últimos meses. Sabia que estava bem melhor que em 2011. Tinha a certeza que por falta de pernas não iria falhar, como não falhei de facto.


Foto de José Melo


O ano passado claudiquei aos 33 Kms. Em 2011 encontrei o Víctor Silva por volta dos 10 Kms e entusiasmado acompanhei-o durante cerca de 10/15Kms. Tal graça custou-me depois mais à frente, chegado aos 33 Kms, ter ficar nas 'covas' e ter passado as passas do algarve para fazer os restantes 10 Kms de prova, que são 'apenas' os mais difíceis da prova.

Ontem tinha a lição bem estudada. Tinha interiorizado uma tabela de tempos / Km e tempos de passagem para me ir guiando.

E esta táctica resultou até à Comporta ...

Os 1ºs Kms da UMA são sempre complicados. A areia é pouco densa e solta e a inclinação do terreno acentuada. Mas é numa altura em que ainda há muita perna e muito pulmão e a coisa disfarça. Ontem fiz os 1ºs 5,5Kms a cerca de 07:20" / Km. Era o planeado. Passar aos 5,5Kms com 40:00".

Aqui, entre os 5,5 e os 8,5 começo a sentir o pé direito e começo a dizer mal da vida. Senti o dedo do pé direito que apenas a 5 Kms da partida começava a reclamar de se sentir mais apertado do que o desejável. Pareceu-me areia e parei mesmo. Não havia como ignorar o aviso. Descalcei-me e nada de areia, apenas vestígios da muita vaselina que havia colocado, antes da partida. O dedo doía apenas e porque o pé estava mais apertado do que era costume. Felizmente tinha no bolso da camisola uma bisnaga de vaselina, que anda sempre comigo e vai de reforçar a aplicação local.

Continuei ...

Segundo trajecto a subir para os 7'/Km e o corpo continuava à vontade. Senti sempre grande à vontade neste período. 8,5Kms e 01:00:00. Tal como o planeado e tudo bem.

A partir daqui o ritmo iria subir para uns confortáveis 6:30"/Km que deveriam manter-se até à Comporta, com 28,5Kms de prova. O corpo respondeu favoravelmente e passei a rondar 06:15 / 06:20 sem qualquer dificuldade. Foi também a altura em que a maré estava mais favorável. A areia estava muito boa e até agora o vento quase não se sentia. O calor esse sentia-se e bem!!

Por volta dos 14,5Kms e embora não me apetecesse (...) meti o 1º reforço calórico, um gel. E a partir daqui o meu estômago nunca mais iria ser o mesmo. Aquele gel, morno, caiu-me muito mal. Procurei ignorar e segui viagem. Por volta dos 20Kms novo reforço, uma barra. Assim que a comi tive a certeza que algo de errado se passava porque sentia o estômago a ferver ... e sentia-me extremamente agoniado.

Segui viagem ...

Passei pelo Luís Miguel e mais lá à frente pelo António Almeida. Encontrei o António à partida e depois aqui, alguns metros depois do abastecimento na Comporta e foi também aqui que consegui finalmente chamar de porco a um porco que por ali andou ontem, misturado com os atletas.

De facto o episódio passou-se a poucas centenas do abastecimento, onde eram entregues aos participantes 2x0,5lts de água, onde havia vários locais para deixar lixo. Estava eu a recomeçar a corrida, precisamente depois de encher o meu bidon, quando vejo o tal porco, uns metros à frente do António Almeida, a deitar uma garrafa para o chão, ali, como se existisse ali um caixote de lixo e sem sequer pestanejar. O António de imediato chamou a atenção, mas de nada serviu. Depois, quando passei pelo porco chamei-lhe porco na cara e pude ver e tinha uma cara absolutamente normal, ninguém diria à partida que tinha um  P  maiúsculo na testa!!

"... isso não lhe fica nada bem ... "   disse-lhe. "  ... apenas a uns metros atrás tinha um saco para deitar a garrafa seu porco ... ". Nem obtive uma resposta. O porco assumia que o era!! Um gajo novo, aparentemente pelo corte de cabelo e pelo bronzeado, um magala, a quem faltou uma chibatada do sargento, ou mais precisamente uma palmada do Pai, uns anos antes, na tentativa de lhe dar alguma educação. Agora possivelmente será tarde demais, provavelmente até se prepara para um dia destes passar a algum descendente tais ensinamentos. Que pena para o descendente!!

Há os que correm quase que lamentando deixar atrás de si as marcas dos sapatos na areia, ou terra, ou trilhos e há os que infelizmente deixam uma pegada ecológica que demorará várias gerações a ser assimilada pela natureza. Há os que veneram locais como os que atravessei ontem e outros que estão mais preocupados com outras questões e deixam estas para os outros, procurando imaginar que cabe aos outros esse tipo de preocupações. Que idiotas!!   ou "asshole"   que traduz melhor o adjectivo mais adequado a este tipo de gente.

São os porcos e os trapaceiros dos nossos pelotões. São afinal o reflexo da nossa sociedade, atrasada e bruta. Que tristeza senti ontem ao passar por tantas embalagens vazias de gel, de barras, garrafas e tampas. Que revolta por me sentir impotente perante tanto relaxe!!

Estávamos perto dos 30Kms e aqui tive a visita do Francisco Monte, que como no ano passado veio correr uns metros ao meu lado. Só quem corre sabe a importância de ter alguém ao lado num momento tão intenso como este. Confesso que preferi quando em 2011 o Francisco me acompanhou no último Km. Mas mesmo assim foi uma óptima companhia, durante uns escassos segundos. Obrigado uma vez mais Francisco.

Alguns minutos à frente seguiu-se 1º o Bernardo e pouco depois o José Bordalo. O estreante ia com um ar concentrado mas sereno. Denotava um à vontade e um ritmo confortável. Desejei-lhe um bom resto de prova e repeti o cumprimento pouco metros à frente, ao José Bordalo, num passo económico e igualmente confortável.

Nos 28,5 o plano era reduzir o ritmo novamente para os 7'/Km e manter tal ritmo até aos 37,5Kms. Não o fiz!! E errei!!

O esforço era maior porque o vento começou a fazer-se sentir por volta dos 30Kms e agora a resistência era muito maior.

Sentia-me apesar disso muito bem, àparte o estômago e optei por continuar naquele ritmo, entre os 06:15 e os 06:30.

Mas o meu estômago não aguentava nada a não ser água. A sensação de enjoo acentuava-se a cada Km. Ia consumindo largas dezenas de calorias e nada restituía ao organismo.

Passei pelos 33 Kms, local onde em 2011 havia ficado sem 'combustível' e sentia-me ainda bem e com alguma disponibilidade, mas as pernas começavam a fraquejar.

Foi já com algumas dificuldades que cheguei aos 37,5Kms. Com um tempo próximo das 04:00, contra as planeadas 04:15, estava cerca de 15' adiantado, mas também prestes a ficar uma vez mais sem combustível. Foi aqui que passei pelo Fernando Andrade, que ia já em esforço, mas numa passada certa e constante.

Cheguei aos 39Kms já em grandes dificuldades e tive que optar pela marcha, ainda que com ritmo alto. Ao contrário do que se passou em 2011, em que após cada período de marcha senti disponibilidade física para recomeçar os períodos de corrida, ontem sentia-me completamente esgotado. O problema não era de pernas, o problema é que não havia combustível para me fazer correr e os últimos 4Kms foram feitos em grande dificuldade.

Consumi no meu esforço mais de 4.000 calorias e ingeri apenas cerca de 400, num gel e numa barra. Toda a prova foi de resto apenas a água. Era impossível o resultado ser outro.

Fiz cerca de 200mts finais em corrida, apenas para a foto. Acabei a minha prova mas estava esgotado. Fui aos balcões de abastecimento e quase não consegui beber um copo de isotónico. Tinha vómitos e náuseas acentuadas. Saí dali e fui para a praia, para um desejado banho e quando me descalcei olhei para o meu pé direito e vi com surpresa que afinal tinha 6 dedos!! Olhei melhor e num dos dedos de origem tinha de facto uma bolha enorme, do tamanho do dedo. A vaselina possibilitara-me a sorte de poder esquecer, mas o resultado estava bem à vista!!

A minha UMA de 2012 estava terminada.

As queixas:
  • 1 bolha num dedo do pé
  • 1 ferida na anca, no local do cinto da bolsa do bidon
  • 1 mega hiper enjoo (não comi nada o resto do dia. Apenas 1 sopa à noite)

O mais:
  • O ter concluído mais uma prova, que envolveu 2 meses de muita luta

O menos:
  • Os porcos

Durante os próximos 10 meses não quererei falar ou pensar mais na UMA ...









terça-feira, 10 de julho de 2012

Trail do Almonda

O Trail do Almonda estará sempre ligado a mais um recomeço, entre os vários que a minha carreira de corredor de pelotão já conheceu. Após esta última interrupção, devido à cirurgia meniscal de Outubro de 2009, fiz o Trail de Vale de Barris, em Abril de 2010 e a que foi a 1ª edição do Trail do Almonda, em Julho do mesmo ano.
Estas 2 provas constituíram a minha estreia no Trail, até então desconhecido para mim. Com este retorno, voltei a correr e com estas experiências nasceu o gosto por um tipo de actividade que alia a componente lúdica à exigência física e mental.
Em 2011 não participei para não comprometer a participação na UMA, mas este ano e com 15 dias de intervalo não podia recusar o convite do Aníbal Godinho.
Num formato renovado, com novo local de partida e percurso alterado, a prova era assim uma incógnita à partida. A juntar a esses factores, o facto de estar na fase de maior carga na preparação para Melides e por isso me sentir algo cansado.
A prova começa praticamente com uma descida longa e técnica, o que logo ali provoca um congestionamento de alguns minutos. Depois corre-se por estradões, por zonas calcárias, calhaus, por zonas mais arborizadas onde a vegetação nos arranha , descidas muito técnicas e subidas onde a progressão é por vezes feita em filas, mais ou menos longas, na sua maioria onde a progressão é difícil.
Se não me considero grande trepador a descer ainda sou mais inseguro devido à minha altura e ao posicionamento do meu centro de gravidade a que se junta uma grande falta de experiência. Por isso estas zonas foram durante todo o percurso os focos de maiores sustos, que me lembre cerca de 3 a 4 ocasiões em que estive prestes a 'riscar a pintura' ou mesmo 'amolgar o pára-choques' :-)!!
Contei com a companhia do grande Víctor Silva, que no rescaldo da sua participação na Madeira participou em descompressão. Foi uma companhia excelente durante as 4 horas que por ali andámos. Ele ajudou-me também no combate do síndrome do 'fussão da estrada'. Este síndrome, que me acompanha desde a "escola" de estrada e que me provoca perturbações a nível psicomotor sempre que vejo um corredor à minha frente, ao meu lado ou mesmo atrás de mim. Foram muitos anos de estrada e ainda é uma influência com que fiquei desses tempos, o de considerar como um 'adversário' quem por ali anda a correr como eu. Alguém de quem importa fugir a qualquer custo, sob pena de ficar à minha frente e ganhar-me na luta pela 674ª posição!!
Com o Víctor esse aspecto foi esquecido, em relação a outros bem mais interessantes, como o relato pormenorizado de todos os aspectos que rodearam a sua recente experiência na Madeira.
A 250mts do final encontrou a esposa e ficou um pouco para trás. Esperei alguns segundos por ele e acabei por cortar a meta imediatamente seguido por ele, o que acabou por ser muito bom.
Embora aquém do que gostaria, a minha prática em corrida de trails tem vindo gradualmente a aumentar tanto em termos quantitativos como qualitativos.
Esta edição de 2012 foi quanto a mim positiva em tudo, excepção feita ao capítulo do banho final, que não correu muito bem e espero que venha a ser melhorado. Gente demais para o local, ou local pequeno demais para tanta gente.
O registo gravado pelo fiel 'SILVER'


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Viagem em solitário à Lagoa

É das sessões mais longas e difíceis que retiro mais prazer. Em condições normais, só ao fim de 45' a 60' o corpo está apto e disponível para o esforço e é aí que começo realmente a gozar o treino.
A sessão da última quarta-feira, dia 4/Jul foi disso exemplo.
Estava receoso porque no treino curto do dia anterior sentira-me sem forças e sem ritmo. Era mais um 'longo' na sequência da preparação para a UMA de 2012 e era importante sobre todos os aspectos que me corresse bem.
Comecei às 19:20 e tive o cuidado em manter um ritmo certinho, o mais próximo possível dos 6'/Km e em parar para beber um pouco de água de 5/5Kms. Mas mesmo com esses cuidados todos, aos 10Kms sentia-me cansado e pensava já como iria fazer ainda mais 20.
Entre os 10 e os 15Kms senti uma nítida melhoria o que me deixou mais animado. Cheguei à Lagoa às 20:55. Fiz exactamente 1:30hrs na ida. Voltei-me para o retorno e fui brindado por um pôr do sol magnífico sobre um mar picado pelo vento forte que soprava de NW. Vento que com os 15Kms nas pernas me iria acompanhar em todo o retorno, até ao final.
Decidi que tinha mesmo de fazer um esforço, principalmente nos 1ºs Kms para manter o ritmo e não deixar o corpo ir abaixo. Isto fora exactamente o que sucedera no domingo anterior, em iguais circunstâncias no longo que fiz no mesmo local, em que no regresso me fui abaixo, valendo na altura uma boleia que apanhei nos 20Kms e que me permitiu chegar à Caparica em condições.
Mas neste longo eu estava sózinho e a noite aproximava-se não sendo nada provável que aparecesse alguém, por isso arregacei as mangas e felizmente correu-me bem.
Com a ajuda do ritmo da minha playlist avancei determinado.
O vento forte e o cansaço eram obstáculos que tinham de ser vencidos e felizmente entre os Kms entre os 15º e 20º foram determinantes  para o sucesso deste longo. Depois dos 20Kms era manter e gerir até ao final.
A partir dos 20 deixei de ter luz e ainda apanhei um susto com um tropeção numa corda de bóia na Fonte da Telha e com um tractor de pescadores, a surgir do meio do escuro pelas minhas costas, perto demais para o meu gosto. Passados alguns Kms, haveria de me assustar outra vez, quando vi a minha imagem reflectida na areia à minha frente, pensava eu devido a novo tractor. Voltei-me para dar de caras com uma enorme Lua, que grande e amarela nascia atrás de mim!
Após o 20º Km mantive o ritmo e depois o resto foram Kms a passar, apenas importando gerir o esforço.
No regresso fiz 1:26hrs. 4 minutos a menos portanto do que na ida, mais fresco e com o vento a favor.
Gostei do treino e mais importante, gostei da forma como consegui ultrapassar aquela dificuldade no início do retorno.
Parece-me que foi um passo em frente para a UMA.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Estágio das Areias - Cap. III

Nos episódios anteriores relatei as 2 primeiras semanas do Estágio das Areias.

Partilhei convosco uma etapa importante neste estágio que reside no facto de ter percorrido numa semana de treinos, 6 dias, a bonita distância de 113Kms. Que se cuide o Eusébio Rosa ... :-))

O principal objectivo que tracei à partida para este estágio foi o de fazer Kms. Mais importante do que correr em areia seca, considerei que seria ganhar endurance, ganhar Kms nas pernas e na cabeça ...

Na cabeça reside um capítulo muito importante na questão de fazer ou não fazer uma prova como a UMA. As dificuldades que se colocam sobre todos os aspectos numa prova com aquelas características são ultrapassados em primeiro lugar pela cabeça e depois pelas pernas. A capacidade de aguentar essas dificuldades e ultrapassá-las deve ser também treinada. Com este forcing que estou a fazer aqui, testo realmente os limites em aguentar um esforço suplementar. Por isso aumentei os Kms e até agora tenho-me aguentado.

Passemos então ao remate deste Estágio das Areias!

25 de Junho, às 07:00
arranca a 3ª e ultima semana de estágio. Acentua-se o estado de cansaço generalizado. De manhã, quando início o treino, o corpo grita por socorro (!!!) A maré está agora cheia e ando em areia mais mole e terreno inclinado, tal como irei encontrar em Melides daqui a poucas semanas. Faço o trajecto 'base' de casa até à praia mas o ritmo baixa para os 6':30"/Km devido à areia mais mole. Tenho que me esforçar por olhar para baixo para conseguir manter esta cadência que exigindo esforço não me coloca demasiadamente ofegante. Hoje o regresso é um pouco mais alargado até casa.
19Kms - 120'

26 de Junho, às 07:30
esta 14ª sessão, que constou em mais um treino 'longo', foi muito complicada de concluir. Após as 2 horas de ontem, fazer 2:40 hoje foi muito difícil. Com a maré bem cheia, fiz duas voltas à Meia Praia, com a ida por dentro e o regresso pela praia. Principalmente na 1ª volta, em que apanhei a maré mais cheia, os músculos ressentiram-se com o esforço acumulado. Na 2ª volta passou-me pela cabeça fazer uma pausa. Felizmente não fiz nenhuma, pois a parar uma vez tenho a impressão que fazia o resto a passo.
26Kms - 160'

27 de Junho, às 07:30
15ª sessão e parece-me que o mais difícil está feito. Depois desta sessão vou começar a diminuir um pouco porque no próximo domingo, 1 de Julho, tenho um longo lá em cima, numa viagem até à Lagoa de Albufeira. Hoje voltei à Meia Praia em maré cheia. Andei num ritmo perto dos 6:15.
17Kms - 105'

28 de Junho, às 07:30
16ª sessão e iniciam-se as despedidas dos locais predilectos deste estágio de 2012. Hoje despedi-me das arribas de Porto de Mós. É um trajecto difícil porque começa logo a subir, mas a dificuldade do trajecto é minimizada pelas vistas excelentes lá de cima.
9Kms - 55'

29 de Junho, às 07:30
17ª e última sessão em Lagos. A despedida tinha de ser na Praia. Na Meia Praia que foi o local mais visitado e percorrido nestas 3 semanas muito durinhas mas recompensantes igualmente.
19Kms - 120'

Distância percorrida: 90Kms


Distância percorrida durante o estágio: 284Kms
Sessões: 17

E assim terminou como começou este Estágio das Areias: em beleza!!

Corri, cansei-me e diverti-me muito. Além disto tudo não me aleijei!!

Enchi as vistas com paisagens deslumbrantes e os pulmões com o ar que por ali é muito bom.

Bati os recordes de semana e mês com mais quilómetros.
  • Semana 25: 113 Kms
  • Mês de Junho: 352 Kms

Daqui para a frente o objectivo é continuar a ganhar Kms nas pernas, fazer mais uns longos, fazer Almonda com calma (...) e depois aguardar pacientemente pela partida do ferry em Setúbal, no próximo dia 22 às 06:00.



Na impossibilidade de ilustrar com algumas das fotos que tirei, uma vez que o laboratório se atrasou no seu envio    ;-)   , deixo-vos alguns registos do meu fiel 'SILVER' para ilustrar doutra forma os principais locais de treino.

1. Porto de Mós
Percurso que fiz algumas vezes, percorre arribas desde Porto de Mós até à Praia da Luz. Vistas fenomenais.


2. Meia Praia
Este foi o percurso que mais vezes fiz. Com cerca de 17Kms começa a descer e acaba a subir, o que até é bom. Passa pela zona da Marina e da Lota antes de chegar à Meia Praia.

3. Circuito das Praias
O melhor percurso deste ano. Percorre em arribas todas as praias entre a Luz e a Meia Praia.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Estágio nas Areias - Cap II

Continuação ...

Relatei-vos, fiéis leitores, no anterior artigo, os 1ºs eventos daquele que chamei Estágio nas Areias, decorrido em Lagos.

Num cenário de praia e falésias, a realização dos treinos em locais fora do habitual dá motivação extra.

Ao final da 1ª semana de estágio o cansaço faz-se sentir de uma forma bem nítida. Há que sublinhar o facto de os 51 anos deixarem marcas profundas.

Tento contrariar o cansaço com uma alimentação um pouco mais cuidada do que o habitual, com bastante oxigenação e sobretudo com o máximo de sono que consigo obter. Normalmente o recolher fez-se sempre antes da meia-noite, apesar de algumas tentações, mas nisso o 'mister' foi completamente inflexível! Resultou que normalmente dormi cerca de 06:30, uma vez que a alvorada rondou quase sempre esta hora.

Das coisas de que não prescindi foi obviamente da minha cervejinha diária, de acompanhar algumas refeições com vinho e de um ou outro sugo ou goma que fui conseguindo subtrair ao pecúlio do Alex Jr.


18 de Junho, às 08:15
arranca o 7º treino, agora já na 2ª semana de estágio.
Para começar em beleza e após o dia de descanso, inventei um novo esquema, pq a necessidade aguça o engenho ...
Pedi à vasta equipa que me acompanha para me transportar o pequeno almoço, a roupa, as pomadas, as bebidas, e todo o vasto equipamento e opcionais que me acompanham neste estágio e que fosse ter comigo à praia.
Este pequeno ‘ovo de Colombo’ permitiu-me obter o que andava à procura desde o início deste estágio: tempo para correr com tempo!!
6******. Resultou.
Saí de casa mais tarde pq os cães tinham de ter também a saída deles. Rumei para o local do ‘crime’, a praia obviamente, a areia. Depois foram 2 horas de puro deleite. Fiz 4 praias, sempre em ritmo controlado. No final, os últimos 1,5 Kms foram em areia mole. Excelente sessão em que o foco esteve no facto de ser em modelo de circuito, ou seja, ultrapassar o complicado que é chegar ao final da 2ª série e saber que ainda temos de fazer nova volta, com mais uma ida e uma volta. Mas até acabou por correr tb bem esta parte e a 2ª viagem fez-se sem grande dificuldade.
25Kms – 02:30

19 de Junho, às 07:30
mais uma sessão para o mesmo local: a areia da Meia Praia, ainda e sempre à disposição. Depois da sessão longo de ontem, foi mais difícil fazer a sessão de hoje, mas fez-se.
16 Kms – 01:40

20 de Junho, às 07:30
arranca o 9º treino em direcção à areia. Hoje mais uma sessão igual à maioria das anteriores, com o pormenor de ter sido um pouco mais rápida que as anteriores. A maré continua de feição para fazer Kms na areia e eu não rejeito tal oportunidade. Sinto-me muito cansado e repetidas vezes me questiono se irei aguentar continuar neste ritmo mais 1 1/2 semanas.
16 Kms – 01:35

21 de Junho, às 07:00
arranca o 10º treino em direcção à areia. Hoje levantei-me às 06:30 e porque tinha mais tempo repeti o programa da sessão anterior só que na praia, fiz o regresso novamente pela areia seca, junto às dunas. Depois foi o regresso bem puxado, a concluir uma sessão boa.
16 Kms – 01:45

22 de Junho, às 07:30
este, que foi o 11º treino, foi um dos melhores deste estágio, até agora. Troquei com a Joana a tarefa do passeio higiénico dos cães e novamente com tempo extra aproveitei e inventei um trajecto novo. Fiz o que chamei de Circuito das Praias. A necessidade de variar locais e ritmos está sempre lactente e estou sempre a pensar o que posso fazer para não cair em rotinas. Assim saí em direcção às falésias de Porto de Mós, fui até à Praia da Luz, retornei a Porto de Mós e depois foi a sucessão de pequenas e belas praias até à Meia Praia. Canavial, Ponta da Piedade, Camilo, D. Ana, Pinhão, Estudantes, Batata e Meia Praia, com uma ida e uma quase volta para perfazer os 25Kms.
Excelente sessão em excelente percurso maioritariamente em terra/areia.
25 Kms – 02:30

23 de Junho, às 07:30
motivado pela descoberta de ontem, repeti nesta 12ª sessão o programa, excluindo a ida à meia praia. A temperatura está a aumentar e o vento a diminuir, felizmente, ao fim de quase 10 dias sem dar tréguas.
15 Kms – 01:40

E com mais este episódio terminou a 2ª semana de estágio.
De salientar em 1º lugar que nesta semana bati o recorde de Kms feitos numa semana!!
As temperaturas são por aqui habitualmente amenas. O vento, pelo contrário é uma constante soprando geralmente forte.
Fiz 2 treinos longos numa semana e estou completamente de rastos. Ainda tenho pela frente mais uma semana e sinceramente questiono-me se não estarei a querer demais.
Distância percorrida: 113Kms


Continua ...

terça-feira, 3 de julho de 2012

Estágio das Areias - Cap. I


11 de Junho, às 07:20 
começa o 1º treino deste estágio de verão, nas areias da Meia Praia, em Lagos
A maré está cheia, o vento sopra forte e cai uma chuva fininha, daquela que se transforma em milhões de pequenos alfinetes, que embalados pelo vento forte, embatem na pele.
Saio de casa e desço a Av. das Descobertas até à Marina. Atravesso a pequena ponte por cima da Ribeira de Bensafrim e estou na Lota, onde o movimento é quase nulo. Para além do vazio que se sente aqui, fruto duma indústria que já teve melhores dias, trata-se duma segunda-feira, dia de descanso para as gentes que ainda dependem do mar para o seu sustento, ou parte dele. Transposta a Lota estou praticamente no início da Meia Praia, São Roque mais precisamente. Um extenso areal, que liga Lagos ao Alvor, numa imensa e única praia de 5 Kms.
Transponho algumas dunas e estou na praia.
O ‘Silver’ marca 3 Kms e agora, daqui para a frente é só areia.
Encho a vista com aquela enorme paisagem. Encho o pulmão com o esforço que se inicia, assim que os sapatos ficam com a sola dentro de areia fina.
Para lá o vento ajuda um pouco, por isso a maior dificuldade coloca-se na areia, na inclinação e em alguma e pouca chuva, fria.
Mas para cá a coisa muda de figura. Assim que dou a volta junto a Alvor o vento faz-se sentir e o regresso é feito com mais calma.
Sinto as pernas com força, embora a sensação de pouca vitalidade dos últimos dias se mantenha.
A chuva cai a espaços e o vento contra levanta maiores dificuldades na progressão. De qualquer modo é o 1º dia e estou ainda fresco pelo que chego a Lagos sem grandes dificuldades. Falta agora o resto, novamente os 3 Kms, sempre a subir, até lá acima, ao miradouro onde termino o treino, com 16 Kms de extensão. Faço os alongamentos, com vista ainda para a Meia Praia e depois são mais 300mts até casa.
Um bom começo.
16 Kms – 1:40hrs

12 de Junho, às 07:40
começa o 2º treino. Hoje, planeado para ser mais fraco do que o de ontem, vou para as falésias sobre a Praia de Porto de Mós. Este trajecto, normalmente o dos dias de ‘descanso’ é maioritariamente em terra batida em caminhos rurais que ligam Porto de Mós à Praia da Luz, numa extensão aproximada de 5 Kms. Adicionando os 2 Kms até casa, dá cerca de 9Kms. Tem o contra de ser quase sempre a subir na 1ª parte, mas é curto, mole e tem bons cenários. Sinto hoje + as pernas, mas é uma passo de cada vez e este foi mais um, para a frente.
9 Kms – 0:55hrs

13 de Junho
3º treino, repetido o programa do 1º dia, com ida e volta até ao Alvor, com passagem pela Meia Praia. A subida final sempre exigente, seguida dos alongamentos no miradouro com vista para o mar.
16 Kms – 1:40hrs

14 de Junho, às 07:40
começa o 4º treino deste estágio nas areias. Levei o carro até à praia pois do programa para hoje consta um sempre apetecido 100% de areia. Para lá a viagem foi calma, sempre junto ao mar, com areia quase rija, mas no regresso o ‘mister’ aponta para cima, para a areia bem mole junto às dunas e o regresso é bem mais puxado. Neste cenário de treino, as instruções são claras: “face down and baby steps”, que é como quem diz olhos no chão e passada curta, muito curta. Se olho para a frente, para o horizonte, automaticamente a cabeça começa a querer andar mais depressa e o objectivo do treino perde-se.
11 Kms – 1:10hrs

15 de Junho, às 07:30
começa o 5º treino. Após estes dias com treinos seguidos as pernas queixam-se. Mesmo com a antecipação em 15’ no despertar, não consigo fazer os Kms que queria, mas vou fazendo o possível atendendo que estas férias não são só minhas ...
Hoje, uma vez mais 100% areia, mas sempre em areia densa da maré vazia. Na ida a viagem foi calma, a 6’/Km, mas no regresso o ritmo subiu para perto dos 4:45’/Km, qualquer coisa muito aproximada da intensidade que fiz na Meia da Caparica. Depois, seguiram-se cerca de 2 Kms só para arredondar a distância final.
13 Kms – 01:15hrs

16 de Junho, às 07:30 
esta que é a 6ª sessão de treino, mantém o horário de arranque para os treinos conseguido nos últimos dias. Devia ser ainda mais cedo, mas que raio, estou em férias!!
Bem ou mal, só o futuro o poderá confirmar, opto novamente pelo circuito maior, entre casa e a meia praia. Tenho 16 Kms em que 6 são em alcatrão e o resto em areia. Não é o ideal mas faço quilómetros que é coisa que me faz falta. O ritmo mantém-se maioritariamente nos 6’/Km. Só o meu fiel 'Silver' consegue manter-me nesse ritmo, que é o que posso e devo fazer para que o objectivo seja alcançado. Hoje maioritariamente ouço os CCR, um grupo que foi ícone na música do meu tempo. Ontem foram os GK, em origens e ritmos bem diferentes. Aqui vos deixo, fiéis leitores, um pequeno enigma para adivinharem de que grupos se tratou na realidade ...
16 Kms – 01:35

E com este episódio termina a 1ª semana de estágio.
Curioso o facto de nunca ter necessitado do despertador para acordar, mesmo apesar de ter 2 alarmes definidos, com a diferença entre eles de 5', nunca nenhum deles chegou a tocar.
Depois foram maioritariamente treinos em areia. Uns em areia rija e outros nem por isso, mas em areia. O cenário não se pode desperdiçar e é realmente motivador fazer aqueles 10Kms de areal.
Estou este ano a fazer mais Kms do que no ano passado.
A fasquia naturalmente subiu este ano e tenho como objectivo terminar a Ultra Maratona Atlântica em melhores condições do que no ano passado, onde acabei com 05:00 horas, mas em que nos últimos 10 Kms fiz 2 Kms a correr e 1 Km a passo.
Sinto por isso necessidade de ter mais Kms nas pernas e isso começa já aqui e agora.
Distância percorrida: 81Kms

Continua ...