sexta-feira, 25 de julho de 2014

UTSM 2014 - De volta ao estádio

O ataque ao PAC7 é muito complicado. O ano passado com a sopa no estômago e o calor nas costas foi dos que mais me custou fazer. Este ano, apesar do calor tenho o café e a coisa até se faz. A calçada romana massacra os pés e o calor desgasta. Começa a importante gestão do esforço. Aproveito todos os cursos de água que encontro para meter os pés de molho. Pode ser asneira (ouvi dizer que coze a pele ...) mas aqueles breves instantes com os pés enfiados na água revitalizam.

Aproveito também para molhar o lenço e enfiá-lo encharcado de volta na cabeça. Durante alguns minutos fico com a cabeça mais fresca. Chego a Castelo de Vide.


O ano passado a alguns metros do PAC havia um ponto de distribuição de minis, mas este ano já não há mimos, por isso se quero mini tenho que a arranjar e é o que faço. Num dos extremos da praça há um café onde bebo uma geladinha. Neste PAC só meto líquidos, opção de que me irei arrepender mais tarde.

Arranco restabelecido e maravilhado com a geladinha em direcção ao PAC8. Está agora mais calor e a calçada romana ainda não acabou!!

É algures por aqui que enfrento a luz da reserva do 'combustível' a acender perigosamente, numa série de subidas, mais uma. Tinha passado dois pequenos grupos de participantes, quando aconteceu e sinto o combustível a faltar. Estou a cerca de 5 Kms do PAC e por isso tenho de me desenrascar já.

Escolho uma sombra, sento-me calmamente e recorro de imediato à minha reserva. 1 dúzia de tâmaras!

Calmamente, uma a uma, marcham. Depois de alguma água o 'depósito' está de novo atestado e posso seguir viagem. Tive sorte na escolha, porque aquelas pequenas resolveram a questão, ainda antes de assumir ser um problema.

Passado algum tempo chego ao PAC8. O susto serviu de exemplo e até ao final farei um esforço por meter sempre algo sólido nos abastecimentos, mesmo que tal começasse nessa altura a fazer-se com resistência, uma vez que o estômago estava cada vez mais queixoso.

À saída deste PAC cruzo-me de novo com a Célia e será aqui a última vez que nos cruzamos. A próxima será na meta, já depois do banho e quando estiver já em descanso.

Entre o PAC8 e o PAC9 houve alterações ao percurso em relação a 2013. Ficou mais técnico e por isso mais lento. O incentivo aumenta com a memória das Pizzas no PAC9.

O estômago continua a queixar-se. Por esta altura começa a ser complicado ter água sem ser quente. Passado pouco tempo dos abastecimentos aquece e já não sabe bem. Felizmente a organização coloca uma distribuição suplementar entre PAC. Suspeito que é água não tratada, mas não tenho alternativa e bebo o que consigo. Passo por outro café e claro, mais uma mini gelada!

Por esta altura começo a sentir o calcanhar direito. Vem desde há alguns Kms em cima duma pequena pedra. Era tão pequena a pedra, que andei tempo demais à espera que com o movimento do pé se deslocasse dentro do sapato, para local onde não incomodasse. Mas não, a pedra não se mexeu e eu andei tempo demais com a pedra no sapato e quando finalmente me dispus a tratar do assunto, já tinha sido escalado para a categoria de problema e depois de parar, durante 1 mísero minuto e retirar aquela pedra tão pequenina do sapato, o mal estava feito e o calcanhar saíra debilitado de tanto pisar a pequena pedra e agora custava-me pousar o pé correctamente.

De resto a pizza soube-me muito melhor em 2013!!

Quando chego ao PAC, recordo 2013 em que, debaixo duma chuvinha certinha, nos enfiámos, eu e o António debaixo da ombreira da porta, onde estavam as mesas com as deliciosas fatias de pizza e foi um fartote de comer acompanhadas pela batata frita e a coca-cola!!

Este ano a esplanada estava até com muito bom aspecto. Cadeiras, mesas e até uns chapéus de sol. Lá à frente as fatias apetitosas aguardavam. Só que o apetite ...

Alguns metros atrás deste PAC, um companheiro vomitara um pouco á minha frente. Apercebo-me que há pessoal com problemas gástricos. Recordo as placas "Água não tratada" nos vários pontos de água por onde passáramos.

Faço um esforço por comer duas fatias, acompanhadas pela incontornável coca-cola. Acho que a coca-cola é a única coisa que meto no estômago e que me sabe bem.

Sigo viagem.

Vou em direcção ao PAC10 e agora pouca coisa me fará desviar de tal objectivo.


São poucos os Kms entre o PAC9 e o 10. Tempo de poupar alguma energia. Colocados para 2º ou 3º plano estão já quaisquer questões relacionadas com tempos finais, ou sequer ideias de tentar igualar ou mesmo superar as 18 horas de 2013. O único objectivo é chegar!

Faço a maioria deste percurso em marcha. Os trajectos a correr são muito poucos. O pé dói e o estômago está pior. Não vejo ninguém a correr e os (poucos) que passo vão ainda em pior estado que eu.

Depois duma grande descida chego ao PAC10 e peço de imediato uma mini. Em 2013 assim que chegámos aqui, fomos brindados cada um com a sua mini, mas este ano ...


" ... já não há amigo !!..." Oh que decepção!! Mas choro e diz-se que quem não chora não mama. Digo que o ano passado e tal ... Um dos membros do PAC, por sinal um participante da Ultra que desistira nessa madrugada, apiedou-se de mim e lá foi algures, buscar-me uma preciosa! Fiquei-lhe eternamente grato e deixei logo ali, reserva feita para 2015.

Estou agora motivado para a última parte. São cerca de 6 Kms, que vão parecer muitos mais. Desço a longa escadaria a alta velocidade e vou a correr praticamente todo o percurso até ao estádio e à meta. A proximidade do final e os cerca de 5 Kms anteriores feitos a passo restabeleceram algumas forças e estou de novo a correr procurando esquecer as dores no calcanhar. Neste trajecto até ao estádio irei passar muita gente, no mínimo terão sido 20, todos eles a passo. Eu consigo andar mesmo só nas subidas e o estádio nunca mais chega. Finalmente a marca dos últimos 200 metros e entro no estádio. Faço a meia pista a correr e corto a meta. Está feito!

A última barreira.

Ainda se vê a poeira levantada pela velocidade de passagem!!

Recebo a tão desejada medalha de cortiça, que premeia os "finishers" e descanso por ali uns minutos.


Um rápido check up assinala como ponto mais negativo o calcanhar. De resto sinto-me obviamente cansado mas muito bem. Vou para o banho.

Depois do banho retemperador, regresso à pista, onde encontro uma cadeira na qual me sento. Estamos todos com um novo andar, com aquele andar!!

Um a um mais participantes vão entrando no estádio. Passados alguns minutos a sempre sorridente Célia, escoltada por um grupo de 4 elementos. Fico ali uns minutos e depois chego-me a umas mesas com comida, para ver se consigo comer qualquer coisa. Bebo coca-cola e como 2 ou 3 batatas fritas. É a única coisa que consigo meter no estômago.

Encontro o José Magro, também ele desistente no Marvão por causa do estômago. À saída passo pelo restaurante e não resisto a + 1 imperial, para o caminho.

São 20 horas e vou arrancar. Tenho ainda o caminho para casa para fazer, mas por aqui, em Portalegre, já fiz o que tinha a fazer.

Tempo: 18:31:59
Classificação: 221º

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