Desta vez deixei aos meus Filhos um 'PUP'!
E o que é um 'PUP' questionam vocês.
Pois um 'PUP', como está fácil de ver, mais não é que um Pick Up Point, em Português, um local de extracção (!!) ou seja, são as coordenadas GPS de um local, a meio do caminho para casa (cerca de 70Kms), onde alguém me apanhará (ou apanharia) caso eu veja (ou visse) as coisas mal paradas ...
Pois um 'PUP', como está fácil de ver, mais não é que um Pick Up Point, em Português, um local de extracção (!!) ou seja, são as coordenadas GPS de um local, a meio do caminho para casa (cerca de 70Kms), onde alguém me apanhará (ou apanharia) caso eu veja (ou visse) as coisas mal paradas ...
Feita
a trouxa para a viagem, despeço-me e reinicio a viagem. Nem 5' tinham
passado e cruzo-me com o meu Irmão, que está a chegar. Seguem-se mais
15' de conversa e depois sim, estou de regresso!
Desta
vez custou-me menos o arranque que nos anos anteriores. Como não há
calor, custa-me menos o recomeço depois da paragem e do almoço.
Recordo
aqui os 100Kms de Portalegre e o PAC6 no Marvão. Depois de 2 tigelas de
sopa acompanhadas com pão caseiro e já com roupa seca no corpo e com o sol a brilhar, o que
me custou arrancar depois desta paragem ... Se não fosse o António Almeida a puxar por mim, tinha ficado cá em baixo no jardim, a fazer uma sesta à sombra de uma árvore ...
Às 13:29 o raposão Jorge envia mais um sms com um incentivo da sua parte, da Augusta e até do João Lima,
companheiro de corridas, de barreiras, de sonhos, de objectivos, mas
com quem curiosamente nunca falei. É espantosa a força que a corrida
tem, a suscitar tal manifestação de companheirismo.
Logo a seguir a este sms do Jorge, entra outro, agora do Egas, também ele novamente no apoio, tal como já sucedera nas 2 edições anteriores.
A
sensação de peso e falta de resistência acompanham-me, mas o ritmo
calmo e descontraído ajudam de algum modo a minimizar os efeitos.
Passados
alguns minutos lembro-me do MP3 e que seria excelente colocar um
pouco de música para o início do regresso. Mas definitivamente este
capítulo da viagem estava 'minado' e também o MP3 se recusou a funcionar.
Estou definitivamente entregue a mim mesmo, sem telemóvel, sem sms e agora sem
música ambiente!
Para
baixo trago mais água, mas mesmo assim ainda irei comprar mais 0,5lts
em Lousa. Com cerca de 60Kms marcham as clementinas e as chipmix. Aos
70Kms compro 1 coca-cola e 1 banana. A 1ª marcha logo um pouco à frente,
a acompanhar a sandes de presunto, numa esplanada que encontrei.
Passado 1 par de Kms, segue-se-lhe a banana antes que fique amassada!
Por volta das 18hrs o Guilherme pergunta:
"Aguentas? Não vais precisar do PUP?"
Por falta de carga no telemóvel opto por não responder, mas penso cá para mim: "não, ainda não é desta que irei precisar do PUP!!"
O
dia começa a arrefecer. Sinto-me bem nas partes em que corro e
gradualmente descontraio. À medida que os Kms passam, gradualmente ganho
confiança sobre as hipóteses de concluir a jornada.
De
vez em quando ligo o telemóvel, apenas para apressadamente dar notícias ao
meu apoio, avisando do meu progresso e desligo de imediato.
Tenho que lhe poupar a bateria, caso venha a precisar dele!
Agora também a Joana dá uma forcinha:
"Bora lá Papi! Já não falta tudo!!"
Como a amplitude térmica do dia foi mais baixa, sinto menos a transição para o final da tarde. Estou com curiosidade em ver como vai correr o desvio que desta vez planeei para fugir da zona de Caneças, Carenque e Queluz, que é muito complicada de passar, devido à falta de visibilidade em zona com muitas curvas.
A encosta de Vale Nogueira é agora a subir e bem a subir! É uma parte difícil, porque arrefeço e está já muito escuro. Para ajudar os cães que aqui e ali vão aparecendo no meu caminho e que complicam, apenas porque são chatos! Quando finalmente chego lá acima, estou à entrada de Caneças. Faço mais uma pausa, como qualquer coisa e bebo água. Dali até ao tal desvio ainda tenho uns 4/5 Kms para fazer, já em estrada sem bermas, sem iluminação e já com muito tráfego. As curvas esquerdas são um constante desafio de atenção e esquiva. Quando me vejo muito apertado lá tenho de saltar para a valeta de escoamento de águas. Respiro de alívio quando chego finalmente ao desvio, mas outra aventura está prestes a começar ...
Por volta das 19:30hrs, envio um sms à Dora a avisar que estarei a cerca de 1hora de casa. Em resposta, recebo:
"Boa! Aproveita a paz se chegares antes do pequeno furacão ..."
Mesmo sem MP3 andei sempre acompanhado, apesar da pouca interacção, dadas as limitações em termos de bateria no tlm. É uma componente muito importante esta do apoio dado pela Família e Amigos.
Dado o meu feitio reservado, nunca me juntei a qualquer grupo ou clube. Neste meu último recomeço, pós-meniscectomia, ainda fiz alguma tentativas com O Mundo da Corrida, mas a coisa não evoluiu. Fiz no fórum alguns convites para treinos no EN, mas nunca houve qualquer resposta. Daí nasceu a brincadeira do Grupo dos Não Alinhados ou dos Desalinhados, que é formado por uma série de membros com particularidades, sendo que ter 4 patas é apenas uma delas. Foi daí que nasceu a amizade especial com algum pessoal, com o qual tendo pouco contacto, tal facto não impede a que surjam atitudes espontâneas como estas que vos venho relatando. Estive até hoje talvez 6 vezes com o Jorge Branco. Corri com ele talvez duas delas. Na prova do Guincho, que ele divulga e na edição 'pirata' do Fim da Europa, acho que em 2012. Pouco conheço dele e o mesmo se passa em relação a mim, no entanto é menino para me enviar sms às 5horas da manhã e passar praticamente o resto do dia no apoio a esta minha viagem. Confesso que não me considero merecedor de tal tratamento e declaro-me em débito, com difíceis probabilidades de alguma vez conseguir saldar tal dívida.
Para ele em especial, mas extensível à Augusta, ao Egas e ao João, o meu obrigado!
Mal sabia eu no que me estava prestes a meter...
O plano que fiz para me desviar daquele bocado do meu percurso, foi apenas estudado nos mapas, seja Google Earth, seja Maps, seja do Garmin. Aquilo dá para se fazer uma ideia, mas este vosso companheiro não quis estar a perder tempo para explorar aquilo no terreno, nem que fosse de carro. Naaaa, este vosso amigo, estudou os mapas e fez uma cábula e pronto, foi só!! Mas o que é certo é que apenas acertei nos 1ºs 3 kms do esquema!!
Passei por baixo da CREL, por uma via que liga a Casal de Cambra, passados cerca de 300mts meti, como planeado, por um caminho em terra. Fiz o tal caminho aos tropeções, sem ver onde punha os pés. Está já muito escuro e o caminho está cheio de vegetação. Vou até ao final, ouço cães à minha esquerda (...) e quando chego ao final, há um outro caminho na perpendicular.
Naquela altura as m/opções eram:
Escalo a coisa, protegendo particularmente algumas partes (...) e lá consigo transpô-la! Sigo a tal estrada, na berma, na expectativa de me assegurar que estou no local correcto. Há uma curva larga e longa à esqª, finda a qual o que é que eu vejo?? Adivinham?? As portagens da CREL!! Naquele momento pareceu-me que a hipótese menos má seria avançar mesmo e ter esperança de encontrar uma saída qualquer, o mais depressa possível.
E lá vou eu, a correr pela CREL!!
Passo pela via verde, porque não tinha dinheiro trocado (...) e sigo pela berma. Acelero e faço slalom entre rails, valas de escoamento e outros objectos abandonados por ali. Vou com um olho no chão e o outro na berma, à procura duma escapatória. Não encontro nada onde as chances de não me aleijar compensem o risco, por isso vou avançando. Aguardo a qualquer altura uma patrulha da GNR que me dê uma boleia forçada dali para fora e começo a ver indicações de aproximação de túnel! Estou na CREL há cerca de 2kms, que me parecem já uma eternidade. Finalmente a cerca de 300mts do Túnel de Carenque, há um viaduto, com uma estrada por baixo e cujo acesso me parece possível. Para lá chegar 'só' tenho de passar novamente pela cerca em arame, com o tal farpado no topo e descer uma ladeira. Finalmente lá consigo chegar à estrada sem mais novidades e estou de novo na Estrada das Águas Livres e, apenas para que conste, evitei a parte do trajecto a que me propunha com o tal desvio, por isso e para os devidos efeitos, aparte um pormenor(zito), atingi o meu objectivo, mesmo que para tal tenha andado em plena CREL!
Esta parte serviu para animar a coisa q.b. e estou novamente em Queluz. Começa a chover, agora com mais intensidade, mas depois de cerca de 90Kms não é coisa com que me preocupe minimamente. Atravesso Queluz, em direcção ao Palácio, passo o viaduto sobre o IC19 e entro em Queluz de Baixo. Ligo o telemóvel e a Dora diz-me que está praticamente no mesmo local, visto que os nossos caminhos são a partir daquela zona coincidentes até Queijas. Chove agora com muita intensidade e não consigo recusar a boleia que ela me oferece quando passa por mim. Estou com pouco mais de 100Kms, faltam cerca de 4Kms para casa, mas o facto de os ter ali à mão, aliado ao facto de estar a chover muito , levam a optar por dar por concluída a minha viagem.
Acabou a minha viagem de 2014! (vejam aqui mais pormenores)
Como ponto mais alto, nomeio o facto de a mesma ter acontecido. O simples facto de a conseguir ter feito, com uma preparação muito deficiente, é sem dúvida o mais importante. E acaba igualmente por ser a falta de preparação o ponto menos positivo a nomear já, em jeito de balanço a quente. A falta de preparação retirou-me atenção para outros pensamentos, que não fossem em exclusivo estar sempre a pensar se iria ou não conseguir concluir mais uma viagem! Disponibilidade que viria à tarde, já por volta dos 70Kms, quando gradualmente comecei a sentir que conseguiria fazer todo o trajecto.
Até 2015!
Como a amplitude térmica do dia foi mais baixa, sinto menos a transição para o final da tarde. Estou com curiosidade em ver como vai correr o desvio que desta vez planeei para fugir da zona de Caneças, Carenque e Queluz, que é muito complicada de passar, devido à falta de visibilidade em zona com muitas curvas.
A encosta de Vale Nogueira é agora a subir e bem a subir! É uma parte difícil, porque arrefeço e está já muito escuro. Para ajudar os cães que aqui e ali vão aparecendo no meu caminho e que complicam, apenas porque são chatos! Quando finalmente chego lá acima, estou à entrada de Caneças. Faço mais uma pausa, como qualquer coisa e bebo água. Dali até ao tal desvio ainda tenho uns 4/5 Kms para fazer, já em estrada sem bermas, sem iluminação e já com muito tráfego. As curvas esquerdas são um constante desafio de atenção e esquiva. Quando me vejo muito apertado lá tenho de saltar para a valeta de escoamento de águas. Respiro de alívio quando chego finalmente ao desvio, mas outra aventura está prestes a começar ...
Por volta das 19:30hrs, envio um sms à Dora a avisar que estarei a cerca de 1hora de casa. Em resposta, recebo:
"Boa! Aproveita a paz se chegares antes do pequeno furacão ..."
Mesmo sem MP3 andei sempre acompanhado, apesar da pouca interacção, dadas as limitações em termos de bateria no tlm. É uma componente muito importante esta do apoio dado pela Família e Amigos.
Dado o meu feitio reservado, nunca me juntei a qualquer grupo ou clube. Neste meu último recomeço, pós-meniscectomia, ainda fiz alguma tentativas com O Mundo da Corrida, mas a coisa não evoluiu. Fiz no fórum alguns convites para treinos no EN, mas nunca houve qualquer resposta. Daí nasceu a brincadeira do Grupo dos Não Alinhados ou dos Desalinhados, que é formado por uma série de membros com particularidades, sendo que ter 4 patas é apenas uma delas. Foi daí que nasceu a amizade especial com algum pessoal, com o qual tendo pouco contacto, tal facto não impede a que surjam atitudes espontâneas como estas que vos venho relatando. Estive até hoje talvez 6 vezes com o Jorge Branco. Corri com ele talvez duas delas. Na prova do Guincho, que ele divulga e na edição 'pirata' do Fim da Europa, acho que em 2012. Pouco conheço dele e o mesmo se passa em relação a mim, no entanto é menino para me enviar sms às 5horas da manhã e passar praticamente o resto do dia no apoio a esta minha viagem. Confesso que não me considero merecedor de tal tratamento e declaro-me em débito, com difíceis probabilidades de alguma vez conseguir saldar tal dívida.
Para ele em especial, mas extensível à Augusta, ao Egas e ao João, o meu obrigado!
Mal sabia eu no que me estava prestes a meter...
O plano que fiz para me desviar daquele bocado do meu percurso, foi apenas estudado nos mapas, seja Google Earth, seja Maps, seja do Garmin. Aquilo dá para se fazer uma ideia, mas este vosso companheiro não quis estar a perder tempo para explorar aquilo no terreno, nem que fosse de carro. Naaaa, este vosso amigo, estudou os mapas e fez uma cábula e pronto, foi só!! Mas o que é certo é que apenas acertei nos 1ºs 3 kms do esquema!!
Passei por baixo da CREL, por uma via que liga a Casal de Cambra, passados cerca de 300mts meti, como planeado, por um caminho em terra. Fiz o tal caminho aos tropeções, sem ver onde punha os pés. Está já muito escuro e o caminho está cheio de vegetação. Vou até ao final, ouço cães à minha esquerda (...) e quando chego ao final, há um outro caminho na perpendicular.
Naquela altura as m/opções eram:
- Para a dtª: Não é opção, pois voltaria para trás!
- Para a esqª: Não quero. Não me agradou ouvir cães tão perto em zona que desconheço!
- Para trás: Idem, também não quero!
- Resta-me avançar!!
Escalo a coisa, protegendo particularmente algumas partes (...) e lá consigo transpô-la! Sigo a tal estrada, na berma, na expectativa de me assegurar que estou no local correcto. Há uma curva larga e longa à esqª, finda a qual o que é que eu vejo?? Adivinham?? As portagens da CREL!! Naquele momento pareceu-me que a hipótese menos má seria avançar mesmo e ter esperança de encontrar uma saída qualquer, o mais depressa possível.
E lá vou eu, a correr pela CREL!!
Passo pela via verde, porque não tinha dinheiro trocado (...) e sigo pela berma. Acelero e faço slalom entre rails, valas de escoamento e outros objectos abandonados por ali. Vou com um olho no chão e o outro na berma, à procura duma escapatória. Não encontro nada onde as chances de não me aleijar compensem o risco, por isso vou avançando. Aguardo a qualquer altura uma patrulha da GNR que me dê uma boleia forçada dali para fora e começo a ver indicações de aproximação de túnel! Estou na CREL há cerca de 2kms, que me parecem já uma eternidade. Finalmente a cerca de 300mts do Túnel de Carenque, há um viaduto, com uma estrada por baixo e cujo acesso me parece possível. Para lá chegar 'só' tenho de passar novamente pela cerca em arame, com o tal farpado no topo e descer uma ladeira. Finalmente lá consigo chegar à estrada sem mais novidades e estou de novo na Estrada das Águas Livres e, apenas para que conste, evitei a parte do trajecto a que me propunha com o tal desvio, por isso e para os devidos efeitos, aparte um pormenor(zito), atingi o meu objectivo, mesmo que para tal tenha andado em plena CREL!
Esta parte serviu para animar a coisa q.b. e estou novamente em Queluz. Começa a chover, agora com mais intensidade, mas depois de cerca de 90Kms não é coisa com que me preocupe minimamente. Atravesso Queluz, em direcção ao Palácio, passo o viaduto sobre o IC19 e entro em Queluz de Baixo. Ligo o telemóvel e a Dora diz-me que está praticamente no mesmo local, visto que os nossos caminhos são a partir daquela zona coincidentes até Queijas. Chove agora com muita intensidade e não consigo recusar a boleia que ela me oferece quando passa por mim. Estou com pouco mais de 100Kms, faltam cerca de 4Kms para casa, mas o facto de os ter ali à mão, aliado ao facto de estar a chover muito , levam a optar por dar por concluída a minha viagem.
Acabou a minha viagem de 2014! (vejam aqui mais pormenores)
Como ponto mais alto, nomeio o facto de a mesma ter acontecido. O simples facto de a conseguir ter feito, com uma preparação muito deficiente, é sem dúvida o mais importante. E acaba igualmente por ser a falta de preparação o ponto menos positivo a nomear já, em jeito de balanço a quente. A falta de preparação retirou-me atenção para outros pensamentos, que não fossem em exclusivo estar sempre a pensar se iria ou não conseguir concluir mais uma viagem! Disponibilidade que viria à tarde, já por volta dos 70Kms, quando gradualmente comecei a sentir que conseguiria fazer todo o trajecto.
Até 2015!
Bem quanto ao meu apoio as amizades não se explicam! Enquanto estiver vivo e a mexer estarei sempre no apoio!
ResponderEliminarAinda vai ter de pagar a multa por teres de passar na via verde sem identificador!
Mas essa de andares na CRIL e não vir a GNR deu-me mais força para um projecto secreto, e maluco, que tenho!
Forte abraço.