terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Parabéns Egas

08 de fevereiro de 2018


Hoje faz anos um Amigo meu. É virtual, pois nunca o conheci, mas é um Amigo. E faz hoje 80 anos!


Razão mais do que suficiente para regressar a este espaço, abandonado desde há 2 anos!




Parabéns Egas!


Embora não te conheça pessoalmente, já te conheço um bocadinho (...) através das tecnologias da internet e reconheço-te como um Homem da luta.


"... amigo maior que o pensamento ..." lá dizia o poeta cantor!


A vida já colocou algumas 'pedras' no teu caminho e a tua luta tem sido também com ela e com elas. A vida e as pedras!


Embora não te conheça pessoalmente e esteja para aqui a falar um pouco de cor, mas reconheço em ti um Homem da luta, também pelos teus ideais de sociedade. Lutas por aquilo em que acreditas e admiro-te também por isso.


Quando nas minhas confidências com outro Amigo, comum aliás, começo no queixume das minhas 'pedras', ele para me calar compara as minhas 'pedras' com as tuas e ... fico envergonhado!


Naqueles momentos, ele faz-me acordar para a realidade doutros, perto de mim e de nós, cujas 'pedras' são bem maiores e mais agrestes que as minhas!


Mas hoje não é dia de pensar em 'pedras'.


Hoje deve ser dia de festa, de alegria, de convívio, de Família e Amigos e de recordações. De recordações doutros aniversários e de como fomos todos bem felizes, a maioria das vezes sem dar por isso.


Como é desejável nestas coisas.


Desejo-te um dia muito feliz. Mais que o dia, desejo-te um ano 80º cheio de saúde e de realizações pessoais.


Desejo que mantenhas a tua actividade de caminhada, que não sendo o mesmo que a tua actividade de corrida, mas sei o quanto pode ser importante.


Desejo que mantenhas a tua actividade de fotógrafo, com um olhar de saber adquirido, mostrares a vida pelos teus olhos, através duma lente.


Desejo finalmente e 'apenas' que continues a fazer companhia ao nosso Amigo comum. Vocês são afinais os meus melhores Amigos virtuais!!


Parabéns.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

41ª Meia Maratona da Nazaré

A coisa esteve complicada este ano.

Acho que só comecei a ver publicidade à prova já em Novembro.

Ao que parece, foi mais uma luta das gentes da Nazaré, para colocar em pé aquela que é a 'mãe' das Meias Maratonas, a Meia da Nazaré.

Foi lá que comecei a correr, há cerca de 35 anos, numa manhã de dilúvio em que pela 1ª vez cheguei à Nazaré, acompanhado pela minha Mãe, já a prova tinha começado (...). Desci a rua a correr, enfiei-me debaixo das cordas que delimitam a marginal e arranquei por ali fora.

Nessa altura, a maioria do pessoal que treina agora à minha volta, ainda nem era nascido.

Regressar à Nazaré constitui, neste que é até ao momento o último regresso às corridas, que aconteceu em 2010, após a minha meniscectomia em finais de 2009, um motivo de regozijo redobrado.

E depois há coisas como esta, que registei este ano, no passeio ao sítio, coisas que nos fazem querer lá voltar sempre.



Este ano não houve volta de aquecimento, pelo Valado dos Frades, versão que adoptei desde 2010, em modo de preparação para a Maratona de Lisboa, que à data era em Dezembro e em que a vinda à Nazaré servia cumulativamente de treino longo.

Mas a safada da L5/S1 trocou-me as voltas e este ano vim em contenção. Mas não desisti do carácter lúdico da Nazaré e fiz questão de manter todo o restante calendário, mesmo não fazendo as 2 horas de aquecimento. Por isso mantive a entrada na Nazaré bem cedinho, mantive o pequeno passeio na marginal, mantive o levantar do dorsal sem confusões e claro, mantive o bolinho e café escaldado na Arcádia.

Depois e como estava com tempo, inovei e deu-me para ir ao Sítio. Como estava com preguiça para ir a andar, apanhei o elevador e fui até lá acima. O dia esteve espectacular e lá em cima as bancas de venda de recordações ainda estavam a ser montadas e arranjadas quando lá cheguei. Dei uma volta pelo local e fui até à Praia Norte, espreitar a ver se havia o McNamara. Mas nada do rapaz, deverá andar a experimentar o seu novo mercedes, classe xpto!!

Voltei para baixo e com calma arranjei as coisas.

A marginal este ano foi encurtada. O pessoal a participar consta que terá rondado as 1 000 almas. Fiz o aquecimento. Aproveitei e usei os wc (bem) instalados na praia.

A 15' da partida comecei a correr devagar. A 5' cheguei-me à frente e o pessoal da caminhada faz questão de partir bem à frente e depois é a grande confusão na partida.

Fui sempre no limite. No meu limite. Encostadinho aos 5'.

Eu sei lá, deu-me para ali!!

Mas queria testar-me. Afinal eu estou quase sempre a testar-me!!

Até perto do retorno ainda aguentei, mas depois ...

O calor fez efeito e comecei a sentir que aquilo não era o meu passo.

Depois do retorno começa realmente a fazer-se a prova. Acaba a força e começa a resistência.

Claro que não treinei especificamente para a Nazaré e só tenho feito, quase exclusivamente, trilhos em Monsanto e no Jamor.

Mas a coisa produz os seus efeitos porque embora cansado as pernas aguentaram.

A dúvida dos 17Kms aos 19Kms dissipou-se e as pernas continuaram a aguentar.

Apesar de dizerem que cada Km correspondeu este ano a Km+100mts, deixei de ligar ao relógio e corri apenas com as pernas.

A recta da meta também foi mais curta este ano e por isso custou menos chegar lá à frente.

No final o tão esperado prato, a broa e outros brindes, de menos significado.

Alonguei e segui para o carro. Afinal a jornada ainda só estava a meio e falta a visita à outra mãe, desta feita à Mãe e foi para lá que rumei.

Para o ano espero voltar à visita às Mães e claro, à Nazaré!




sexta-feira, 27 de novembro de 2015

TRAIL DOS PALÁCIOS

Participei, no passado dia 1 de Novembro, no Trail dos Palácios, uma proposta da 'Roteiros Aventura', que consistia em fazer uma ligação, maioritariamente em piso mole, entre o Convento de Mafra e o Palácio de Sintra, qualquer coisa à volta dos 25 Kms de extensão e com o tempo limite de 5 horas.

Decorridos cerca de 5 meses desde que me lesionei na L5/S1, ao que tudo indica com uma "Fractura de Stress", pareceu-me uma boa proposta para recomeçar os meus desafios, em propostas com algo de interessante, como me pareceu esta.

Ligação de 2 símbolos da nossa paisagem monumental através da zona saloia, a lembrar os Trilhos de São João das Lampas, do meu amigo Fernando Andrade.

Muita chuva, muita lama, durante todo o percurso.

O piso foi maioritariamente estradão, mas teve bastante trilho e claro, algum alcatrão.

Os meus Trabuco portaram-se bem, atendendo ao estado do piso, embora tivesse havido ocasiões em que me pareceu estar positivamente de patins, tal era a instabilidade do solo.

O grau de exigência física com que este Trail foi classificado pela organização 4+, numa escala de 5, nem pouco mais ou menos correspondeu à realidade. 3 ou 4 subidas mais puxadas e o resto foi essencialmente rolante.

As marcações do trajecto e da distância estiveram muito bem e os abastecimentos fartos.

Esteve mal a organização em não ter conseguido organizar o transporte de sacos para a meta. Com tanta camioneta tinha sido perfeitamente possível reservar uma delas apenas para esse fim, tinha assim evitado que muita gente tivesse depois de cortar a meta, em Sintra, sido ainda forçada a fazer mais de 30' de camioneta, de volta a Mafra, com a roupa completamente molhada.

Pelo meu lado levei um saco de plástico, com uma muda de roupa para depois em Sintra, num parque, recorrer ao WC, mudar de roupa e evitar assim aquele sacrifício.

Também não se vislumbrou ao longo da prova qualquer apoio médico. Eu sei que a coisa até era curta e os acessos fáceis e previsivelmente rápidos, mas com tanta lama seria expectável acontecerem quedas e nessa altura daria jeito qualquer tipo de apoio.



Melhor:

Marcações
Abastecimentos

Pior:

Transporte de roupa para Sintra
Apoio médico

No final, gostei da prova, dum modo geral.

A zona é cénica, os acessos são rápidos e digamos que é uma prova que se faz bem.




segunda-feira, 2 de novembro de 2015

UTSM 2015

Alguém me chamará de desalinhado. Eu sei, é preguiça da mais pura!
Escrevi a maioria destas memórias logo após o USTM e depois arrasto, arrasto até finalmente as publicar hoje.

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A história desta minha 3ª participação no Ultra Trail de São Mamede poderia resumir-se nestes 3 parágrafos:

§1 - Dos 0 aos 30 Kms foi a ilusão dum milagre, de São Mamede provavelmente. Coisa do género de angariar os Kms que faltavam nas pernas, por divina providência.

§ 2 - Dos 30 aos 60 Kms foi a dura pancada com a realidade e o equacionar a desistência devido aos problemas no estômago. Valeu o poder, 1º da Bifana, no PAC 4 e depois o da Sopa, no PAC 5, para devolver a esperança.

§ 3 - Depois, bem, depois foi sofrer dos 60 Kms até à meta, ou quase, porque os últimos 200 metros até nem custaram por aí além e até tinha feito um sprint, não fosse isso fazer com que ultrapassasse outro participante nos últimos metros, o que numa prova com as características desta é para mim impensável.



Mas deixo para memória futura mais alguns pormenores:


À partida sabia apenas que iria ser uma prova à minha capacidade de aguentar as condições que se anunciavam em termos de temperaturas. A minha resiliência iria ser testada, novamente ao máximo. Aliás como tem sido hábito nesta e noutras aventuras em que me meto.

Mas ali no estádio, às 23:00 hrs, tudo era ainda festa.

Uma noite morna, alguma animação e o acalmar do stress das últimas horas com uma viagem cansativa e dos últimos preparativos que deixo sempre atrasar até à última hora. Deitei-me na relva fresca e procurei abstrair-me do resto ali no estádio.

Pela cabeça passava-me o que tinha pela frente até estar de novo ali, deitado naquele relvado. Durante as 18 horas seguintes um dos motivos que me fez avançar foi precisamente o desejo de me voltar a deitar ali, no final do dia!

O relógio avançou e eu não aguentei mais e levantei-me. Cumprimentei o Kamala  e o Bernardo. Cumprimentei o Joaquim Adelino cujas habituais confissões de dores aqui e ali caíram em saco roto, porque aquele mesmo coxo nunca para. Mais tarde encontrei-o na meta, vestido 'à civil' e foi mesmo obrigado a tal, devido a problemas físicos. Deixei-me estar a aguentar o nervoso dos últimos instantes.

Finalmente ao som de música dos Xutos é dada a partida e cerca de 600 arrancamos em direcção a nova aventura.

Os 1ºs metros fora do estádio revelam uma realidade que me acompanhará até perto do PAC 3. Foram mais de 20 Kms a comer pó levantado por centenas de pés à minha frente e empurrado pelo forte vento que se fez sentir neste 1º terço da prova. Aqui odiei o vento, que me dificultava a respiração, mas que mais tarde me iria ajudar a diminuir um pouco o calor que se iria sentir lá mais para a frente.

Na passagem do curso de água, que faz sempre muita fila e onde é requerido que se avance com maior precaução, descurei a parte superior e concentrei-me apenas na parte de baixo, onde tinha de colocar os pés, esquecendo que por cima estavam ramos de árvores. Pareceu que o céu positivamente me caiu em cima da cabeça. Fiquei uns instantes meio zonzo mas nem parei e segui, ligeiramente combalido.

Após aquele duro despertar tentei avançar com mais cuidado, o que fosse possível, visto que se trata duma parte mais técnica e que a noite mais a minha falta de visão nocturna transformam estes trajectos em grandes torturas!

Continuei a comer muito pó até ao PAC 2. A partir daí, começou a haver menos. Não porque eu tivesse tomado a dianteira do pelotão ou porque o vento tivesse diminuído, mas porque e vá-se lá saber porquê, a subida para as Antenas e para o PAC 3 tivesse baixado e de que maneira a velocidade do pelotão de frontais por aquela serra acima. Lá em cima no PAC tudo na mesma como noutros anos, uma enorme confusão.

Há de tudo. Os papagaios, que com o nervoso falam, alto e sem se calarem 1 minuto, há os surpreendidos, apanhados após aquela subida desprevenidos e que fazem contas à vida e há os habitues, que já sabem o que se passou e o que ainda falta e fazem apenas e só o que há a fazer.

Neste PAC, tal como nos anteriores anos, mantive o menu dos anos anteriores: chá e queques.

Mas se o menu foi o de anos anteriores, já a reacção ao mesmo não foi nem parecida ao que estava habituado.

Guardo na memória o meu 1º UTSM, em 2013 e a chegada a este PAC 3 completamente envolto num ambiente de autêntico caos. Aquilo era um autêntico cenário de guerra. Uma noite fria, com chuva e lá em cima, acima dos 1 000 mts o vento a transformar essa chuva em alfinetes gelados. Quando lá cheguei acima só me lembro de ver 1 dúzia de participantes, debaixo duma lona batida a vento, enrolados em cobertores e com uma cara que não deixava quaisquer dúvidas: tinham atingido os respectivos limites e apenas esperavam por transporte que os retirasse daquele inferno para fora.

Perante aquele cenário dantesco, decidi aproveitar um contentor abandonado que estava junto ao PAC e fazer dele o meu abrigo e assim fiz 2 ou 3 viagens, entre a tenda do chá e queques e o contentor, de modo a expor-me o mínimo possível. Naquela noite, completamente molhado e enregelado, aquelas canecas de chá souberam-me maravilhosamente e deram-me alento para seguir, encosta abaixo, em direcção a um espantoso nascer do sol.

Neste ano de 2015, no entanto, nada se passou de modo parecido. Logo que começo a descida sinto que há algo de errado com o meu estômago. Náuseas e vómitos logo que começo a descer em direcção ao PAC 4, irão tornar este trecho do percurso um autêntico suplício.

Nos outros 2 anos de UTSM, aqui na descida começa aquela que para mim é a melhor fase de São Mamede: o nascer do dia. Este ano estou adiantado cerca de 1 hora, porque o nascer do sol só irá acontecer quando estiver a arrancar do PAC 4 em direcção ao PAC 5.

Chego ao PAC 4, o do pão com chouriço e estou de tal modo mal disposto que apenas bebo um café. Nem quero sequer pensar em comer. Sento-me numa cadeira e vejo muitas nuvens no meu horizonte. Nuvens carregadas e escuras! Com receio amolecer e fraquejar nos meus objectivos, arranco para nova zona de muitas subidas.

Sei que se não compensar o desgaste de energia com qualquer alimento, será impossível continuar. A desistência gradualmente começa a passar-me pela cabeça, cada vez com mais frequência. Faço trajectos curtos de corrida, mas o estômago não alivia. Chego finalmente ao PAC 5 e nem quase dei pelo nascer do dia desta vez!


Estou desgastado e principalmente sem qualquer esperança de avançar, quando aqui chego.

Vou buscar uma bifana e um copo de cola-cola. Desta vez não arranjo cadeira e sento-me mesmo no chão porque faço questão de comer com muita calma de modo a aperceber-me da reacção do meu corpo. A coisa marcha e uma luzinha acende-se. Levanto-me e vou repetir a dose. Volto a sentar-me e calmamente gozo aqueles momentos. Animei. As bifanas souberam-me muito bem.

Decido arrancar e esquecer para já os maus pensamentos. Vou com calma já a ver e a pensar no Marvão. No caminho lembro-me e vou ao WC e a 'coisa' até funciona, o que aumenta as esperanças de restabelecimento do estômago. Estou agora mais animado.

A meio da subida para o Marvão sento-me à sombra e como uma barra Doce Papoila (que estou a experimentar aqui pela 1ª vez). Soube-me bem. Acredito que estarei com carência de energia e a ideia é meter algum de modo a preparar-me para os Kms seguintes.


Chego ao Marvão, apoiado no meu cajado que me acompanhou nos últimos Kms e que infelizmente iria esquecer na roulote do café, à saída deste PAC . Estou obviamente cansado mas o estômago não está pior. Transposta a entrada das muralhas faço o percurso até ao PAC a correr. Vou de imediato mudar de roupa e desta vez incluo os sapatos, é por isso mudança de 100% do equipamento. Terminada a mudança vou à sopa. Com alguma sorte arranjo um dos poucos lugares à sombra e como 2 sopas com pão. Mais 1 café e está feito aqui.

Vou continuar!

Estou animado agora. Gastei 45' neste PAC, mas para quem, alguns Kms atrás dera a prova como terminada, isso agora não tinha significado algum. Arranco com a calma de alguém que gradualmente ganhou alguma confiança e que sabe que a coisa vai demorar e que só se fará se for encarada com calma!

A meio do percurso para o PAC 7 acompanho o Carlos Fonseca durante uns Kms. Torna tudo muito mais fácil ter ali alguém ao nosso lado, mesmo que pouco se consiga falar. Chegamos a Castelo de Vide e nem sequer paro no PAC, dirijo-me directamente ao café ao fundo da praça, já meu conhecido e peço a 1ª cerveja do dia, mais outra para o Carlos. Peço também 2 garrafas de água bem frescas.

Em 2014 um dos problemas que enfrentei a partir deste PAC foi o da água, que não consegui manter fresca.

Em 2014 começou também aqui, aos 70 Kms o fraquejar do estômago. Desta vez também não como nada aqui. Mais à frente uns Kms irei comer uma dose de amendoins com mel e pinhões. Será a única coisa que como nos 10 Kms seguintes, até ao PAC 8. A água desta vez conserva-se fresca quase todo o trajecto até ao PAC. Grande parte do percurso é já feito em marcha forçada e o corpo começa agora a sentir falta de combustível.

As subidas de Castelo de Vide são muito complicadas. É o calor que começa agora a ser mais forte, é a sopa no estômago, é a roupa seca e são já mais de 60 Kms e uma directa para trás. Chego finalmente ao PAC 8 e constato com prazer que finalmente desistiram da brincadeira com a corda ou espécie de rappel. Nunca achei graça nenhuma aquilo, porque nunca encontrei qualquer interesse naquela actividade.

Neste PAC comi 2 laranjas, que fiz questão de descascar eu, mais uns quantos gomos de tomate com umas pedras de sal. Foi pouco mas foi alguma coisa e não me soube mal.

Falta nestes 2 PAC algo de diferente, algo de mais substancial para comer. Estar a fornecer a quem já fez 70 ou 80 Kms batatas fritas, tostas, marmelada e outros aperitivos, é pouco demais.

Tenho 80 Kms e quase já não consigo correr. Agora desistir não faz parte dos meus planos. Agora é aguentar. Faço contas e por alto levarei mais 4 horas para fazer os últimos 20 Kms, isto se não houver alguma novidade.

A meio do percurso para o PAC 9 há um abastecimento só de líquidos, mas estou focado no pequeno café, 100 metros abaixo e é para lá que me dirijo e sirvo-me dele para arranjar estímulo para avançar. Ando a 11'/Km e a evolução é lenta. À volta só se distingue pessoal que passa pelo mesmo que eu. Os níveis estão mais que definidos agora e a competição é mais connosco e menos com os outros. Lutamos contra nós próprios, conta a vontade enorme que dá, sentar-mo-nos a uma sombra e adormecermos por instantes. É a capacidade de sofrimento que cada um angaria lá no fundo que nos faz colocar um pé adiante do outro.

Chego finalmente ao abastecimento e sigo directamente para o café. Peço 1 cerveja preta, 2 garrafas de água e 1 copo com 2 pedras de gelo. Bebo a cerveja, despejo uma das águas no bidon e enfio lá as pedras de gelo. A outra garrafa vai comigo. A água irá manter-se fresca até ao Convento, apesar do calor que se sente agora bem forte a meio da tarde. Este trajecto até ao PAC 9 parece sempre longo, apesar de rondar apenas os 5 kms. A 1Km do PAC passo por um tanque de rega e não resisto, enfio as pernas lá dentro e sento-me por uns minutos na borda, a saborear aqueles instantes. Pequenos grandes bálsamos que nos ajudam a avançar.



Chego ao PAC 9 finalmente. PAC de boa memória pois em 2013 elegi-o como o melhor da edição 2 do UTSM, tal me soube na altura a pizza acompanhada pela cola. Nunca mais me soube tão bem uma pizza como naquela edição, escondido debaixo duma saliência na parede, encostado à mesa para escapar à chuva e a devorar positivamente e uma após a outra, fatias de pizza. Valeu na altura o António Almeida para me arrastar dali para fora. Desta vez está muito calor, há um ambiente de esplanada que tem alguns zombies prostrados à espera, vá-se lá saber do quê. Lá ao fundo há pessoal de fato de banho a saltar para a água duma piscina e eu odeio-os a todos. Sento-me e consigo enfiar 2 porções de pizza. Apesar de tudo não é mau.

Dizem que já SÓ faltam 11 Kms. Faço contas e serão perto de 2 horas para percorrer o resto. Questiono-me o que me leva a fazer mais de 250 Kms, para depois passar um dia nisto. Até ao final não haverá mais cafés de beira de estrada e neste troço até à Ermida não terei acesso a água fresca. Sigo viagem.

Aguento mais 1 hora e estou finalmente no PAC 10. Desta vez e apesar do 'choro' não há mesmo minis, mas a água que me dão para beber é curiosamente a mais fresca de todo o percurso. Mais um factor diferenciador quanto ao pessoal dos PAC e quanto à entrega desta malta aos participantes, sob condições bem difíceis.

Estou esgotado mas ainda consigo descer aquela longa escadaria em passo de corrida, tal como em 2014. Ao fundo encontro um café e vai mais uma mini para ajudar aos últimos 5 Kms.

No ano passado, chegado a este final, ainda arranjei forças para fazer os 5/6 Kms finais praticamente sempre em passo de corrida. Este ano já não consegui e o trajecto até ao estádio foi praticamente feito em marcha, intervalado aqui e ali com pequenos trechos a correr.

Quando cheguei à placa do último Km recomecei a correr, para conseguir pelo menos entrar no estádio a correr e estava feita a minha 3ª edição do UTSM, muito provavelmente a mais esforçada, por ser também a última.

Tal como sonhara uma horas antes com o momento, assim que cortei a meta e já com a medalha de cortiça ao pescoço, a 1ª coisa que fiz foi deitar-me, no relvado, apenas por uns instantes, à sombra e a saborear finalmente o momento. Seguir-se-ia o banho e mais 30' deitado, a passar pelas brasas apenas, porque uns espanhóis ao meu lado não me deixaram dormir mais.

Os últimos 100mts


Foto do Orlando Duarte



quinta-feira, 18 de junho de 2015

Família contra a violência - Caminhada

A GNR de Mafra organizou uma série de actividades, com carácter familiar e solidário. Do evento fazia parte um trail, uma caminhada e diversas actividades para a Família.

Informei-me dos pormenores, local, traçado, altimetria, distância, etc e acabei por eleger a ocasião como a estreia absoluta do meu Alex Jr. nos trilhos.




E assim, no domingo 10 de Maio, lá rumámos acompanhados pela Joana em direcção a Mafra.

Esta malta não partilha do meu nervosismo em dias de evento e por isso brindei-os com o meu mau feitio perante a dificuldade em arrancá-los da cama. Por isso tudo chegámos tarde a Mafra e fomos premiados com uma loooonnnga fila para chegar ao secretariado, onde recebíamos uma pulseira e uma t-shirt e deixávamos em troca alguns bens com a esperança de serem úteis a alguém.

Seguiu-se uma viagem de 20' até ao Codeçal - Tapada, onde era a zona da partida. Apercebi-me aqui a imensa adesão que o evento teve. Estariam ali para cima de 1000 pessoas, a aguardar o início. O sol começava a aquecer e já sabia bem esperar à sombra.

Por volta das 10:00 hrs deu-se a partida e 15' (!!!) depois lá começámos nós a caminhar. Ficar para trás foi a única táctica que poderíamos escolher face à concentração de pessoal que tornaria impossível passear, quanto mais caminhar!


Antes do 1º Km já o Alex Jr. perguntava por comida!!

Pouco depois e entretido com um biscoito ganho por mim na véspera em São João das Lampas, já perguntava quando chegávamos ao abastecimento!!

O calor aumentava e o rapaz tardava em ganhar ritmo.

Os 1ºs Kms foram sempre praticamente a subir e em determinada altura suspeitei que teria de adoptar uma táctica de reboque ou mesmo de transporte elevado.

Nunca tinha ido à Tapada de Mafra e ali apercebi-me da beleza do local e que será muito interessante poder explorá-la noutras circunstâncias.




Chegámos ao abastecimento, por volta dos 3 Kms, onde a concentração era enorme e onde era distribuída água e (boa) fruta.

Tudo impecável embora o rapaz perguntasse, desiludido, se não havia pastilhas!!

Arrancámos para a 2ª parte. Inevitavelmente avançávamos agora metidos no pelotão. Os caminhos ficavam mais estreitos e o pessoal do trail começava agora a passar por nós, pelo que restava para os caminhantes meio trilho, o que nalguns troços era pouco demais para tanta gente.

O rapaz estava agora com mais ritmo após a pausa e prometi-lhe que iríamos finalmente correr quando chegássemos ao Km 5!!

O calor era já muito e evoluíamos a cerca de 20' / Km. Não era possível caminhar e aquilo assemelhava-se cada vez mais a um tranquilo passeio pela tapada de Mafra..

Mais uma pequena torneira cerca dos 5 kms e mais um fila para conseguir um copo.

Mais meia-hora e chegámos aos jardins do Palácio, onde se realizavam as actividades. Claro que o rapaz não falou mais em correr e arranjou ali logo energia extra para ir ao insuflável.



 Ficámos por ali à sombra até que o rapaz se fartou e lá rumámos para a meta, passando pelos claustros do quartel e finalmente chegando ao palácio.



Foi uma boa estreia, num local muito bom. O único ponto menos positivo, obviamente do ponto de vista do participante, foi o excesso de gente, que sendo bom para o evento, criou algum nervosismo nas circunstâncias.

Estávamos todos satisfeitos pelo lado positivo da actividade, que resultou numa manhã bem passada e na estreia do meu rapaz nestas actividades.

Até uma próxima oportunidade.




quarta-feira, 20 de maio de 2015

III Trilhos das Lampas

'Nasceu' há três anos, com pézinhos de lã, mas bastou o empenho duma grande equipa para fazer dos Trilhos das Lampas, ao fim de apenas 3 edições, uma referência.

Desde que se entra naquela Vila que nos saltam aos olhos os por(maiores). A sinaléctica a orientar quem chega, o sabonete numas IS públicas (coreto) e este ano o irrepreensível secretariado, que receptivo a alguns alertas de 2014 corrigiu algum desacerto que no ano passado causou algumas filas. São coisas que reparamos. Que reparo e pelo que conheço que se faz por aí, considero dever ser sublinhado.

Mesmo tendo chegado tarde a São João das Lampas, cerca das 18:30, demorei menos de 1 minuto a obter o dorsal.

Depois vem a prova e as características duma região predisposta para ser percorrida, explorada e apreciada. Há de tudo nestes trilhos. Corre-se, sobe-se e desce-se, desde que haja pernas. Há alcatrão, estradão, trilho, pedra, areia, lage e água doce e salgada.

É do ponto de vista físico uma prova perfeita para se fazer uma estreia no trail. Há um equilíbrio entre dureza e beleza, numa distância que não sendo longa, também não é curta. E está nos arredores de Lisboa!

Tudo isto somado e está explicado o sucesso e a adesão que esta prova merece.

No capítulo da prova apenas um mas, para o facto da Organização dar vantagem na partida aos associados na ATRP. Não percebo (*) quais as razões e em princípio não concordo que haja qualquer tipo de vantagem entre participantes à partida. Se não concordo nas provas de estrada, muito menos concordo com as provas de trail, onde há um espírito saudavelmente diferente, por enquanto pelo menos.

Desta vez e a 1 semana de Portalegre e do meu 3º UTSM, adoptei a táctica de correr da frente para trás. Lembrava-me das longas filas formadas o ano passado e quis este ano fazer a prova toda com a hipótese de a fazer em corrida, embora tenham havido partes em que por limitações físicas não o fiz.

Ciente do risco que corria querendo ir mais rápido ao início, mas mesmo assim arranquei com um ritmo de 5'/Km.

Quando cheguei aos 8 Kms, levava 44' e nada de filas. Comecei aí a controlar o passo. Não abusei nas partes mais técnicas e baixei o ritmo.

Passei na Samarra ainda com sol, o que não aconteceu nas edições anteriores. Dali para a frente foi sempre a controlar, de modo a terminar confortável.

Não pude ficar a gozar a sopa e o momento. Ficará para a 4ª edição espero eu.





(*) Publico hoje este texto, que no entanto foi escrito logo a seguir ao 9 de Maio. Entretanto já troquei algumas mensagens no FB com o Fernando e o assunto das partidas foi por ele esclarecido e está encerrado para mim.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Trail Run Longo das Linhas de Torres

Torres Vedras surgiu no meu calendário:
  • por ser uma 1ª edição,
  • por envolver uma vertente histórica importante, a lembrar que nós Portugueses já fomos um Povo com 'pêlo na venta' e não uma cambada de carneiros que se baixam, num servilismo vergonhoso, nos corredores do parlamento europeu,
  • por ser perto de casa,
  • por se realizar numa zona que muito aprecio e
  • por ter a distância ideal a cerca de 1 mês de distância de Portalegre.
1º ficou-me na retina, mas logo depois, num rasgo de originalidade, a organização decide que a prova da Ultra, com 75Kms, seria efectuada estritamente através de coordenadas GPS, a partir dos 40Kms (!!!).

E assim, ficou logo ali colocada de lado a hipótese de alinhar na distância maior. Por falta de empenho ainda não investi tempo suficiente para conseguir navegar através de ficheiros de coordenadas no meu Silver e entendi que não seria de modo imposto que o faria em 18 de Abril.

Fiz assim a 'agulha' para o chamado "Trail Run Longo", com cerca de 40 Kms, que não tendo sido a 1ª escolha não deixava de ser uma distância jeitosa e representar uma hipótese de fazer um "longão" com alguma altimetria.


Lá fui então para a terra do Joaquim Agostinho, lá dei com a coisa, entenda-se o local de ajuntamento, lá dei com o José Magro, companheiro que igualmente iria fazer o Trail Longo e tudo calmo. Cheguei ao secretariado pouco antes da partida da versão ultra da prova, estavam na zona da partida talvez 25 participantes (!!!). A adesão a esta prova foi muito fraca. Terá sido pelas mesmas razões que as minhas? Não acredito (adivinhe-se aqui o tom irónico desta última parte).

De qualquer modo, passados cerca de 60' a zona já estava mais composta, se bem que já incluísse o grupo do Trail Longo, Trail Curto e Caminhada. Pensando bem ..."... mais composto ...". Bem...


A prova fez-se em bom ritmo, sempre com contensão e encarando-a sob o ponto de vista dum treino, pois de facto tratava-se dum meio e não do fim nos meus objectivos.

Percorre-se a chamada Zona Saloia de Lisboa e é local de paisagem protegida. As elevações que sobressaem são os complexos montanhosos de Nossa Senhora do Socorro e da Archeira.







Perdi-me duas vezes, uma das quais devido a haver marcações de vários tipos, não vi a fita mas uma seta pintada no chão induziu-me em erro. De qualquer modo avancei cerca de 500mts e quando continuei sem ver fitas voltei para trás e retomei o caminho correcto.

Não me perco com facilidade e que me lembre esta foi a 1ª vez que tal aconteceu, sem que eu assuma as culpas.

Os abastecimentos não deslumbraram, mas foram suficientes, para 40 Kms pelo menos.

Faltou animação ao longo do percurso. Se não foi animação foi qualquer coisa. Talvez mais gente. Talvez ajude a ilustrar este sentimento que experimentei ao longo da prova de um certo isolamento se adiantar desde já que participaram nesta versão dos 40 Kms o bonito número de 44 participantes ...

Ou seja, após a separação dos grupos do Trail Curto e da Caminhada, andei praticamente sempre isolado.

Quando a 3 ou 4 Kms do final finalmente passei numa das linhas de Torres, senti falta duma legenda, dum painel qualquer a identificar aquilo, ou de alguém a fingir-se soldado, ou qualquer outra coisa que desse algum realce ao que os participantes estavam a ver naquela zona. Ou será que estou a pensar mal?





No final, a chegada não coincidiu com a partida, porque nos fizeram subir ao Castelo, para encararmos este cenário,


Imaginem-me de costas para a porta do castelo, à minha frente estão estas duas tendas, à esquerda uma mesa com abastecimento e 3 membros da organização e à direita uma outra tenda, com  1 massagista.

Depois ainda tivemos que descer as ruas junto do castelo e percorrer um par de kms até estar de volta ao local da partida e ao carro!


Fraquito este Trail. Tem condições para se fazer bem melhor, mas não foi desta vez!

Falta apenas dizer que fiquei em 1º lugar!

Sim leram bem, em 1º lugar, do meu escalão claro!!

Participámos 8 no meu escalão (...) e eu obtive o 1º pódio na minha vida, embora nem houvesse sequer classificação para veteranos, mas isso é o menos!!

Lista de classificação final do TRL das Linhas de Torres.

Até a uma próxima oportunidade despeço-me com amizade!






quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Mais uma viagem a Runa

Sendo uma jornada de cariz essencialmente particular, nunca a divulguei para além deste Blog, precisamente porque aqui só vêm Amigos, os d'Alex.

O FB tem gente a mais e privacidade a menos...

Ontem tive a sorte de ser acompanhado por vários Amigos, que quiseram associar-se a mim e à Família num dia que é especial.

É um dia que dedico a alguém que me dedicou anos a fio e por isso não se trata de nada especial que eu faça, nem nada que tenha qualquer motivo para destaque.

Mas é um dia meu, só meu.

É um dia em que eu pretendo espiar alguns dos muitos remorsos que tenho e irei ter enquanto for vivo.

É um dos muitos que eu deveria ter-lhe dedicado enquanto tive essa oportunidade e não fiz, pelos mais diversos motivos, que não vêm agora ao caso.

É um dia em que pretendo estar mais perto.

É o dia e a forma que escolhi há 4 anos para de alguma forma poder estar algumas horas mais perto e recordar o passado ainda recente.

Sendo um dia passado a correr e a andar dificilmente me poderia abstrair da componente física, aqui fica o registo dos números:

4 ª Viagem

Mas o aspecto físico não pode ser mais importante que o resto e tenho absoluta necessidade de me conseguir alhear de tudo o que são médias e tempos parciais e totais e tenho de me dedicar ao dia, porque quando acaba, já à noite, só acontecerá novamente para o próximo ano e isso é muito tempo.

O aspecto físico é apenas aquilo que me leva lá e me traz de volta a casa e não pode nem deve ser muito mais para além disso.

Ontem tive mais uma vez a sorte de poder contar com os Filhos, a Família e alguns Amigos, aqueles que são mais especiais.

O meu Guilherme levou-me o saco com comida para o almoço, para o regresso e ainda roupa seca, para mudar a meio.

A minha Joana acompanhou-me nos últimos Kms da ida e nos primeiros da vinda. Foi uma forma especial e mais animada de acabar e reiniciar a viagem.

Desta vez a Joana fez de fotógrafa e com resultados excelentes ...


O meu Irmão esteve mais uma vez presente.

A Dora esteve na rectaguarda mas não menos envolvida e claro o meu pequeno Alex no incentivo ao esforço para o regresso.

Depois tive os Amigos. Especial destaque para o Jorge, sempre disponível na força incrível dos SMS, na sua presença do outro lado, na "toca da Raposa" como lhe chama, companheiro que me acompanha permanentemente neste dia, desde a 1ª viagem, em 2012.

Depois os outros Amigos, os que quiseram aderir à minha jornada. O Egas, o João, o Fernando, o A. Belo (que nem conheço) e outros que me enviaram SMS e que nem sei quem são porque não assinaram a mensagem. Pouco importa o nome, importa que o sinal de SMS a entrar no telemóvel, mesmo sem a ler, era uma dose de energia que era carregada nas minhas pernas e uma ajuda enorme que recebi desde o início até ao final.

Obrigado a todos vocês!

A chuva este ano esteve presente em força. Na 1ª parte em pequenos 'chuveiros' contei cerca de 7 e no regresso mais fortes, talvez meia dúzia, sempre batidas a vento que se sentiu principalmente na ida, com bastante intensidade. Andei quase sempre molhado e por isso o estado algo debilitado com que cheguei a casa, já passava das 21hrs.

Para além deste factor, juntou-se-lhe desta vez um incompreensível atrito no calcanhar esquerdo, nuns sapatos à partida insuspeitos (ASICS Nimbus), mas que a partir de sensívelmente os 25Kms começaram a fazer estragos. Possivelmente a palmilha desvisada uns milímetros foi o suficiente para fazer estragos. Troquei de sapatos para o regresso, que não estragaram mais, mas os Kms fizeram o resto, de modo que ganhei uma bolha no local.

O estômago também claudicou, por volta dos 70 Kms e nem água me apetecia beber. Soube-me bem uma mini que bebi já em Queluz, aos 98Kms, fora isso e nos últimos 30/40 Kms tudo o que consumi foi mesmo por obrigação.

Mas apesar de tudo isto e que provocou claro desgaste, a viagem fez-se.

Não é suposto ser uma jornada fácil e o desafio está precisamente em fazê-la contra tudo e contra todos enquanto eu entender que tem significado.

Se algum ano eu considerar que vou apenas pela corrida, então deixará de fazer sentido fazê-la.

Espero que não, porque até hoje as 4 viagens que fiz representaram muito para mim.

Hoje sinto um enorme bem estar.

Estou completamente derreado, mas sinto-me nas nuvens e muito por causa dos meus Amigos que me acompanharam.

Obrigado a todos e até para o próximo Ano.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Novamente a caminho de Runa

A dormir e acordado a cabeça vê e revê todos os pormenores.

A data há muito que não me sai da cabeça.

Ontem fui para a N250, no triângulo entre Queluz - Carenque - Casal de Cambra - Queluz, estudar aquele que será, pelo 2º ano consecutivo, a alternativa para fugir ao bocado junto ao Aqueduto.

O ano passado não correu muito bem e à procura do caminho dei comigo na CREL, onde andei por uma meia dúzia de Kms.

Este ano quero levar a lição mais bem estudada.

Aqui está o TPC (Trabalho para casa) que fiz ontem.

O saco para o retorno está fechado.

A bateria dos equipamentos está a 100%.

Logo irei fechar o saco dos abastecimentos.

Depois estará (espero ...) tudo pronto para uma jornada onde quero pensar menos no equipamento e mais na razão que me leva para aquelas estradas.

Depois só faltará mesmo, marcar o despertador para dia 3/Fev, às 05:00 hrs e desfrutar depois, ao máximo, todos os momentos com Ela!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Ericeira Ultra Trail 60+

Nota Introdutória

Em vésperas de + 1 evento de 'A Viagem' Runa, sou mesmo 'obrigado' a deixar aqui as notas que escrevi mas não acabei da minha participação no Ultra Trail da Ericeira, prova em que participei já lá vai mais de 1 mês, em 20 de Dezembro. Senão, ainda corria o risco de pensarem que isto tivesse virado bagunça mesmo!!


Confesso que encarei este Trail com algum cepticismo.
O briefing não ajudou, principalmente quando o speaker avisou que não pagava a multa a quem tivesse o carro mal estacionado (...), mas depois, no terreno e onde realmente as coisas valem, confesso que até gostei e o resultado foi bem positivo.

Talvez preferisse um pouco mais de 'trail', ou falando em Português, um pouco mais de terra e um pouco menos de alcatrão, mas isso não diminui a boa impressão com que fiquei.

Boa e curta viagem, excelente secretariado, bom estacionamento, tudo calmo!

Com o nascer do dia boas vistas e bela praia Ribeira d'Ilhas, "Reserva Mundial de Surf", seja lá isso o que for mas que a praia é jeitosa isso é!

Não estava muita gente à partida da maior distância, os tais 60+. Havia alguma calma e as coisas foram feitas sem precipitações. O controle sem novidade e estava pronto para mais uma viagem.

Boas marcações e abastecimentos ao nível do melhor que até hoje me foi disponibilizado em eventos em que participei. Uma canja de galinha no 1º abastecimento e sopa de legumes no 2º, é apenas uma amostra da qualidade dos abastecimentos.

Foram só 3 abastecimentos, o que em 66 Kms não é muito, para mais quando os abastecimentos líquidos se resumiram a água, mas foram uns excelentes abastecimentos.

 


Do ponto de vista físico senti-me sempre bem e dei por bem empregues todos os longos, todos os solitários, todas as noitadas que fiz no Jamor, em Belém ou em Monsanto.

Do ponto de vista do traçado, andámos mais por dentro do que pela costa. As vistas são agradáveis e aqui e ali registei algumas imagens de que gostei e partilho convosco. Mas não me importava nada, antes pelo contrário, de ter andado mais junto à costa, mas pronto, isto também é o meu mau feitio.

Uma experiência que se saldou com um saldo bem positivo e com hipótese de vir a ser repetida no futuro.





Com alguma pena minha o céu cobriu-se de nuvens no último terço da prova, o que arrefeceu um pouco o ânimo quando mais ele era preciso.


Já perto do final, com 8 hrs de viagem e a cerca de 2 Kms da meta. No final finalmente descobri que o 60+ afinal significava que seriam 65,75 Kms!


Aqui fica o registo feito pelo 'Silver' da minha jornada na Ericeira.

Venha a próxima!